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Venom: Tempo de Carnificina

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Filme, Cinema, Aventura, Sci-fi, Venom: Tempo de Carnificina (2021)
©DRVenom: Tempo de Carnificina de Andy Serkis
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A Time Out diz

Dantes, quando Hollywood fazia um filme com personagens desemparelhadas, recorria a um gordo e um magro, como Bucha e Estica ou Abbott e Costello, ou então juntava no mesmo apartamento Walter Matthau num desleixado crónico e Jack Lemmon num obcecado por limpeza e ordem. Agora, na era da tirania da Marvel no cinema, personagens desemparelhadas significa Tom Hardy no papel de Eddie Brock, um jornalista bedungoso de São Francisco, que vive em conflituosa simbiose com um monstro alienígena comedor de cérebros e de chocolate chamado Venom.

Tendo Venom (2018) sido um sucesso de bilheteira, era inevitável que sofrêssemos uma continuação, e ei-la, com o sugestivo título Venom: Tempo de Carnificina, realizada por Andy Serkis. Eddie continua a tentar adaptar-se a ser o hospedeiro de Venom, enquanto este tem dificuldade em cumprir as regras impostas por Eddie, nomeadamente a de não comer senão vilões. O que dá o tom à (doentia) modalidade de humor negro vigente em Venom: Tempo de Carnificina, em que Serkis procura, como no filme original, combinar a acção e a ultraviolência movidas a efeitos especiais com a comédia slapstick sanguinolenta. Não é, verdadeiramente, para todos os gostos. Sobretudo para quem aprecia os seus “buddy movies” à moda antiga.

O vilão de serviço nesta continuação é um serial killer, Cletus Kasady, descaradamente cabotinado por Woody Harrelson. Depois de ter mordido Eddie quando este o foi ver na cadeia antes de ser executado, Cletus ganha também um inquilino alienígena, o Carnificina do título, que é tão ou mais psicopata do que o seu hospedeiro humano, e vai em busca de Eddie para se vingar. Não sem antes ir libertar Frances (Naomi Harris), a mulher que ama e tem superpoderes vocais, e a única que o tratou bem na sua vida, do asilo psiquiátrico de alta segurança em que está internada.

Tudo na história de Venom: Tempo de Carnificina concorre para um apocalíptico duelo final entre os dois monstros alienígenas, o mau (Carnificina) e o menos mau (Venom), com dentuças afiadas a babar e tentáculos a voar por todos os lados, que se desdobra num confronto entre os seus respectivos hospedeiros, Eddie e Cletus, que retomam a forma humana sempre se manifestam fogo ou sons muitos intensos, a que são sensíveis.

Andy Serkis procura dar um ar de terror “gótico” à história ao encenar o combate decisivo numa catedral, mas nem isso consegue, e os efeitos digitais deixam muito a desejar, sublinhando a artificialidade e a factura tosca do filme em todos os seus aspectos. Venom: Tempo de Carnificina é estritamente reservado a fãs com um patamar de exigência muito baixo – e aos quais não repugna o excesso de matéria viscosa alienígena e com vida própria.

Escrito por
Eurico de Barros
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