A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
Música, Jazz, Billie Holiday
@William P. GottliebBillie Holiday, 1947

11 versões de “Summertime”

É uma das mais populares canções de George Gershwin, tendo sido alvo de milhares de gravações. Ouvi-las todas deixar-lhe-ia pouco tempo para gozar os outros prazeres do Verão, por isso escolhemos 11 que são imperdíveis

Escrito por
José Carlos Fernandes
Publicidade

“Summertime” é um objecto de difícil classificação. É uma ária de ópera – é ela que abre Porgy & Bess (1935) –, é uma canção de embalar – Clara canta-a para adormecer o seu bebé –, tem raízes nos espirituais negros e no blues, um musicólogo viu nela influências de Dvorák, Wayne Shorter filia-a no “acorde de Tristão, de Wagner, e foi entusiasticamente adoptada pelo jazz – embora não tenha despertado grande interesse até ao final da II Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e 1960 foram gravadas cerca de 400 versões por músicos de jazz.

A ópera tem libreto de DuBose Heyward, a partir de uma peça sua que adaptava o seu romance Porgy (1925), e a letra de “Summertime” inspirou-se na do espiritual negro “All My Trials”. No que toca à músca, há quem sugira que outro espiritual, “Sometimes I Feel Like a Motherless Child”, terá servido de inspiração a Gershwin.

Porgy & Bess desenrola-se, por volta de 1930, em Catfish Row, uma antiga mansão convertida em habitação de várias famílias de negros, em Charleston, na Carolina do Sul. Clara canta assim para a sua criança: “É Verão e a vida é agradável, os peixes saltam e o algodão está crescido, o teu pai é rico e a tua mãe bem-parecida, por isso, bebé, não chores e dorme”. Um dia, a criança abrirá as asas e lançar-se-á no ar, mas até lá nada de mal lhe irá acontecer, pois o pai e a mãe estão ao seu lado.

11 versões de “Summertime”

Billie Holiday

Ano: 1936
Álbum: Lady Day: The Master Takes & Singles (Columbia)

A gravação de “Summertime” por Holiday não foi a primeira – tal distinção coube a Abbie Mitchell a 19 de Julho de 1935, com o próprio Gershwin no piano e na direcção orquestral – mas foi a primeira a escalar os tops de discos dos EUA, tendo chegado ao n.º 12. Billie é acompanhada pela orquestra de Teddy Wilson, com Bunny Berigan na trompete e Artie Shaw no clarinete, e a canção, que saiu originalmente como disco de 78 rpm na Vocalion, está disponível em várias compilações.

Sarah Vaughan

Ano: 1949
Álbum: The Divine Sarah Vaughan: The Columbia Years (Columbia)

A parte mais famosa da discografia de Sarah são os álbuns registados para a Mercury/EmArcy e Roulette, mas não são de negligenciar os singles que gravou para a Columbia em 1949-1953 (compilados no álbum acima mencionado). “Summertime” conta com a orquestra de Joe Lipmann, arranjada por Tadd Dameron, e a voz de Sarah basta para fazer subir a temperatura uns sete ou oito graus.

Publicidade

Lena Horne

Ano: 1956-57
Álbum: Stormy Weather (RCA Victor)

Lena Horne, no auge das suas capacidades vocais, acompanhada por uma orquestra de luxo, dirigida por Lennie Hayton e recheada de grandes jazzmen como Kenny Burrell, Charlie Shavers, “Shorty” Baker, Jimmy Cleveland ou Shelly Manne. Um balanço preguiçoso e irresistível que desemboca num final apoteótico.

Charles Mingus

Ano: 1957
Álbum: Mingus Three (Jubilee)

Charles Mingus surge usualmente associado a quintetos e sextetos, orquestrados como mini-big bands, mas a sua discografia inclui esta pouca conhecida gravação em trio, com o seu fiel baterista Danny Richmond e o pianista Hampton Hawes. A leitura de “Summertime” é despojada, irreverente e original e confere um ambiente “africano” e “tribal” à canção de Gershwin. Num teste de olhos vendados ninguém diria que foi gravada há 60 anos.

Publicidade

Ella Fitzgerald & Louis Armstrong

Ano: 1957
Álbum: Porgy & Bess (Verve)

Costuma caber às mães cantar as canções de embalar, mas aqui há uma justa partilha de responsabilidades parentais entre duas das mais emblemáticas vozes do jazz. As vozes são envolvidas pelo som luxuriante da orquestra de Russel Garcia, que tem papel proeminente ao longo de todo este disco integralmente dedicado à ópera de Gershwin.

Nina Simone

Ano: 1959
Álbum: At Town Hall (Colpix)

A gravação ao vivo de Simone no Town Hall de Nova Iorque inclui duas versões de “Summertime”, uma instrumental e outra cantada – que é que se apresenta abaixo. A abordagem de Simone desvia-se apreciavelmente da ortodoxia, quer na voz quer no piano, moldando a melodia a seu bel-prazer e criando efeitos dramáticos inesperados. Simone apresenta-se em trio com o contrabaixo de Jimmy Bond e a bateria de Al Heath.

Publicidade

John Coltrane

Ano: 1960
Álbum: My favorite things (Atlantic)

No Outono de 1960, após ter deixado o quinteto de Miles Davis, Coltrane começou a montar o quarteto que iria marcar o jazz dos anos 60, recrutando o pianista McCoy Tyner e o baterista Elvin Jones – mais tarde chegaria o contrabaixista Jimmy Garrison, mas em My favorite things o posto seria ainda assegurado por Steve Davis. O álbum traz outra novidade – é a primeira vez que Coltrane recorre ao saxofone soprano – e uma mudança no repertório em relação aos discos anteriores, que sempre tinham tido composições de Coltrane – o programa compõe-se de quatro standards bem conhecidos.

Duke Ellington

Ano: 1961
Álbum: Piano in the Foreground (Columbia)

Duke Ellington é visto por muitos como o chefe de uma orquestra de música de dança agradável e bem ritmada. É um terrível equívoco: Ellington era um compositor e arranjador de génio, possuía uma vasta erudição musical e era um pianista originalíssimo. Nada melhor para o atestar do que esta versão “desconstruída” de “Summertime”, incluída num dos poucos discos que registou em trio (com o contrabaixista e o baterista da sua banda, Aaron Bell e Sam Woodyard). 55 anos depois, soa mais moderna e audaciosa do que muito jazz de hoje – que melhor elogio se lhe pode fazer?

Publicidade

Ella Fitzgerald

Ano: 1960
Álbum: Ella in Berlin (Verve)

Ella regressou a “Summertime” num dos seus melhores álbuns ao vivo, num formato intimista, acompanhada pelo seu fiel pianista Paul Smith, que trabalhou com Ella entre 1956 e 1978, o excelente guitarrista Jim Hall, o contrabaixista Wilfred Middlebrooks e o baterista Gus Johnson. Os instrumentistas têm a sabedoria de providenciar um discreto pano de fundo e deixar a voz, opulenta e langorosa, fazer irromper o Verão meridional a meio do Inverno berlinense.

Freddie Hubbard

Ano: 1962
Álbum: The Artistry of Freddie Hubbard (Impulse!) Em 1962, o trompetista Freddie Hubbard tinha apenas 24 anos, mas já tinha quatro álbuns gravados para a Blue Note. Na sua estreia na Impulse! propõe um “Summertime” vertido na linguagem do hard bop do início da década de 1960, na companhia de Curtis Fuller (trombone), John Gilmore (saxofone), Tommy Flanagan (piano), Art Davis (contrabaixo) e Louis Hayes (bateria).

Publicidade

Stan Getz

Ano: 1964
Álbum: Getz au Go Go (Verve)

Este álbum reúne duas sessões ao vivo do quarteto do saxofonista Stan Getz no Café au Go Go, em Greenwich Village, Nova Iorque, uma em Maio de 1964, em que o seu quarteto tem o concurso da voz de Astrud Gilberto, e outra em Outubro do mesmo ano, só com Getz, o vibrafonista Gary Burton (então com apenas 21 anos), o contrabaixista Chuck Israels e o baterista Joe Hunt. A versão de “Summertime” vem da sessão de Outubro e é relaxada e invulgarmente transparente, qualidade para que contribui decisivamente o vibrafone de Burton.

Verão em Lisboa

25 ideias para aproveitar os 220 dias de sol em Lisboa
  • Coisas para fazer

Bem sabemos que a chuva faz falta, mas é um facto que somos abençoados pelo Sol. E se assim é, não vale a pena ficar fechado em casa ou sair de casa de gabardine. Eis algumas ideias para aproveitar os 220 dias de sol em Lisboa: terraços para fazer a fotossíntese, happy hours para garantir hidratação, jardins para se estender, novos gelados e muitos caracóis, que este é o tempo deles.  

  • Compras
  • Moda

Nem só de moda feminina vive o Verão. Esta é a nossa selecção de novas marcas portuguesas e, entre elas, há umas quantas sugestões para eles e até para os mais pequenos. Seja para apanhar banhos de sol na praia ou para seguir com a vida na cidade (só que com uns bons graus a mais), estas 10 marcas nasceram em 2017 e merecem estar no guarda-roupa.

Publicidade
100 biquínis e fatos de banho para arrasar neste Verão
  • Compras
  • Roupa interior e fatos de banho

Este Verão vai ter espaço para tudo: para marcas portuguesas, para biquínis brasileiros, para fatos de banho recatados e para flores e frutas exóticas. Haja sol e calor para poder experimentá-los todos. Porque os preparativos para a época balnear já começaram, escolhemos os nossos 100 modelos favoritos, entre biquínis, triquínis e fatos de banho. Prepare-se para ir a banhos e, de caminho, espreite o que as marcas portuguesas de fatos de banho andaram a preparar na revista desta semana. 

Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade