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As comédias sobre fundamentalistas islâmicos contam-se pelos dedos de uma mão. Tínhamos Quatro Leões, do inglês Chris Morris, e agora chega Há Quem as Prefira de Véu, rodada em França pela estreante iraniana Sou Abadi.
A fita recorre a uma situação clássica do género – a troca de identidade sexual – para pôr a ridículo o fanatismo religioso. Estudante universitário e filho de um casal iraniano exilado em Paris, Armand vê-se impedido de ver a sua colega e namorada, Leila, fechada em casa pelo irmão mais velho, Mahmoud, que se radicalizou no Iémen e voltou a Paris com o discurso e os tiques dos jihadistas. Armand vai então vestir uma burca e fingir que é Xerazade, uma devota rapariga muçulmana, para conseguir ver Leila e libertá-la. Problema: Mahmoud fica perdidinho de amores por Xerazade, vendo-a como uma dádiva de Maomé. Há Quem as Prefira de Véu é um Victor/Victoria em versão antifundamentalista, que valeu à realizadora e aos actores uma chuva de insultos e ameaças de agressão e de morte na Internet. Islão e humor ainda estão muito, muito longe de coexistir pacificamente.
Por Eurico de Barros