Os melhores museus em Cascais

A artista (um dos nomes mais aclamados da arte portuguesa) morreu em 2022, aos 87 anos. Mas o seu museu, desenhado pelo Pritzker de 2011, Eduardo Souto de Moura, continuará de portas abertas. A colecção é constituída por mais de 600 obras, inclusive um têxtil de grandes dimensões, e é reflexo de um percurso artístico de mais de 50 anos. Encontrará também peças do seu marido, o britânico Victor Willing, e boas exposições temporárias, onde poderá ver pintura, tapeçaria, azulejo, gravura e desenho. Após uma dose de arte, aproveite o jardim para passear e esticar-se ao comprido na relva para uma tarde tranquila ao sol.

A enseada de Santa Marta, junto à Marina de Cascais, é um dos sítios mais românticos e fotogénicos da vila. Ali existe, desde o início do século XX, a Casa de Santa Maria. Foi residência privada durante quase 100 anos, até ter chegado às mãos da autarquia, responsável por tê-la aberto ao público. Num passeio pela casa encontram-se vários painéis de azulejos, duas incríveis varandas, com pufes onde se pode sentar e aproveitar a vista, a antiga capela, a cozinha e o salão, tudo sem o mobiliário de antigamente, mas com igual beleza.

O antigo edifício da Casa dos Guardas do Palácio Condes de Castro Guimarães acolhe hoje as colecções do reconhecido decorador português, um cascalense que viveu em Madrid durante boa parte da sua vida e conviveu com personalidades de alto gabarito, como Coco Chanel, Maria Callas, Truman Capote, Henry Kissinger e Amália Rodrigues. É também sede da Cátedra Conde de Barcelona da Fundação Duques de Soria de Ciência e Cultura Hispânica em Portugal. 

Nesta casa-museu, funciona não só o Arquivo Histórico Municipal como a Livraria Municipal de Cascais, com todas as obras editadas ou apoiadas pela autarquia. Antiga residência do empresário milionário Henrique Sommer, foi inaugurada pelo Bairro dos Museus em 2016. No último andar está parte do arquivo, com um espaço para consulta de obras, onde se encontra a secretária de Branquinho da Fonseca (1905-1974), o pai das bibliotecas itinerantes em Portugal. No andar intermédio, encontra as exposições temporárias. No piso térreo, mora a tal livraria municipal da vila.

Inaugurado em 2000, como um espaço multidisciplinar vocacionado para as artes visuais, o Centro Cultural de Cascais nasceu da reabilitação do antigo Convento de Nossa Senhora da Piedade, um edifício secular edificado por iniciativa do IV Conde de Monsanto, D. António de Castro. Além de exposições, distribuídas por três andares, é costume receber concertos e outros eventos, como conferências e performances. Em mostra permanente, encontram-se obras do acervo da Fundação D. Luís I, responsável pela programação. Dispõe ainda de uma cafetaria servida por uma esplanada num pátio interior.

Se gosta de arte, tem obrigatoriamente de visitar a Fortaleza da Cidadela de Cascais, que se tornou num sofisticado espaço de exposição e criação artística sob a insígnia do Grupo Pestana. A arte estende-se a todo o complexo, incluindo até aos quartos e corredores do Hotel Pestana Cidadelas Cascais, um dos primeiros hotéis da Europa a ter um Art District. Conte com galerias, estúdios, um project room, lojas e uma “agenda ongoing”, que prevê duas grandes mostras colectivas, para as quais são convidadas diferentes direcções artísticas ou curadorias e onde, aos artistas e espaços residentes, se somam convidados cujos trabalhos e obras reclamam para si todas as áreas do hotel.

Portugal não participou na II Guerra Mundial, mas Cascais e o Estoril foram terra de exílio de reis e aristocratas e zona de cruzamento de espiões. Esses anos estão registados em fotografias e documentos, em exposição no segundo andar da Estação de Correios do Estoril, onde está instalado o Espaço Memória dos Exílios, num edifício datado de 1942, da autoria do arquitecto modernista Adelino Nunes. Inaugurado em Fevereiro de 1999, tem como objectivo principal a evocação da memória de um dos acontecimentos mais relevantes da história do concelho: ter representado um local de refúgio, espera e passagem de milhares de exilados e refugiados no contexto dos conflitos europeus.

Na antiga Torre de S. Sebastião, edificada entre 1897 e 1900, na enseada de Santa Marta por iniciativa do aristocrata e financeiro Jorge O'Neill, esta obra notável da arquitectura de veraneio cascalense encontra-se no actual Parque Marechal Carmona. Em 1924, o Conde de Castro Guimarães legou em testamento, à vila de Cascais, a casa e todo o seu recheio artístico e bibliográfico, para aí se constituir um museu municipal e biblioteca pública, em ligação com os jardins e o parque contíguo “para recreio do público”.

Viola micaelense, cavaquinho, bandolim português, harmónio, castanholas, adufes... Podíamos continuar a debitar todo um rol de instrumentos portugueses que, quase de certeza, o Museu da Música Portuguesa – Casa Verdades Faria teria um exemplar. Além dos espólios de Michel Giacometti e Fernando Lopes-Graça, reúne também o acervo do maestro Álvaro Cassuto, numa casa projectada por Raul Lino. O jardim, de entrada gratuita, também é muito bonito.

Qualquer ida prolongada a Cascais deve incluir passagem por este museu de entrada gratuita, onde se explica a história da vila de uma ponta à outra. Já para não falar do próprio edifício, revestido por um vasto e rico conjunto de azulejos, e do centro histórico que o envolve. Remodelado há dois anos, o museu beneficia também de tecnologia interactiva, de um espaço dedicado à transmissão de filmes históricos, cedidos pelo Arquivo Nacional de Imagens em Movimento e pelo arquivo da RTP, e de uma mercearia reabilitada. Mesmo ao lado, as cetárias romanas – pequenos tanques usados para salgar o peixe e fazer molhos e preparados de peixe – também valem a visita.

Comparar a visita a este museu a um mergulho no mar é capaz de ser a coisa mais óbvia, mas não resistimos. Construído em 1992, não só preserva as histórias da comunidade piscatória de Cascais como aborda o estudo de várias temáticas relacionadas com o mar, uma prática iniciada pelo Rei D. Carlos, ainda no século XIX. Em cada sala, é explorado um assunto diferente, desde os fósseis marinhos às embarcações e histórias de pesca da vila. Graças à colecção de Marinharia e Navegação, poderá ver desde réplicas de veleiros até todo um conjunto de instrumentos náuticos. Mas não se esqueça de visitar a loja do museu, onde encontrará postais ilustrados, perfeitos para enviar para os seus amigos e familiares.