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Ou Nadas ou Afundas

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Ou Nadas ou Afundas
©Frenetic FilmsOu Nadas ou Afundas de Gilles Lellouche
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A Time Out diz

3/5 estrelas

A crise da meia-idade pode dar para um homem fazer muita coisa estranha, inesperada ou patética. Aos sete protagonistas de Ou Nadas ou Afundas, de Gilles Lellouche, deu-lhes para fazer natação sincronizada, um desporto geralmente associado ao sexo feminino. Daí que numa parede dos balneários da piscina municipal onde treinam alguém tenha escrito: “NS = PD” (natação sincronizada = mariquinhas).

Entre os sete, quase todos com barriguinha, alguns já a perder cabelo, estão Bertrand (Mathieu Amalric), grande depressivo de baixa do emprego, cuja família – em especial a mulher – o atura estoicamente; Laurent (Guillaume Canet), abandonado pela mulher com o filho adolescente e revoltado contra o mundo; Marcus (Benoît Poelvoorde), pequeno empresário mesquinho e parvo; Simon (Jean-Hugues Anglade), rocker a cair da tripeça, que vive numa casa motorizada e nem a filha adolescente consegue convencer do seu talento; ou Avanish (Balasingham Thamilchelvan), natural do Sri Lanka, que não fala francês e se juntou ao grupo por não conhecer ninguém.

Se este septeto pensa que vai passar o tempo numa piscina morna a trocar estados de alma e frustrações está muito enganado. Porque as suas treinadoras, Delphine (Virginie Efira), ex-campeã da modalidade e ex-alcoólica, e Amanda (Leïla Bekhti), antiga colega desta, que ficou paralítica num acidente mas não perdeu a genica, vão pegar neles e pô-los em forma para representarem a França nos Mundiais da modalidade, a disputar na Suécia. E se para isso for preciso gritar-lhes e insultá-los como
se estivessem na recruta, dar-lhes com uma chibata e submetê-los a um programa de exercício físico digno de umas quaisquer forças especiais, tanto melhor.

Actor que também realiza, Gilles Lellouche assina, em Ou Nada sou Afundas, uma comédia melancólica, afectuosa, consistentemente divertida, jamais caricatural ou cruel, inspiradora q.b. , e bem metida na tradição do género em França. E Lellouche deixa brilhar os seus actores e actrizes enquanto faz, em simultâneo, uma sábia gestão do óptimo colectivo de que dispõe. Eis um filme passado em grande parte dentro de piscinas, mas que não mete água nenhuma.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:UC
  • Duração:122 minutos
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