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A Revolução Silenciosa

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La revolución silenciosa
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A Time Out diz

4/5 estrelas

O silêncio pode ser tão incómodo para o poder
 como o barulho. Foi o que descobriram, em 1956, ainda antes da construção do Muro
 de Berlim, os alunos de uma turma de finalistas de um liceu de uma cidade da RDA, quando decidiram fazer dois minutos 
de silêncio para protestarem contra a repressão soviética na Hungria, que acompanhavam secretamente pela rádio da RFA, e os estava a emocionar.

O reitor do liceu, comunista convicto mas homem cauteloso e de bom senso, tentou menorizar o incidente e impedir que tivesse repercussões exteriores. Mas os comissários do partido tomaram conta do caso e levaram-no até
 às mais altas instâncias. E os rapazes e raparigas da turma foram acusados de ser contra-revolucionários, instados a delatar os cabecilhas do protesto e ameaçados de expulsão.

A Revolução Silenciosa, de Lars Kraume, reconstitui este episódio real. E fá-lo sem o pintar a preto e branco ideológico
nem entrar em maniqueísmos, ilustrando os muitos dramas vividos pelos alemães no pós-guerra, quando da divisão ao meio do país, que transportavam ainda as marcas do conflito e continuavam a opor pessoas, famílias e amigos.

Assim, Kurt, o rapaz que tem a ideia do protesto silencioso e
 é filho do severo presidente da Câmara local, não abdica de, todos os anos, no aniversário do avô, ir à campa deste na RFA pôr um ramo de flores, apesar dele ter sido soldado das Waffen-SS; Erik, um dos seus condiscípulos, filho de um herói do Estado que morreu num campo de prisioneiros nazi, e socialista fervoroso, junta-se mesmo assim ao protesto; e o pai de Theo, outro dos rapazes, apesar de ter participado na revolta anti-soviética de 1953, instiga o filho a não se meter em problemas e vai interceder por ele junto do ministro da Educação.

Toda esta diversidade humana e de sentimentos, e
a multiplicidade de dilemas
que põe em cena, confere A Revolução Silenciosa o seu realismo e a sua complexidade dramática. Sem que Lars Kraume deixe de estar clara
e firmemente do lado dos
alunos (interpretados por um óptimo elenco juvenil) que, apesar das pressões, ameaças e hesitações, se mantêm fiéis às suas consciências e princípios, indiferentes às consequências que pendem sobre eles. O filme fecha com uma fotografia da verdadeira turma de 1956, numa sóbria homenagem àquele corajoso grupo de jovens.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Duração:111 minutos
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