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Exterminador Implacável - Destino Sombrio

  • Filmes
Photo: Paramount
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A Time Out diz

Hollywood anda tão por baixo que já nem consegue arranjar actores e actrizes convincentes para serem heróis, heroínas ou supervilões de filmes de acção. Em Exterminador Implacável – Destino Sombrio, de Tim Miller (Deadpool), a continuação oficial dos dois primeiros filmes da série realizados por James Cameron (que aqui participou no argumento e produz), Grace, a humana tecnologicamente aperfeiçoada que vem do futuro para defender a nova Sarah Connor, é interpretada por uma loura esticadinha e insossa chamada Mackenzie Davis, que estaria bem no papel de uma jogadora de basquetebol ou num anúncio de produtos de higiene feminina. Mas nunca, jamais, como heroína durona de um blockbuster de ficção científica.

O mesmo se aplica ao novo Exterminador, personificado por Gabriel Luna, que tem cara de fuinha e ar de entregador de pizzas suburbano, e não passa como supermáquina assassina futurista nem com cobertura extra de efeitos digitais. Felizmente que Linda Hamilton e Arnold Schwarzenegger ainda estão por perto, mas a gravidade, a robustez – física e enquanto personagens –, e o sentido de humor que ambos trazem a Exterminador Implacável – Destino Sombrio não são suficientes para salvar o filme. Nem para que os admiradores dos dois primeiros não lamentem que ele tenha sido feito.

Confusões de paradoxos temporais e linhas cronológicas à parte (mas por que é que não chamam autores de ficção científica para escrever estes filmes e darem-lhes um mínimo de coerência interna e credibilidade estrutural?), Exterminador Implacável – Destino Sombrio vai buscar o essencial da premissa do enredo do original de 1984. Uma rapariga (Dani, uma mexicana, interpretada pela insípida Natalia Reyes) é perseguida por um andróide polimorfo e assassino vindo do futuro para a matar, porque a sua existência poderá alterar esse futuro apocalíptico em que os robôs dizimaram a humanidade (e que já não é o da Skynet, mas um futuro paralelo onde esta se chama Legião), e é defendida por outra viajante do futuro, esta meio humana, meio ciborgue.

Sarah Connor, agora transformada em eliminadora de Exterminadores, e o T-8 de Schwarzenegger, que desenvolveu uma consciência e sentimentos, e se humanizou, entram também ao barulho. Seguem-se muitas perseguições e muito tiroteio, muitos confrontos físicos e muitas sequências de acção hipervitaminadas, com toneladas de efeitos especiais. Mas até estes são decepcionantes, nomeadamente no que respeita ao novo Exterminador, cuja única novidade em relação ao fabuloso e líquido T-1000 de Robert Patrick em Exterminador Implacável: O Dia do Julgamento é o poder separar-se do seu exoesqueleto e ganhar assim um ajudante, tão assassino como ele e ainda mais feio.

Ribombante, espalhafatoso, inconsistente e longo demais, como a esmagadora maioria das superproduções hollywoodescas que se fazem hoje, Exterminador Implacável – Destino Sombrio é um terceiro filme totalmente desnecessário. Dele só saem bem Linda Hamilton numa Sarah Connor mais velha, amarga e desbocada, mas sempre dura de roer, e sobretudo o grande Arnie num T-8 mais melancólico e mais gentil, que é dono de um pequeno negócio de decoração e tem, de novo, a melhor tirada da fita: “Faço cortinados.”

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:15
  • Data de estreia:quarta-feira 23 outubro 2019
  • Duração:128 minutos

Elenco e equipa

  • Realização:Tim Miller
  • Argumento:David S. Goyer, Justin Rhodes, Billy Ray
  • Elenco:
    • Mackenzie Davis
    • Linda Hamilton
    • Arnold Schwarzenegger
    • Gabriel Luna
    • Natalia Reyes
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