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Festival de Almada 2017: uma peça por dia a não perder

Entre teatro, dança e música são 44 as produções inscritas no programa do 34ª Festival de Almada, aquela altura do ano em que o teatro europeu se concentra na margem sul do Tejo com umas incursões pela capital

Escrito por
Rui Monteiro
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Distribuídos pelas duas semanas entre 4 e 18 de Julho há um ror de espectáculos de um vasto programa. E para as desbravar sem dor, impõe-se um guia, o primeiro que a Time Out dedica ao assunto, um guia de peças a não perder, que segue já com um exemplo por dia.

Peça a peça

Apre – Melodrama Burlesco

É com esta peça de Pierre Guillois, co-escrita com Agathe L'Huillier e Olivier Martin-Salvan, que se inicia a 34ª edição do Festival de Almada. O desafio que a Compagnie Le Fils du Grand Réseau, de Brest, em França, na concretização de Apre – Melodrama Burlesco, é o de construir uma comédia sem texto falado, que, simultaneamente, é um exemplo de burlesco e melodrama. Pierre Guillois, Agathe L’Huillier e Jonathan Pinto-Rocha são os intérpretes destes homens e desta mulher cujas acções parecem destinadas ao falhanço.

Terça, 4, Escola D. António da Costa, 22.00

História do Cerco de Lisboa

Com dramaturgia de José Gabriel Antuñano, a partir do romance de José Saramago, e encenação de Ignacio García, esta produção só é possível graças a uma rara e exemplar colaboração entre companhias, juntando a Acta – Companhia de Teatro do Algarve, a Companhia de Teatro de Almada, a Companhia de Teatro de Braga, e o Teatro dos Aloés. Em palco, com cenografia de José Manuel Castanheira, estarão, entre outros, Ana Bustorff, Elsa Valentim, João Farraia e Jorge Silva, para interpretar, segundo o encenador, um romance que consiste “sobretudo na história de um ‘não’, e numa reflexão sobre os mecanismos da criação literária.”

Quarta, 5, Teatro Municipal Joaquim Benite, 21.30

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Moçambique

Eleito Melhor Espectáculo do Ano pelo júri do Prémio Autores, o ano passado, o espectáculo da Mala Voadora, com texto e direcção de Jorge Andrade, vive naquela linha entre a ficção e a realidade, que o encenador utiliza “para jogar na infiltração entre esses dois mundos.” E esses mundos são a sua biografia imaginária, quer dizer, a história de quem saiu de Moçambique para Portugal aos quatro anos e constrói a história como se lá tivesse ficado. Bruno Huca, Isabél Zuaa, Jani Zhao, Jorge Andrade, Matamba Joaquim, Tânia Alves e Welket Bungué, interpretam, a cenografia e os figurinos são de José Capela, tudo iluminado pela imaginação de Rui Monteiro.

Quinta, 6, Escola D. António da Costa, 22.00

Hedda Gabler

Espectáculo de Honra, no vocabulário do Festival de Almada, quer dizer que o espectáculo mais votado pelo público tem direito a repetição no ano seguinte. E assim foi em 2016, com os espectadores a votarem na intimista encenação de Juni Dahr da peça de Henrik Ibsen para a companhia norueguesa Visjoner Teater. Já agora, a propósito, Dahr é a formadora convidada para dirigir o ciclo O Sentido dos Mestres.

Sexta, 7, Casa da Cerca, 15.00, 19.00

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A Perna Esquerda de Tchaikovski

Como, quando se vê um bailado, ninguém imagina as vidas das bailarinas, Tiago Rodrigues criou este espectáculo exactamente para isso. Para sabermos o que está para lá daqueles graciosos movimentos, como as “dúvidas, as angústias, as lesões”, Rodrigues pediu à sua protagonista, Barbora Hruskova, “o que significava para ela pôr termo à sua carreira de primeira bailarina, no ano de 2014, aos 42 anos de idade.” A partir daí foi juntar as partes, isto é, a música criada e interpretada por Mário Laginha, o movimento de Hruskova, banhados pelo desenho de luz de Cristina Piedade.

Sábado, 8, Teatro Municipal Joaquim Benite, 21.30

Svaboda

Bernardo Cappa não é um desconhecido do festival, pois foi aqui, em 2014, que o encenador argentino apresentou A Verdade. Nesta sua nova dramaturgia e encenação, com Pablo Chão, Anibal Gulluni e Maia Lancioni, debruça-se sobre a luta pela liberdade (que é o que “svadoda” quer dizer em russo) “que terá levado a vaca de um casal pobre de imigrantes russos – a viver num rancho decrépito das pampas argentinas – a escapar-se por uma brecha da vedação e encontrar a morte no choque frontal contra uma camioneta.” E a partir deste singelo começo inicia-se um “mergulho nas conturbadas vidas interiores” do casal de camponeses e do advogado enviado da capital para avaliar os custos do acidente.

Domingo, 9, Incrível Almadense, 16.00

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Topografia
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Topografia

É, apenas, a segunda peça criada pela nova companhia Teatro da Cidade, que reúne Bernardo Souto, Guilherme Gomes, João Reixa, Nídia Roque e Rita Cabaço, todos criadores e intérpretes desta obra que vive em torno do conceito de “comunidade”. A qual, neste caso, vai de um grupo de operários “que não consegue livrar-se do fato-macaco até essa espécie de conceito dantesco da vida moderna que dá pelo nome de condomínio.” Por outras palavras, mais uma maneira de regressar à pergunta: “o que significa estarmos uns com os outros?”

Segunda, 10, Fórum Romeu Correia, 19.00

Ricardo III Está Proibido

Matéi Visniec, assim como grande parte dos romenos, mesmo o que não viveram esse tempo, tem um problema com a ditadura de Ceausescu. Problema antigo, que o levou a exilar-se em França, em 1987, e que, mais uma vez, depois do regresso à Roménia, com o Teatrul National Cluj-Napoca e o encenador Razvan Muresan, coloca em cena. Agora, usando o encenador russo Vsevolod Meyerhold (executado por ordem de Estaline por “actividades anti-revolucionárias e de contra-espionagem”) como protagonista desta peça, cuja acção se desenvolve em espaço claustrofóbico onde três figuras contemporâneas (o ditador soviético, o encenador e a mulher), pelas artes da ficção, têm de conviver com o Ricardo III segundo William Shakespeare.

Terça, 11, Teatro Municipal Joaquim Benite, 18.00

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Quem também recorre a William Shakespeare em busca de inspiração e como meio de transmitir a sua ideia de teatro é João Garcia Miguel, que dirige esta versão pouco ortodoxa da peça do dramaturgo inglês, apoiado nas interpretações de António Pedro Lima, David Pereira Bastos, Sara Ribeiro e Vítor Alves Silva, com música de Nuno Rebelo, eixo de um espectáculo que, para o seu criador, é “o início de um ciclo dedicado às emoções: ao amor, mas também ao ódio que se opõe.”

Quarta, 12, Teatro-Estúdio António Assunção, 18.00

Por Nascer Uma Puta Não Acaba a Primavera

Gabriel García Marquez, melhor, o seu romance Memória das Minhas Putas Tristes, está na origem desta criação de Alexandre Tavares e Anouschka Freitas, apoiados na dramaturgia e direcção de actores de Sylvie Rocha, com Alexandre Tavares, Anouschka Freitas e Diogo Tavares, sob a luz desenhada por Paulo Santos. Estar na origem não quer dizer, no entanto, que do original dependa a dramaturgia, que prefere explorar o ainda mais universal conceito da “atracção que é motivada pelo desejo sexual, bem como os efeitos causados pela negação desse desejo.”

Quinta, 13, Fórum Romeu Correia, 19.00

Teatro a não perder

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