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O Apelo Selvagem

  • Filmes
Photograph: Twentieth Century Fox
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A Time Out diz

O livro de Jack London O Apelo da Floresta, sobre um cão que é roubado aos donos e levado para o Yukon para puxar trenós, durante a corrida ao ouro do final do século XIX, e aí conhece a bondade e a crueldade dos humanos, acabando por se juntar aos lobos, já foi filmado mais vezes do que há dedos das duas mãos para os contar. As melhores adaptações são A Ambição do Ouro, de William Wellman (1935), com Clark Gable, mesmo apesar de enxertar uma intriga romântica na história; O Grito da Floresta, de Ken Annakin (1972), com Charlton Heston; e O Grito da Natureza (1997), de Peter Svatek, com Rutger Hauer.

Este novo O Apelo Selvagem é não só a primeira adaptação em que o cão Buck não é um animal treinado, mas sim um cão digital (tal como a maioria dos outros cães e bichos que aparecem no filme); como também (e talvez por ser o primeiro lançamento do recém-rebaptizado 20th Century Studios após a compra da 20th Century Fox pela Walt Disney) em que Buck e companhia são bastante antropomorfizados e “disneyficados”, nas expressões, atitudes e na inteligência, o que retira logo ao filme um grande naco de realismo. Basta vermos como Buck se movimenta para percebermos de imediato que se trata de um cão criado em computador, e fazer-nos pensar se não teria sido melhor fazer uma versão animada em vez desta fita estranha e claramente híbrida.

A história de Jack London é tratada num tom bastante ligeiro, de filme juvenil (o início parece uma nova versão de Beethoven, a comédia familiar sobre um enorme São Bernardo), perdendo-se quase toda a dureza e o dramatismo originais, e afectando também o próprio processo de atracção de Buck pela vida na floresta entre os lobos, que não pára de ser reiterado pelo realizador. A presença de Harrison Ford no papel de Jack Thornton, o narrador da história e último dono de Buck, dá algum peso de seriedade a O Apelo Selvagem, mas o filme resulta demasiado inconsistente, sentimental e sobretudo muito artificial.

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:PG
  • Data de estreia:quarta-feira 19 fevereiro 2020
  • Duração:105 minutos
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