É um clássico, sim, mas é também uma história que pegou nos típicos filmes de monstros e os converteu numa montanha russa feita de excitação, suspense e uma imaginação delirante no que toca a colocar o espectador perante cenas nunca vistas. Tão importante para o cinema de terror como foi, décadas antes, o Psico de Hitchcock. Embora alguns dos elementos de Tubarão, a começar pelos efeitos especiais, pareçam hoje um pouco datados, o ingrediente central - a capacidade de nos deixar instantaneamente em stress com uma imagem do oceano e dois acordes musicais do grande John Williams - mantém-se intacto. E a verdade é que ir à praia nunca mais foi a mesma coisa.
Lamentamos. Não conseguimos localizar a página que procura.
Movemos a página ou ela já não existe. Para ajudá-lo, seguem-se alguns resultados que podem ser do seu interesse.
As pessoas lembram-se do visual do filme. Uma nave espacial encontrada no espaço com estranhos ovos lá dentro. Um organismo a saltar do interior de um deles e a agarrar-se a um dos exploradores do cenário, deixando-o em coma. Nuvens de poeira suspensas no ar: A banda sonora arrepiante assinada por Jerry Goldsmith. Uma atmosfera carregada de intimações de coisas más. Mas Alien, filme de terror espacial, clássico intocável, criador de imagens inesquecíveis de criaturas horrendas a rebentar pelo peito dos personagens, é muito mais do que o seu visual. É também um filme revolucionário, ao transformar uma mulher, a Ripley de Sigourney Weaver, numa das mais icónicas figuras do cinema de acção, dentro ou fora da ficção científica. E, claro, ao pôr os homens grávidos de monstros...
Vencedor do Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, O Rapaz e a Garça, de Hayao Miyazaki, regressa agora às salas. E não deverá ser a última longa-metragem de animação do realizador, como tinha sido anunciado. Este filme visualmente sumptuoso e cerradamente imaginativo, que começa no Japão em plena II Guerra Mundial e passa depois para um mundo paralelo mágico e onírico, está repleto de referências autobiográficas, bem como de reflexões e interrogações de Miyazaki sobre a sua arte e o acervo que deixa no cinema de animação. O herói é Mahito, um rapazinho filho de uma enfermeira e de um empresário que fabrica componentes para aviões de guerra, e que perde a mãe no bombardeamento do hospital onde esta trabalhava em Tóquio. Algum tempo depois, com o pai agora casado com a cunhada, que espera um bebé, Mahito vai viver com esta para uma grande casa de família no interior do país, e lá vê-se alvo das atenções de uma garça (que não é apenas um pássaro) que lhe diz que a mãe está viva. E que para a ver, o rapaz deve acompanhá-la a uma torre abandonada na qual desapareceu, muitos anos antes, o seu erudito tio-avô, que lá tinha a sua biblioteca. O Rapaz e a Garça é um filme tão opaco, falho de linearidade narrativa e desconcertante, como inventivo deslumbrante e mirabolante, e que apesar de alguns pontos de contacto, contrasta de forma radical com o anterior, e superior, As Asas do Vento. Mas se podemos pôr algumas reticências ao fundo de O Rapaz e a Garça, a forma, essa, é Miyazak
Palma de Ouro do Festival de Cannes, Anatomia de uma Queda põe em cena um casal de escritores, Sandra, alemã, que publica com sucesso, e Samuel, francês, também professor universitário, que sofre de um frustrante bloqueio criativo, e o seu filho de 11 anos, Daniel, que tem graves problemas de visão após ter sido atropelado por uma moto e precisa de um cão-guia. A família vive num chalé na montanha, perto de Grenoble, e um dia, Samuel é encontrado morto pelo filho, aparentemente após ter caído de uma janela abaixo ou então cometido suicídio. Mas a polícia põe a possibilidade de ter havido homicídio, e Sandra é a principal suspeita, acabando por ser formalmente acusada e levada a julgamento. Anatomia de uma Queda tem a estrutura, os tiques e as características narrativas de um policial jurídico clássico, embora Justine Triet se demore mais do que é habitual a descrever e desvendar, com paciência e minúcia, o background humano, doméstico, emocional e psicológico do caso, esmiuçando a tensão e a crescente degradação das relações entre marido e mulher e o seu impacto no filho, alternando constantemente de ponto de vista e mantendo-nos na dúvida sobre o que realmente aconteceu quase mesmo até ao fim (e talvez mesmo após o fim). Sandra Hüller, para a qual Triet e o seu parceiro de argumento Samuel Harari, escreveram expressamente o filme, é óptima, ainda mais porque tem que alternar entre duas línguas na sua interpretação, uma das quais a personagem não domina bem, mas não esqueçamo
A nova bizarrice do grego Yorgos Lanthimos, autor de Dentes e A Lagosta, é esta fantasia neo-frankensteiniana, cyberpunk e a armar ao pingarelho de feminista, passada num mundo vitoriano alternativo. Emma Stone é Bella Baxter, uma jovem grávida salva do suicídio por afogamento por um cirurgião desfigurado, Godwin Baxter (Willem Dafoe), que lhe troca o cérebro pelo do seu bebé não-nascido e a transforma numa criança mimada e colérica, mas de vasto apetite sexual, e cujo rápido desenvolvimento o seu salvador e guardião segue cuidadosamente. Um dia, Bella quer ir conhecer o mundo do qual Godwin a quer resguardar, e acaba, depois de esgotar sexual e financeiramente o seu amante (Mark Ruffalo), a prostituir-se num bordel de Paris. É difícil dizer o que é mais lamentável em Pobres Criaturas: se o infantilismo pseudo-“transgressor”, raso e cansativo da história, se os maneirismos visuais da realização, se os tratos de polé a que Lanthimos submete a pobre Emma Stone, muito convencida que está a interpretar um papel de grande substância dramática e “significado” profundo. A fita está nomeada para 11 Óscares, e é caso para dizer que os Óscares já não são o que eram.
O regresso de Twin Peaks à televisão é o pretexto para a reposição desta magnífica obra de David Lynch, mais de uma vez considerado o seu melhor filme, cuja narrativa, por assim dizer, foi já motivo de quase tantas interpretações quantos os espectadores que a ela assistiram. Um desafio à imaginação em que uma candidata a actriz (Naomi Watts) chega a Hollywood cheia de sonhos e acaba envolvida numa – talvez, nunca se sabe – conspiração, ou, em alternativa, uma ilusão psicótica que envolve uma misteriosa mulher (Laura Harring) e um considerável número de peculiares personagens e situações bizarras.
Reposição, em cópia restaurada, deste filme de 2003 de Park Chan-wook, o segundo da “Trilogia da Vingança” deste realizador sul-coreano. Após ter sido raptado e mantido em cativeiro durante 15 anos, um homem é libertado e tem cinco dias para encontrar o seu captor e vingar-se dele.
Algum do melhor cinema que se faz hoje é sul-coreano. E algum do melhor cinema fantástico e de terror que se faz hoje vem da Coreia do Sul. O Lamento, de Hong-jin Na, o autor do estonteante policial de acção The Chaser (2008), e de um perturbante thriller dramático, The Yellow Sea (2010), vai ficar para a posteridade do género como a resposta asiática a O Exorcista, de William Friedkin. Além disso, envergonha quase tudo aquilo que actualmente, no mundo ocidental, passa por cinema de terror sobrenatural, sobretudo aquele que sai dos Estados Unidos. O Lamento é um filme de possessão demoníaca (com um toquezinho zombie) passado no interior da Coreia do Sul, e as forças malignas que nele operam não se limitam a atormentar uma pessoa, mas sim os habitantes de uma vila. Hong-jin Na, que também escreveu o argumento, afeiçoa o horror às características culturais e religiosas da sociedade sul-coreana. O que nos dá direito, por exemplo, a uma elaborada cerimónia de exorcismo budista, um dos momentos altos da fita, que é simultaneamente um duelo entre as forças da luz e das trevas pela alma de uma menina, a filha do protagonista, Jong-Goo (um estupendo Do-won Kwak), um polícia um bocado trapalhão que investiga a série de crimes horrendos que estão a ocorrer na sua vila, e percebeu que têm origem sobrenatural. Os assassínios parecem, a princípio, ser atribuíveis a cogumelos venenosos, mas Jong-Goo começa a desconfiar de um idoso japonês que apareceu recentemente na região e vive numa
Johnny Knoxville e a equipa original da série de filmes Jackass estão de regresso, acompanhados por alguns novos recrutas, para levaram a cabo mais uma ronda de proezas inconsequentes, absurdas, cómicas e não poucas vezes perigosas.
Lydia Tár (Cate Blanchett), a protagonista de Tár, de Todd Field, é uma maestrina e musicóloga sobredotada que está à frente da Orquestra Sinfónica de Berlim, prepara uma importante gravação da Quinta Sinfonia de Mahler, vai lançar a sua autobiografia e é responsável por um programa de bolsas para promover a formação de maestrinas e sua introdução no meio da música clássica. As suas credenciais woke são também impecáveis: é lésbica assumida e casada com a primeiro violino da orquestra (Nina Hoss), e têm uma filha adoptiva etnicamente correcta. Mas o mundo de Tár ameaça desabar quando ela começa a ser perseguida nas redes sociais e contestada na rua, e alvo de acusações de predação sexual e de responsabilidades no suicídio de uma antiga pupila e assistente (o argumento não clarifica o que aconteceu e deixa o espectador tirar as suas conclusões). Tár valeu a Cate Blanchett o Prémio de Melhor Actriz no Festival de Veneza, o Globo de Ouro de Melhor Actriz Dramática e está nomeado para seis Óscares. É menos um filme sobre o mundo da música clássica do que sobre o poder, como ele se exerce, e como se pode abusar dele, até naquele meio artístico. Refinadamente fotografado por Florian Hoffmeister e realizado com luvas de pelica por Field, Tár demora a estabelecer o enredo, tem tempo a mais – a grande pecha do cinema dos nossos dias – e perde-se em digressões irrelevantes e acontecimentos secundários que não adiantam nada ao desenvolvimento da história nem à caracterização das perso