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A Fuga do Capitão Volkonogov

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Kapitan Volkonogov Bezhal
Kapitan Volkonogov Bezhal
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A Time Out diz

4/5 estrelas

Um retrato arrepiante da lógica de funcionamento tão implacável como absurda da maquinaria do terror totalitário da União Soviética.

Leninegrado, 1938. As purgas estalinistas estão no seu pleno e o capitão Volkonogov, um respeitado e zeloso agente do NKVD (antecessor do KGB) percebe que vai chegar a sua vez e foge poucos minutos antes de ser preso, torturado para assinar uma falsa confissão e sumariamente executado. A aparição fantasmagórica de um camarada que não escapou e que sai da vala comum em que foi enterrado, para avisar Volkonogov que, se não conseguir o perdão de um familiar de uma das suas vítimas, irá sofrer no inferno para a eternidade junto dele e de todos os outros, atira-o pela cidade fora em busca de expiação, enquanto é perseguido por um major, que por sua vez tem o tempo contado para o encontrar e matar, senão irá ele também ser eliminado. Realizado e escrito por Natasha Merkulova e Aleksey Chupov, A Fuga do Capitão Volkonogov é, além de um tenso e empolgante thriller da modalidade “corrida contra o tempo”, um retrato arrepiante da lógica de funcionamento tão implacável como absurda da maquinaria do terror totalitário, em que, como a certa altura explica a Volkonogov um superior, “os que agora estão inocentes serão culpados mais tarde”. Pelo que é legítimo, como prevenção, detê-los sob as acusações mais variadas (incluindo o simples facto de serem polacos ou alemães, por exemplo, o que os torna em potenciais espiões, sabotadores ou terroristas) e enfiar-lhes uma bala na nuca. O filme, realizado em 2021 e exibido no Festival de Veneza desse ano, não foi ainda estreado na Rússia, embora não tenha sido banido oficialmente. Entretanto, os dois realizadores deixaram o país após a invasão da Ucrânia. 

Escrito por
Eurico de Barros
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