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Paula Bobone está mais associada a livros de etiqueta e protocolo social mas, aos 79 anos, a autora resolveu aventurar-se num novo género, fazendo pesquisa para escrever sobre a história do emblemático Palácio Estoril Hotel. O resultado é Palácio no Estoril: O Hotel Inspirador, editado pela Câmara Municipal de Cascais, com lançamento marcado para 20 de Setembro no próprio hotel, a partir das 18.00.
Há mais de 20 anos que Paula Bobone passa férias na zona do Estoril, onde a filha mora actualmente. Ao longo das últimas décadas, a autora e consultora tornou-se habitual nos eventos do Casino Estoril, nas festas da elite de Cascais, naquilo que descreve como um “tempo glamouroso de muitos convites”. Embora mantivesse uma familiaridade com a região, nunca tinha pensado em explorá-la num livro.
Isso aconteceu por acaso, faz agora um ano, explica-nos Bobone. “Eu e o meu marido fomos apenas tomar um café e comprar qualquer coisa. Por curiosidade, entrámos no hotel. O meu marido ficou curioso com a quantidade de fotografias de celebridades e personalidades da história que por ali passaram”, recorda. É sabido que o Palácio Estoril Hotel acolheu diversos monarcas e personalidades políticas e económicas, além de ter sido um dos cenários para o filme 007: Ao Serviço de Sua Majestade (1969), com George Lazenby no papel do famoso agente secreto James Bond.
“Eu fiquei ali sentada e o concierge, que me conhecia, veio ter comigo e disse-me: ‘Dona Paula, quer um chá?’ Eu agradeci, disse que não valia a pena, que o meu marido estava só ali a ver as imagens e o homem disse-me que conhecia aquilo tudo porque trabalhava no hotel há mais de 60 anos. Conhecia a história toda e tinha entrado no filme do James Bond. Achei aquilo extraordinário.”
As histórias narradas por José Diogo Vieira, que trabalha no hotel desde 1964, tendo entrado quando tinha apenas 14 anos, inspiraram Paula Bobone a pensar num livro. “Perguntei-lhe se havia algum livro sobre aquilo. Ele disse-me que havia uns romances recentes que se inspiravam naquele cenário, que é muito bonito e chique, mas que não existiam livros descritivos da história do hotel. Então pensei em fazer esse livro.”
Inspirado pelo luxo de Biarritz, e à medida que acumulou responsabilidades governativas na região (tendo sido vice-presidente e presidente da Câmara Municipal de Cascais), idealizou um novo Estoril – que contemplasse habitações, o casino, as galerias comerciais com as famosas arcadas, os jardins, termas e o Palácio Estoril Hotel. Adquiriu a antiga Quinta do Viana e, entre 1918 e 1930, todas estas instalações foram sendo inauguradas. “Ele trabalhou com arquitectos franceses, mas a construção foi portuguesa”, explica Paula Bobone. Outra peça-chave era a linha do comboio com ligação directa não só a Lisboa e a Cascais, como a Paris, já que o Sud-Express chegou a ter ali a sua estação terminal.
Um refúgio tranquilo e requintado
Numa época de grandes tumultos na Europa, sobretudo a partir da década de 40 – com a Segunda Guerra Mundial e a invasão nazi de França –, muitas das elites procuraram refúgio na ponta ocidental do continente, num país neutro que não fosse directamente afectado pelo conflito, onde se tinha estabelecido um estilo de vida de requinte e reinava uma certa tranquilidade.
“O hotel, inaugurado em 1930, era grandioso e tornou-se um local de muitas festas. A partir daí, toda a região ficou contagiada: vários reis e personalidades importantes construíram as suas villas na zona do Estoril.” É o caso de Humberto II, o último rei de Itália; ou do magnata boliviano Antenor Patino, que construiu aquilo que se tornaria num dos condomínios mais luxuosos do país.
A história é contada ao detalhe no livro Palácio no Estoril: O Hotel Inspirador, uma pequena obra bilíngue que, depois de ser lançada em Cascais, deverá ter um evento de apresentação em Lisboa. Paula Bobone adianta que já está a trabalhar noutros livros relacionados com a região de Cascais — e que no próximo ano irá publicar um livro que conta a sua própria história de vida.
Palácio no Estoril: O Hotel Inspirador. 10€