20 hotéis em Cascais que tem de conhecer

Quase invisível a partir da estrada do Guincho, o hotel The Oitavos é um gigante com mais de uma centena de quartos, onde a decoração minimalista em tons de azul – o mesmo azul do mar que se vê para lá das dunas, para onde quer que se olhe – é apenas interrompida pelas enormes jarras de flores e pelos quadros de José Anahory (também responsável pela escultura feminina à entrada e pelo projecto de arquitectura do edifício em forma de Y, todo envidraçado). O spa tem oito salas para tratamentos e um longo menu, que inclui tratamentos corporais, faciais, massagens com pedras quentes, massagens a solo ou a dois – é escolher e deixar-se ficar. No restaurante é possível escolher entre os petiscos e os pratos mais compostos. Se entretanto começar a pensar em passar o dia na praia, a piscina exterior é capaz de o fazer mudar de ideias e a interior, aquecida, é perfeita para os dias ventosos característicos da zona.

No final do século XIX, D. Carlos escolheu Cascais como destino de veraneio – e a vila não mais foi a mesma. Pela baía acima, e em torno da fortaleza da Cidadela, os amigos aristocratas do rei construíram mansões e palacetes para lhe fazerem companhia nos meses quentes. Foi o caso de Francisco Trindade Baptista, membro da corte, que não podia imaginar que, mais de cem anos depois, a sua casa de estilo romântico, com varandas, janelas e portas rococó, seria um boutique hotel moderno e luxuoso, com uma fachada de Vhils (Alexandre Farto): o Artsy. 

O charme do final do século XIX mantém-se, mas juntou-se-lhe uma nova ala, de traços contemporâneos e minimalistas, ligada por uma estrutura de vidro, onde é possível dormir dentro de uma instalação de arte urbana, que abraça as janelas do lado de fora dos quartos, deixando entrar a luz por pequenos orifícios. 

Além dos Artist Rooms, existem os Cosy Rooms, os Superior Rooms, as Signature Suites e a Attic Suite (no último piso, ideal para três pessoas), num total de 19 quartos espalhados por três pisos. No topo, um inesperado rooftop exclusivo para hóspedes com uma pequena piscina aquecida, espreguiçadeiras confortáveis, honesty bar e serviço até às 20.00.

No interior, espalhada pelos quartos, corredores e zonas comuns – como o Pink Room, para reuniões, jantares privados, exposições e workshops, ou o irreverente Library Bar à entrada, onde os hóspedes são acolhidos na hora de fazerem o check-in e onde podem trabalhar, ler, picar qualquer coisa ou beber um copo ao longo do dia – há sempre arte.

Se hotéis com centenas de quartos não fazem o seu género, não se deixe enganar pelo tamanho do edifício que até 2007 acolheu o icónico Hotel Atlântico: hoje,  apenas três andares do Intercontinental têm quartos, estando os restantes reservados a apartamentos de luxo. Onde quer que se esteja – na varanda do quarto, numa espreguiçadeira da piscina ou no restaurante Bago do Vin a tomar o pequeno-almoço, a beber um copo ou a jantar – há vista para o oceano, bem como para a charmosa baía de Cascais e para a linha que se estende até Lisboa. Para chegar ao paredão e a praias como a das Moitas não são precisos mais do que umas dezenas de passos – mas compreendemos que acabe por não conseguir sair do hotel, entre as tentações da piscina aquecida e do bar Ocean Spot, as massagens relaxantes do spa e a impressionante lista de vinhos, espumantes e champanhes do Bago du Vin, para acompanhar com queijos e charcutaria portuguesa ou com os pratos do talentoso chef Pedro Lopes.  

Nem só de vista para o mar vive o Homem e é por isso que o Onyria Marinha Boutique Hotel pode muito bem figurar numa lista dos melhores hotéis na Linha de Cascais. Até porque aqui a vista também não é nada de se mandar fora: verde que nunca mais acaba, ou não estivéssemos mesmo no meio do campo de golf da Quinta da Marinha. A pensar em quem vai para Cascais com os miúdos a reboque, o hotel é children family, com actividades para os mais novos se entreterem enquanto os pais relaxam no spa, apanham sol na piscina ou namoram na cama super king size.

Com uma vista deslumbrante sobre o mar, o Evolution Cascais-Estoril instalou-se no edifício do clássico Hotel Paris, no Estoril, a poucos passos da praia da Poça. O bar animado logo à entrada, com música ao vivo e DJs todos os fins-de-semana; o restaurante The Kitchen, que serve pequenos-almoços, almoços e jantares; e o espaço para descontrair, trabalhar ou ver desporto The Patio acolhem hóspedes e não-hóspedes. Depois há 133 quartos funcionais, minimalistas, confortáveis e com muita luz natural (cinco são suites com 70 metros quadrados e 24 são family rooms, comunicantes e perfeitos para quem leva as crianças atrás) espalhados por cinco andares. Mas o que mais impressiona são os dois últimos pisos: no sexto mora o spa Wellness by Sayanna, com quatro salas de tratamentos e piscina interior aquecida com vista sobre o oceano; no sétimo e último, com uma vista de 180º que vai da baía de Cascais à praia de Cascavelos, está a piscina infinita e o futuro restaurante The Upper Deck.  

Por trás da Casa das Histórias Paula Rego, o Chalet Ficalho sempre se destacou pelo seu estilo arquitetónico. Desde o início da sua construção, em finais do século XIX, que os seus telhados redondos cinzento-esverdeados, as paredes de pedra cor de salmão, as portadas vermelhas nas janelas altas e o jardim botânico com espécies exóticas (o pai da Condessa de Ficalho foi um dos fundadores do Jardim Botânico de Lisboa e desenhou este à sua imagem) cativam quem passa. A partir de agora, podem entrar: a quarta e quinta gerações da família transformaram a casa de férias de Maria Josefa de Mello numa casa de hóspedes que evoca os anos dourados da alta sociedade portuguesa.

O grande hall de entrada e a sala de jantar, digna de um museu, decorada com telas pintadas com árvores de fruto, são os locais onde o restauro é mais impressionante; no entanto, a "sala redonda" (que não é redonda) e a "sala pequena" (uma mini-biblioteca com acesso direto ao exterior), que se encontram no mesmo piso térreo onde os hóspedes são recebidos, também albergam relíquias de outros tempos.

Os nove quartos distribuem-se pelo primeiro andar e pelo sótão, ao qual se acede pela escada de madeira ou pelo novo elevador, adornado com uma fotografia de 1900 que mostra a trisavó e a avó de Francisco com amigos e um cão de água, semelhante ao que nos acompanhou na visita alguns dias antes da inauguração. "O sótão estava em péssimas condições. Não tinha teto e estava aberto para o céu. Eu e os meus primos vínhamos para aqui brincar e explorar os baús, cheios de medo", recorda o tetraneto do primeiro proprietário.

Para além de ter agora todos os confortos modernos necessários (ar condicionado, aquecimento, elevador, internet), e de aproveitar ao máximo os materiais originais (por exemplo, as cabeceiras das camas são feitas com restos de madeira do restauro), a maior novidade é a deliciosa piscina no jardim, onde outrora existia um semicírculo de palmeiras. Se desejar, o pequeno-almoço também pode ser servido aí. Ou, aliás, em qualquer outra parte da casa.

O slogan da casa de hóspedes é "Faça do Chalet Ficalho a sua casa". Uma residência de verão, que faz lembrar o tempo dos reis e das rainhas. E se não puder pernoitar, há planos para, em breve, servir chás da tarde e cocktails.

Mais do que uma viagem ao glorioso passado da Linha de Cascais, este clássico soube sobreviver com charme até aos dias de hoje. Os jardins, os quartos românticos, as zonas comuns imponentes, decoradas com fotografias da realeza emolduradas, lustres e até um piano de cauda, continuam a deslumbrar mesmo quem já se converteu ao minimalismo nórdico ou ao maximalismo da decoração tão em voga nos novos hotéis de luxo. O pequeno-almoço é um rival à altura do que se serve a poucos passos, na afamada Pastelaria Garrett, e a piscina, por onde passou o elenco do filme 007 - Ao Serviço de sua Majestade, aqui hospedado, uma tentação mesmo para quem pensava passar os dias estendido nos areais do Estoril.

É uma obra magnífica que não se espera encontrar na Malveira da Serra: um complexo de casas de madeira nórdicas, altas e escuras, que escondem um edifício único enorme, com um pé direito altíssimo e oito quartos temáticos identificados por grandes clássicos da literatura. É um hotel literário? Não oficialmente, mas há livros espalhados por todo o lado, até nas escadas que levam aos quartos. O piso térreo da casa é um espaço aberto gigante com vários ambientes, entre uma mesa de jogo, cantos de leitura e sofás e televisão, e estende-se a uma sala com cozinha onde se serve o pequeno-almoço e o jantar (por marcação) e que está coberta de candeeiros com livros abertos a fazer de abajur. Impossível não pegar num e começar a ler.

A mansão que no século XIX pertencia ao Conde de Cabral é hoje um hotel de luxo da cadeia internacional Design Hotels. Em cima do Atlântico, o Farol tem uma das mais belas piscinas da linha de Cascais, além da esplanada agradável para beber um copo ao fim do dia, das interpretações originais da gastronomia portuguesa do chef Sebastian Fritye no restaurante The Mix, e de um dos melhores restaurantes de sushi da zona, o Sushi Design – quatro boas desculpas para ir ao hotel sem ter de lá ficar a dormir. Mas se a ideia é mesmo fazer check-in, entre no edifício clássico, ao qual foi acrescentado um módulo moderno, e escolha entre as imponentes suítes com vista mar, tendo ainda à disposição quartos superiores com vista mar e quartos vista jardim. 

Todo o ambiente remete para o luxo de um forte antigo, com o chão de tijoleira escura, carpetes decoradas e cortinados pesados nas janelas, a contrastar com o glorioso Atlântico lá fora. O maior forte desta fortaleza está na cozinha com o mesmo nome. O restaurante ganhou uma estrela Michelin em 2001 e nunca mais a perdeu – na altura com uma poderosa influência da escola francesa, agora com uma grande inspiração no mar.

Alguma vez dormiu em casa de um rei? Eis a sua oportunidade. A morada do último rei de Itália, Humberto II, em Cascais, foi transformada num hotel de luxo, em que a vista para o mar é tão espectacular que chega a ofuscar a decoração requintada de Graça Viterbo. De pouco mais de uma centena de quartos, os menos interessantes são os que oferecem vista de jardim. Se é para se armar em monarca, opte pela categoria Seaview Retreat dos quartos standard, por uma suite ou – por que não? – por uma penthouse. Em todos irá encontrar amenities da portuguesa Castelbel. Mas as áreas comuns também são dignas da realeza: destaque para a piscina exterior, para o spa com thalassoterapia (inspirado nas termas romanas, com mais de mil metros quadrados, dez salas de tratamentos, piscina, sauna, jacuzzi e ginásio) e para o restaurante italiano Belvedere. 

Situado numa antiga casa de família mesmo em frente ao mar, o Estoril Vintage Hotel é uma encantadora viagem ao passado. A casa grande, que foi construída em 1917 para Alfredo da Silva, o visionário empresário que dá nome à rua, reabriu como um hotel boutique de charme, com 18 quartos requintados, uma piscina, um spa e serviço personalizado disponível 24 horas por dia. Os hóspedes podem desfrutar de um lugar exclusivo na Praia das Moitas, completo com serviço de bar, motorista privado e degustações de vinho e azeite. O design de interiores foi realizado por Graça Viterbo, que é natural de Cascais.

O número 5 da Rua Nova da Alfarrobeira foi casa de família, consultório médico, hostel e é agora uma guesthouse de tributo ao mar. A ideia partiu de Francisco Garcia e Duarte Reis, que decidiram apresentar uma proposta para recuperar a casa centenária no centro da vila e transformá-la em ponto de encontro entre a comunidade local e a nova tribo de surfistas que saltita de poiso em poiso atrás da onda perfeita em viagens de curta duração.

A antiga Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, em Cascais – património nacional – é agora morada da Pousada de Cascais, Pousada Historic Hotel & Arte District. Com 108 quartos e 18 suites de luxo, quase todos com vista para o mar, o hotel conta com duas praças ao ar livre, o restaurante Taberna da Praça, com esplanada, a curiosa livraria Déjà Lu, com livros em segunda mão e várias galerias de arte. A arte está, aliás, em todo o lado: corredores, quartos e zonas comuns, com algumas peças de criadores locais.

Maria Saldanha Daun e António Monteiro correram o mundo juntos mas foi quando começaram a levar os dois filhos que perceberam que o mundo não está preparado para pais em apuros. Camas de bebé sem colchão, cozinhas sem talheres, polibans impossíveis e demasiados bibelôs. Encontraram de tudo. Então decidiram fazer pelos outros aquilo que gostavam que tivessem feito por eles e criaram o Sea Ya – Family Surf Houses, no centro da Charneca, a escassos 15 minutos a pé do Guincho. Compraram uma moradia antiga e dividiram-na em três casas independentes (T0 a T2) super, hiperpreparadas para receber famílias.

Na bonita estrada que liga o centro de Cascais à Praia do Guincho fica este hotel boutique, com mar de um lado e pinheiros altos do outro. Com ambiente intimista e confortável, a sua piscina abrigada do vento e uma belíssima varanda que serve 1) de esplanada ao restaurante; 2) para assistir ao pôr-do-sol, é aquele sítio perfeito para quem quer uma estadia luxuosa, mas num sítio familiar. Resta dizer que através da ciclovia, que passa mesmo à porta, é seguir caminho ora para a Boca do Inferno, ora para o Guincho e o Parque Natural de Sintra-Cascais.

Mais uma opção de alojamento na Quinta da Marinha, que merece uma visita mesmo que não seja para ficar a dormir. Tem 150 quartos sim senhor (a maior suite tem uns impressionantes 200 m²), mas também o restaurante japonês de fusão de Olivier da Costa, o Yakuza, onde vale sempre a pena marcar mesa, uma irresistível piscina dividida em dois (metade fria, metade quente) com vista para o jardim e uma agenda animada, que inclui brunches e mercados. As famílias podem ir descansadinhas: para os mais novos, o Brave Club inspirou-se nas vilas indígenas e tem tendas enormes e muitas actividades.

Conhecido como Caixinha de Amêndoas, o Palácio dos Duques de Loulé na praia da Conceição – sim, onde o Senhor Presidente gosta de mergulhar quando está demasiado vento no Guincho – transformou-se numa pequena estalagem nos anos 60. Tinha apenas 11 quartos, mas cresceu e até ganhou um nome chique: The Albatroz Hotel. A traça antiga mantém-se, e o charme também, mas os quartos (há três tipologias diferentes) estão mais luxuosos, em tons de verde, azul e bege. Ganha a taça da melhor varanda da vila, com uma piscina com espreguiçadeiras confortáveis e uma pequena esplanada para o chá das 5 ou para um copo ao fim do dia.

Mais um Onyria, desta vez com uma vista incrível para o green. Há spa, ginásio e quartos espaçosos, mas o ex-líbris é mesmo o campo de golfe desenhado por Robert Trent Jones. Tem 5870 metros e 18 buracos. O 19.º é o bar Trent Jones, com vista para o lago, que serve refeições leves e bebidas e de vez em quando tem música ao vivo. É possível criar pacotes de golfe à medida (com alojamento, aulas, acesso ilimitado aos campos das redondezas) e levar a família atrás: as piscinas (exterior e interior) e o kids club, prometem não deixar muito tempo livre para chatear os pais.