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Os Desastres de Sofia

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Os Desastres de Sofia
©Jean-Louis Fernandez
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A Time Out diz

4/5 estrelas

Falar hoje em Cinema para Crianças significa invariavelmente falar em cinema de animação, tão raras – e em geral tão medíocres – são as produções fora deste género destinadas ao público infantil. Por isso, não só é de assinalar a estreia de um filme como Os Desastres de Sofia, do francês Christophe Honoré, baseado em dois clássicos absolutos da literatura infantil, ambos da Condessa de Ségur (o que dá o nome ao título e a sua continuação, As Meninas Exemplares), como também o facto do realizador não se
ter dedicado a releituras ou desconstruções muito na moda dos referidos textos.

Honoré, que é também autor de livros infanto-juvenis, faz aqui uma adaptação/combinação muito fiel dos dois livros, sem por isso se resignar a um tipo de narrativa convencional.

O autor de Em Paris e As Canções de Amor dá um ar da sua graça ao filme introduzindo-lhe alguns elementos de animação tradicional (os animaizinhos 
do jardim, o quadro que ganha vida de súbito para sugerir o naufrágio daquele onde Sofia 
e os familiares viajaram para a América) e contemplando uma banda sonora (da autoria do
 seu habitual colaborador, Alex Beaupain) de tintas pop, que até dá oportunidade a Sofia e às suas priminhas e amigas de fazerem um brilharete no final, numa espécie de mini-apoteos e que não destoa do resto da fita nem sabe a anacronismo.

A escolha da protagonista era fundamental, e a estreante Caroline Grant é uma Sofia perfeita, encarnando com toda a naturalidade e energia da sua idade a irresistível traquinas. Honoré não cedeu à lágrima fácil quando Sofia fica órfã e tem que ir viver com a madrasta (a excelente Muriel Robin, num raro papel antipático) e a pequena Caroline corresponde, mantendo Sofia igual a si mesma durante este período infeliz , mais triste mas nem por isso a mendigar a pena ou a namorar os sacos lacrimais dos espectadores.

O restante elenco, pequeno e crescido, de Os Desastres de Sofia é impecável, tal como a recriação da vida nas casas de província abastadas da França do Segundo Império. Pegue na miudagem e vá dar-lhes a conhecer a imortal criação da Condessa de Ségur.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Duração:106 minutos
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