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O novo filme de Wes Anderson passa-se em França, nos anos 50 e 60, na redacção de uma revista americana instalada numa cidade francesa fictícia, onde se prepara o último número antes do fecho definitivo, após a morte do seu carismático editor, Arthur Howitzer Jr., e de acordo com os seus desejos. Na realidade, Crónicas de França do Liberty, Kansas Evening Sun são três mini-filmes dentro de um maior, uma empreitada de uma concepção global, uma complexidade formal e referencial e uma minúcia visual estarrecedoras, onde Anderson recorre à banda desenhada, à animação, ao teatro e ao grafismo jornalístico, levando ao limite o seu talento de miniaturista fanático do detalhe, para homenagear publicações como a The New Yorker e a Paris Review, bem como a própria França, em registo retro e de comédia paródica amável. É um tour de force cinematográfico atarefadíssimo, minuciosíssimo, espirituoso e estonteante, embora no final fiquemos com a sensação que aquilo que o filme tem para dar e vender em fantasia, estilo, destreza e humor, falta-lhe em substância e em calor humano.