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Nos Interstícios da Realidade

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Nos Interstícios da Realidade
©DR
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A Time Out diz

4/5 estrelas

Um dos filmes realizados pelo recentemente falecido António de Macedo chama-se A Maldição de Marialva. Tal como o protagonista, também Macedo foi vítima de uma “maldição”, acabando por
ser impedido de filmar por falta de apoios. É que a partir dos anos 70, contra ventos e marés de neo-realismos, naturalismos e a tendência autorista do cinema nacional e o seu desprezo por tudo que tenha a ver com o sobrenatural, a fantasia ou a FC, Macedo passou a dedicar-se ao cinema fantástico, fazendo filmes como O Príncipe com Orelhas de Burro, Os Emissários de Khalom ou Chá Forte com Limão, este o seu último, em 1993.

Este documentário de João Monteiro, um dos directores do MOTELX, faz justiça a António de Macedo, um dos nossos realizadores mais teimosamente individualistas, nome destacado do Cinema Novo, experimentalista (ver as
suas curtas), cultivador solitário de géneros tradicionais (até fez um policial, Sete Balas para Selma), auto-denominado “anarquista místico” (o que também o prejudicou, por nunca ter sido de partidos ou capelinhas), censurado antes do 25 de Abril por causa de Nojo aos Cães (1970), boicotado em democracia com As Horas de Maria (1979) e finalmente vítima de censura de gosto oficial. Ao mesmo tempo, Nos Interstícios da Realidade faz também justiça àqueles que em Portugal gostam do cinema da imaginação e são menosprezados por um meio cinematográfico mesquinho, no qual este é troçado e menorizado.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros
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