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O Amigo Gigante

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The BFG
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A Time Out diz

5/5 estrelas

Steven Spielberg junta-se outra vez com Mark Rylance para uma adaptação mágica do famoso conto infantil de Roald Dahl

Lá dizia o Amigo Banana que tudo é relativo. Bem, nem tudo, embora o Amigo Banana tenha razão se tivermos em consideração o gigante de O Amigo Gigante, de Steven Spielberg, baseado no livro de Roald Dahl (The BFG, no original inglês), cujo argumento foi o último assinado por Melissa Mathison antes de morrer de cancro em Novembro (o filme é-lhe dedicado). Para os humanos como nós, e para a pequena Sophie, a heroína do filme (interpretada por uma encantadora e espigadíssima Ruby Barnhill, o gigante bondoso e vegetariano que se torna seu amigo (Mark Rylance aumentado e transfigurado por efeitos digitais) é… bem, gigante! Só que para os restantes, carnívoros e malvados gigantes do seu país, ele é miúdo e enfezado. Tanto que gozam com ele, o atormentam e lhe chamam Anão.

Escrevesse para adultos ou escrevesse para crianças (como é o caso), Roald Dahl nunca abdicava da mordacidade, do humor ácido (por vezes até muito negro) nem de uma pitada de crueldade que o escritor sabia que os seus leitores, incluindo os mais pequenos, reconheceriam como existente e inevitável no mundo que os rodeava, e aceitavam e recebiam como natural nas suas histórias. Tudo isso existe em O Amigo Gigante, e só abona a favor de Mathison e de Spielberg não o terem procurado atenuar, ocultar ou abafar sob a capa do sentimentalismo fácil e pingão que é um dos defeitos recorrentes do realizador.

A palavra inglesa whimsical é a única que me vem à cabeça para definir com precisão a história desta amizade entre uma menina órfã e solitária que lê Dickens e um gigante de boa índole e sem amigos, que caça sonhos e os dá a sonhar aos humanos, passada entre uma Londres dos anos 80 levemente fantasiosa e o País dos Gigantes, e onde a Rainha de Inglaterra (Penelope Wilton, de Downton Abbey) também é uma das personagens, e acaba por ser decisiva para a boa resolução do enredo.

Absolutamente fundamental para o bom funcionamento desta fantasia, e para a calorosa relação entre o Gigante e Sophie ser convincente e cativante, é a interpretação de Mark Rylance, que nunca nos deixa esquecer que há um (grande) actor metido naquele avantajado invólucro de efeitos computacionais e de motion capture, um ser humano a personificar e a humanizar, através de todo um arsenal expressivo, uma criatura imaginária. E não deixa de ser reconfortante que tanta, tão avançada e impressionante tecnologia esteja, em O Amigo Gigante, ao serviço de uma história e de um filme tão consumadamente clássicos, na visão, na forma, nos sentimentos e na execução cinematográfica.

Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:PG
  • Data de estreia:sexta-feira 22 julho 2016
  • Duração:115 minutos

Elenco e equipa

  • Realização:Steven Spielberg
  • Argumento:Melissa Mathison
  • Elenco:
    • Rebecca Hall
    • Jemaine Clement
    • Mark Rylance
    • Penelope Wilton
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