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Por trás deste filme está um fenómeno literário: o romance com o mesmo nome, escrito e auto-editado pelo canadiano William P. Young, que se transformou num bestseller “cristão” graças ao boca a boca e às redes sociais, tendo ocupado durante muito tempo o número um do top de vendas de Ficção do The New York Times. É a história de Mack (Sam Worthington), um homem que perde definitivamente a fé depois de a sua filha mais nova ter sido raptada e morta por um assassino em série de crianças. Um dia, Mack recebe um estranho bilhete convocando-o para a cabana nas montanhas onde o assassino matou a sua filha, assinado com o nome que a sua mulher dá a Deus, “Papá”. Mack pensa tratar-se de uma armadilha do criminoso, que nunca foi apanhado, mas lá chegado, dá de caras com a Santíssima Trindade, que tomou forma humana e o submete a um processo de “cura espiritual” ao longo de um fim-de-semana. Se assim contado parece ridículo, visto ainda é mais. A Cabana é uma miscelânea muito simplista, muito pirosa e muito fungada de conversa fiada de auto-ajuda New Age, de doutrina cristã aguada e de clichés de melodrama de família, com um toquezinho politicamente correcto, filmado pelo britânico Stuart Hazeldine como se se tivesse ido inspirar nas ilustrações mais kitsch dos manuais religiosos. De deixar de cara à banda o mais paciente e tolerante dos crentes.
Por Eurico de Barros