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Lumière!

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Lumière!
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A Time Out diz

5/5 estrelas

No princípio, eram as pessoas. No princípio do cinema, bem-entendido, porque foram pessoas, os operários da fábrica da família, em Lyon, que Louis e Auguste Lumière captaram em 1895 no filmezinho com o mesmo título que se convencionou ter inaugurado a história do cinema.

E em Lumière! descobrimos, graças a Thierry Frémaux, que além de delegado-geral do Festival de Cannes e director do Institut Lumière é também o compilador e comentador dos 108 filmes dos irmãos Lumière, restaurados em 4K que formam este documentário, que estes dois franceses pioneiros da 7a Arte também inventaram o remake. É que há mais duas versões do histórico A Saída dos Operários da Fábrica Lumière, rodadas em alturas diferentes do ano, como se nota pela posição das sombras e pelos fatos do pessoal.

Frémaux escolheu, assim, 108 filmezinhos com uma média de 50 segundos cada, de entre 1422 rodados pelos irmãos (sobretudo por Louis) entre 1895 e 1905, mas também pelos vários operadores do cinematógrafo que haviam inventado, não só em França como em muitas paragens do mundo. Um deles até acabou por ser expulso dos EUA por intervenção de Thomas Edison, o grande rival dos Lumière nesses tempos de infância do cinema.

Ao som de música de Saint-Saens, e com uma organização por temas (Paris, A Infância, O Trabalho, etc.) Lumière! oferece-nos o espectáculo único, ingénuo, comovente e já plasticamente sensível e aplicado, de uma arte que se tornaria adoséculoXXadarosseus primeiros passos, guiada por dois homens apostados em captar, directamente ou com encenação, tudo o que se passava em redor, no seu país, em suas casas e no planeta, filmando anónimos, a
si mesmos, familiares, amigos, artistas, celebridades da altura, líderes políticos. Todo um mundo hoje desaparecido, que ficou aqui registado para o futuro.

Costuma dizer-se que os Lumière, com a invenção do cinema, inventaram também
o documentário, que Meliès inventou o cinema-espectáculo e fantástico, e que David Wark Griffith inventou a gramática do cinema. Mas como podemos ver em Lumière!, os irmãos Louis e Auguste não só rodaram as primeiras comédias (caso de L’Arroseur Arrosé) e o primeiro filme de terror (um esqueleto que dança), como também esboçaram um princípio de linguagem cinematográfica. Já ali havia arte.

E não percam o plano final, que, com a participação de Martin Scorsese, regressa, no presente, às origens desta fabulosa aventura chamada cinema.

Por Eurico de Barros

Escrito por
Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Duração:90 minutos
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