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Tony

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A Time Out diz

Só mesmo os fãs de Tony Carreira poderão aguentar a pé firme as duas horas de duração deste documentário biográfico com rabo (muito comprido) de vanity project de fora, agora que ele decidiu “parar”, após 30 anos de carreira (nunca se percebe no filme é se se reformou de vez, ou se fez só uma pausa). Trata-se de uma encomenda que Jorge Pelicano (Ainda Há Pastores?, Pare, Escute, Olhe) executa profissionalmente, e cujo fim é contar a história oficial de Tony Carreira e apresentá-lo sob a melhor e mais pura luz possível.

Aliás, há momentos em que o cantor é representado quase como um sério candidato à beatificação. Ele é bom rapaz, bom filho, bom irmão, bom amigo e bom pai, ele recebe as fãs de braços abertos, oferece-lhes café e está sempre disponível (a certa altura, diz a uma: “Podes ligar-me sempre que quiseres. Se estiver a fazer o amor, interrompo”), ele é modesto no que respeita ao seu talento e à sua fama, ele é um exemplar trabalhador do espectáculo e um perfeccionista consumado. Só lhe falta mesmo fazer um milagre.

Tony é uma longa entrevista de vida com o cantor, entremeada com declarações de familiares, amigos, músicos e fãs (há um documentário fascinante a ser feito sobre o mundo das fãs – e daquele que é, aparentemente, o único homem fã de Tony Carreira) e ilustrada pelas habituais imagens de arquivo, que vão desde o tempo em que Tony se chamava ainda António Antunes, vivia em França e era vocalista do grupo 5 Irmãos; e depois, já a solo, cantava no circuito da emigração e das festas populares em Portugal. O ponto alto de Tony é o vistoso concerto de “despedida” na Altice Arena, com orquestra clássica, coro gospel e os três filhos a juntarem-se ao pai para uma apoteótica canção em família.

A controvérsia dos plágios é despachada com óbvia poeira para os olhos, mas que convencerá as fãs que tudo não passou de um exagero da comunicação social, e o divórcio do cantor é mencionado en passant na conversa.

Alguns poderão notar que faltou Tony Carreira aparecer ao lado do Presidente Marcelo. Mas na verdade não é preciso, porque em matéria de afectos, carisma, sex appeal e popularidade com as massas, Tony dá-lhe 100 a zero.

Escrito por
Eurico de Barros
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