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Uma Nação, Um Rei

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A Time Out diz

O último filme de grande espectáculo sobre a Revolução Francesa data de há 30 anos. Foi
uma superprodução europeia com esse mesmo título e cinco horas e meia de duração, realizada a meias pelo francês Robert Enrico e pelo americano Richard T. Heffron. No elenco, apareciam nomes como Klaus Maria Brandauer, François Cluzet, Peter Ustinov, Jean-François Balmer, Claudia Cardinale, Michael Galabru, Jane Seymour, Christopher Lee ou Sam Neill.

Este Uma Nação, Um Rei, de Pierre Schoeller, é também uma produção de algum aparato, agora apenas franco-belga, e com um elenco menos vistoso que o do filme de 1989, e todo ele francófono. Mas que em termos narrativos, cobre exactamente o mesmo espaço de tempo e os mesmos acontecimentos de A Revolução Francesa, indo desde a tomada da Bastilha até ao Terror e à execução do rei Luís XVI.

Schoeller mostra-se muito ambicioso ao pretender condensar, em duas horas, a miríade de eventos e a quantidade de personagens dos vários estratos sociais, entre reais e fictícias, desses tempos conturbados, dramáticos e sangrentos.

O filme tanto toma o ponto de vista do povo anónimo, através da família de um vidreiro (Olivier Gourmet) que vive (literalmente) à sombra da Bastilha, e outras personagens populares soltas, como de alguns dos principais protagonistas da revolução (o rei, Marat, Danton, Robespierre, etc).

De tal forma, que Uma Nação, Um Rei por vezes assemelha-se em demasia a um A Revolução Francesa para Totós em forma cinematográfica, e Schoeller abusa da estenografia visual para tentar resumir e explicar as coisas, em especial nas sequências passadas na Assembleia Nacional (os discursos dos vários deputados foram tirados dos arquivos e estamos a ouvir exactamente as mesmas palavras que foram proferidas nessa altura).

Apesar do investimento na recriação da época e nos intérpretes (além de Gourmet, surgem Gaspard Ulliel, Noémie Lvovsky, Denis Lavant ou Louis Garrel), Uma Nação, Um Rei, acaba por se dispersar e até contradizer o título (há muito mais nação do que rei, Luís XVI fica como uma personagem apenas esboçada, quase um figurante). E depois, o realizador peca por omissão gritante, ao não mostrar a extensão das barbaridades e dos desmandos então cometidos em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade, e após a proclamação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:15
  • Data de estreia:sexta-feira 25 janeiro 2019
  • Duração:121 minutos

Elenco e equipa

  • Realização:Pierre Schoeller
  • Argumento:Pierre Schoeller
  • Elenco:
    • Gaspard Ulliel
    • Adèle Haenel
    • Olivier Gourmet
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