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Bah! Craft Beer: há seis anos a fazer cerveja artesanal em Cascais

Foi em 2019 que o cervejeiro brasileiro Roberto Stein fundou a marca. Agora, prepara-se para abrir um espaço na vila e está prestes a lançar a sua primeira cerveja sem álcool.

Ricardo Farinha
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Ricardo Farinha
Bah! Craft Beer
Rita Gazzo
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Chama-se Bah! Craft Beer e é uma das poucas marcas de cerveja artesanal sediadas em Cascais. Fundada há meia dúzia de anos pelo cervejeiro brasileiro Roberto Stein, prepara-se para lançar uma nova bebida — a OYÁ, em parceria com a marca local de kombucha Homelab — e está prestes a abrir um espaço na vila.

É no bar e fábrica de cerveja artesanal HopSin, em Colares, no concelho de Sintra, que encontramos Roberto Stein numa quinta-feira de manhã. O cervejeiro está a acompanhar a produção do primeiro lote da OYÁ, a primeira cerveja sem álcool que sai das suas mãos. Com ele estão os mestres artesãos de cerveja da HopSin, que tratam do processo com a delicadeza necessária e colocam a bebida em barris para, depois, a passar para latas. A cerveja é fotossensível, explica-nos Roberto, pelo que a vantagem da lata face à garrafa é precisamente a preservação e a protecção contra a luz.

Bah! Craft Beer
Rita Gazzo

“O mercado começou a pedir cervejas menos alcoólicas. Essa tendência existe, os jovens estão a beber menos, os velhos também. Há uma preocupação com a saúde”, diz Roberto à Time Out Cascais, explicando por que decidiu apostar numa cerveja sem álcool, que se revelou um forte desafio.

“Estou num grupo de estudo com outros cervejeiros. Comprámos muitas sem álcool e experimentámos, mas é diferente… Como não têm a fermentação completa, sensorialmente são diferentes, têm pouca estrutura para suportar o que se coloca lá dentro. Conversámos muito, pesquisei, li muito e foi quando provei uma cerveja ácida espanhola, feita com fruta, que percebi: é isto que quero fazer.”

Bah! Craft Beer
Rita GazzoO primeiro lote da OYÁ

Roberto Stein e a sua Bah! Craft Beer já tinham vencido, em 2023, o prémio da categoria Ale do Concurso Nacional de Cervejas Caseiras e Artesanais, com a sua Catharina Sour Maracujá (3€). Este ano, voltou a ser distinguido no mesmo concurso com a Gose Passion Sour, que chega brevemente ao mercado. E foi por essa experiência de fazer cerveja com frutas que teve a ideia para criar a receita da OYÁ, cujo nome se refere a uma divindade na cultura popular afro-brasileira. 

Uniu-se à Homelab, com experiência no mercado das bebidas não-alcoólicas, para uma parceria que começa agora a dar frutos. A cerveja, feita com maracujá, ainda não foi oficialmente lançada, mas alguns dos espaços que trabalham com as bebidas da Bah! Craft Beer já estão a receber latas deste primeiro lote — que, como sempre, serve como teste para ligeiros ajustes para a próxima produção.

Bah! Craft Beer
Rita Gazzo

Esta é a mais recente novidade da Bah! Craft Beer, mas tudo começou há cerca de 15 anos, quando a cultura da cerveja artesanal atingiu em força o Sul do Brasil, onde Roberto Stein vivia com a família. Tinha uma loja de utensílios de cozinha e, de repente, diversos clientes começaram a comprar panelas grandes que pudessem albergar enormes quantidades. Explicaram-lhe que estavam a fazer cerveja caseira, Roberto passou a conversar com os clientes sobre o assunto. “Percebi que havia uma oportunidade de negócio e desenvolvi um kit para fazer cerveja, que vendia na loja.”

Para aprofundar os seus conhecimentos na área, fez um curso de cervejeiro. Rapidamente ousou também testar fazer a sua própria cerveja. “No Sul do Brasil fazemos muitos churrascos, então fazíamos cerveja para consumo próprio”, explica. 

A decisão de se mudar para Portugal foi repentina e aconteceu depois de Roberto viajar com a mulher para este lado do Atlântico, numas férias em 2017. “Ficámos apaixonados”, conta o brasileiro. “Temos duas filhas, quem sabe não levamos a família para Portugal, pensámos. Tínhamos passaportes europeus, o meu avô nasceu na Polónia, a minha esposa e as minhas filhas têm passaporte italiano, então começámos a planear a mudança.”

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Rita Gazzo

Enquanto a mulher de Roberto, psicanalista, avaliava o que teria de fazer para exercer a sua profissão por cá, Roberto decidiu investir tudo na cerveja. “Fiz um curso de sommelier, fiz um curso de fermentação, um curso de levedura, visitei fábricas e mais fábricas, trabalhei de graça uns três meses num brewpub, tudo antes de me mudar para Portugal já com este objectivo.”

Mudaram-se em Outubro de 2018. Poucos meses depois, já em 2019, nascia a Bah! Craft Beer. “Bah é uma expressão do Sul do Brasil, um diminutivo para ‘barbaridade’, nós gaúchos cortamos muito as palavras. Usamos o ‘bah’ como a expressão que vocês usam, ‘fogo’, como uma interjeição”, explica Roberto. 

Em Portugal, foi explorando o mercado das cervejas artesanais, participando em eventos, conhecendo outros produtores e envolvendo-se no meio. “Comprei um pequeno equipamento e fazia cerveja na garagem, bem caseira, no Estoril. Botava num barril e comecei a ficar mais profissional, porque já estava a entender como trabalhar à pressão, porque antes era só em garrafa. E comecei a vender em feiras, a primeira em que participei foi na Casa da Guia, no espaço que hoje é o Palaphita.”

Bah! Craft Beer
Rita GazzoA nova OYÁ, servida em copo

A primeira cerveja que criou foi a sua versão da APA (3€), uma American Pale Ale. E rapidamente percebeu que, hoje com 59 anos, não quereria gerir uma fábrica nem todo o processo de produção. O que Roberto Stein faz, assim, é estabelecer parcerias com fábricas que executam as suas receitas — o cervejeiro brasileiro acompanha todo o processo, como aconteceu neste dia em que o visitámos na HopSin.

Por outro lado, arrenda uma câmara fria, também no concelho de Sintra, onde armazena a cerveja que tem em stock – um passo essencial para que ela não perca qualidade, sobretudo quando falamos de cerveja artesanal, não pasteurizada. “E depois vou indo lá, que nem uma formiguinha, retirando para botar no mercado.”

Bah! Craft Beer
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Hoje, a Bah! Craft Beer vende as suas cervejas directamente ao público, através do seu site oficial e dos eventos em que participa, mas também conta com mais de 80 espaços clientes — restaurantes, bares ou cafés, de Cascais, Lisboa e Porto — que vendem as especialidades da marca. 

Entre elas encontram-se a IPA (3€), a NEIPA (4,50€), a Red Ipa (3,50€), a American Blonde (2,75€), a Outmeal Stout (3€) e a Session IPA (4,50€), vendida numa lata que homenageia Cascais, com o Farol de Santa Marta perante o pôr-do-sol. “É uma cerveja com o amargo das IPA, mas bem leve em termos de álcool.” Um pack de seis garrafas e um abre-caricas fica por 19€, enquanto uma assinatura mensal da marca está neste momento disponível por 35€.

Bah! Craft Beer
Rita Gazzo

O futuro já se avizinha sorridente para os lados de Cascais. Em parceria com um restaurante do concelho, a Bah! Craft Beer está a preparar para breve a abertura de um espaço na vila, onde dará seguimento à sua história de cervejas artesanais de Cascais.

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