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Judy

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A Time Out diz

3/5 estrelas

Judy, de Rupert Goold, baseado na peça de teatro End of the Rainbow, de Peter Quilter, apanha Judy Garland (interpretada por Renée Zellweger) em 1969, alguns meses antes da sua morte, em Londres, para onde tinha sido contratada para cantar num clube nocturno, o Talk of the Town.

Num prólogo passado em Los Angeles, assistimos à humilhação passada pela actriz e cantora que, chegada à cidade após ter andado em digressão pelos EUA com o filho e uma das filhas, é despejada do luxuoso hotel em que vivia com as crianças por não ter pago a conta.

Judy Garland, então com 47 anos, tinha deixado para trás os seus dias de glória, não tinha casa, estava pesadamente dependente de fármacos, bebia muito e dormia pouco, estava insolvente e teve que confiar o filho Joey e a filha Lorna à guarda do pai, Sidney Luft, nos EUA, para ir trabalhar em Inglaterra. Onde, anos antes, em 1963, havia rodado, ao lado de Dirk Bogarde, o seu último filme, Triunfo Amargo, estranhamente premonitório, por em parte antecipar a situação em que se encontraria em 1969.

Com a excepção do referido prólogo, e de dois ou três saltos atrás no tempo, para a altura em que Judy era jovem, tinha contrato com a MGM, estava a rodar O Feiticeiro de Oz, era rigorosamente vigiada e controlada pela mãe e pela produção e começava a ficar dependente de comprimidos para a ajudarem a aguentar as filmagens e conseguir dormir, o filme recria, com algumas liberdades, essa estadia de trabalho da instável Judy Garland na capital inglesa (onde morreria). Onde ela tanto podia mostrar-se no pleno domínio de si mesma e das suas colossais capacidades artísticas, dar um espectáculo triunfal e ser entusiasticamente aplaudida; como ir-se abaixo, fazer birras de diva, não conseguir aguentar cinco minutos em palco e ser insultada e vaiada.

Judy é um filme dignamente competente e alheio a qualquer exploração sensacionalista da figura de Garland (pelo contrário, sente-se clara e constantemente a simpatia do realizador, do argumentista e do autor da peça por ela, e pela situação em que se encontrava), e que recorre a vários situações feitas formais e dramáticas para contar a história que se propôs.

É a interpretação de Renée Zellweger que levanta Judy do seu profissionalismo cumpridor. Sem maneirismos exibicionistas, exageros miméticos ou piedades “trágicas” que poderiam tombar no patético caricatural; sem forçar a parecença física, e o modo de ser e estar em palco e perante quem a rodeia, e cantando com a inteligência de quem sabe que nunca poderá emular os dotes vocais de Judy Garland e o seu poder carismático em palco, nos números intimistas e românticos como nos expansivos e entusiasmantes, Zellweger capta e comunica tudo. O rasgado e angustiante tormento pessoal da mulher, e o imenso e jubilatório talento da artista, os caprichosos altos e baixos emocionais e anímicos da Judy privada, e a intensidade ora arrebatadora ora comovente da Judy vedeta. Do início ao fim do filme, ela está à altura da pessoa, da estrela e do mito que personifica.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:12A
  • Data de estreia:quarta-feira 2 outubro 2019
  • Duração:118 minutos

Elenco e equipa

  • Realização:Rupert Goold
  • Argumento:Tom Edge
  • Elenco:
    • Renée Zellweger
    • Jessie Buckley
    • Finn Wittrock
    • Rufus Sewell
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