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Apex Swing Academy: abriu em Cascais o primeiro golf indoor do país

Chuva? Demasiado calor? Aqui, pode sempre bater bolas. A ideia é tornar o golf num desporto mais acessível, mas também permite treinos de alta competição com a análise de todos os detalhes.

Ricardo Farinha
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Ricardo Farinha
Apex Swing Academy
Rita Gazzo
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Quando pensamos em golf, vêm-nos imediatamente à cabeça os longos e verdes campos, com altos e baixos, diferentes buracos e bandeirinhas. A evolução da tecnologia, porém, permitiu que a 24 de Maio tenham aberto em Cascais as primeiras instalações de golf indoor do país. Trata-se da Apex Swing Academy, um projecto que ainda se encontra numa fase inicial mas que chega com grandes ambições.

Filho de pai portuguès e mãe libanesa, Artur Pereira é o grande responsável pelo projecto. Nascido e criado na África do Sul, vinha a Portugal passar férias com alguma regularidade, mas só durante a pandemia, numa fase posterior da vida, decidiu mudar-se para o país do seu pai.

Sempre foi um fã de desporto e um atleta dedicado, tendo representado a selecção sul-africana em diversas modalidades enquanto crescia. Aos 18 anos, iniciou-se no golf, tornando-se num jogador profissional, mas uma lesão obrigou-o a deixar os campos não muito tempo depois.

Apex Swing Academy
Rita GazzoArtur Pereira é filho de um português de Tondela

“A lesão deveu-se ao facto de os treinadores não terem a atenção devida, de não terem cuidado, de não garantirem a segurança. E como é que podemos evitar as lesões? Ou tornar as recuperações mais rápidas? Eu estive em recuperação durante cinco anos, por isso parei tudo, e comecei a abordar estes assuntos”, explica à Time Out Cascais. “Queria seguir engenharia mecânica, sempre adorei veículos e motores. Mas depois comecei a pensar na mecânica do corpo, nas ciências desportivas. Fui estudar e comecei a tomar conta de atletas de alta competição.”

Instalado num centro especializado na África do Sul, começou a receber atletas profissionais de diferentes países e modalidades, dos que fazem atletismo aos da natação, passando pela equipa olímpica de lançamento do martelo da Alemanha. Graças ao sucesso que obteve, acabaria por abrir as suas próprias instalações, que por acaso ficavam num campo de golf. Não demorou até começar também a acompanhar os profissionais de golf daquele campo, que competiam ao mais alto nível em provas internacionais, como as competições da PGA Tour nos Estados Unidos da América.

A partir de certa fase, percebeu que teria de mudar de vida para constituir família com a mulher, dado que passava muito tempo fora. Acabou por iniciar outros negócios, noutros sectores, desde uma marca de roupa à agricultura, passando por diferentes áreas. Estavam a pensar estabelecer-se em definitivo nos EUA quando, de repente, se deu a pandemia da Covid-19.

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Rita Gazzo

“Tínhamos as nossas empresas, mas não tínhamos grande coisa para fazer, tivemos muito tempo juntos em casa. No final de 2020, disse-lhe para irmos de férias: como tinha o passaporte e a nacionalidade portuguesa, poderia vir para cá.”

Acabaram por fazer umas férias pelo país que, de tão bem que correram, convenceram o casal a mudar-se para Portugal, deixando para trás a América. Artur Pereira ainda voltou à África do Sul para tratar de assuntos pendentes, mas a sua esposa ficou logo por cá, arrendando um apartamento em Cascais. “Três meses depois, tínhamos fechado as empresas todas, vendido todas as casas e carros, foi só trazer os cães e estava feito: mudámo-nos para o centro da vila.”

Artur Pereira começou a pensar no seu futuro profissional, viajando de Norte a Sul para conhecer a muito distinta realidade do golf em Portugal, encontrando-se com pessoas do sector. “É muito diferente, mais centrado no turismo e não nos atletas profissionais. É um círculo pequeno e muito fechado.” 

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Rita Gazzo

Enquanto arranjou um emprego como treinador de golf no hotel Onyria na Quinta da Marinha, foi visitando instalações indoor no Reino Unido e nos Estados Unidos da América, apaixonando-se pelo conceito e acreditando que era o que fazia falta em Portugal para complementar a oferta já existente. E assim foi nascendo, a pouco e pouco, o projecto da Apex Swing Academy, que agora está de portas abertas em Cascais.

“Queria ter o ambiente de uma clubhouse, para formar uma comunidade. As pessoas em todo o mundo vêem o golf como um desporto de classes altas, ao qual não têm acesso, reparam que tens de te vestir ou saber agir de uma certa forma. Mas a comunidade do golf é incrível, eles não vão lá para jogar, vão para socializar. Chegas duas horas antes, bebes um copo, jogas, depois almoças, bebes mais uns copos, relaxas, depois a família junta-se… E isso não acontece aqui. O objectivo era criar esse tipo de ambiente. Nem precisas de jogar golf para vires, podes só vir beber um copo, ver as pessoas, experimentar pegar num taco, divertires-te.”

Artur Pereira diz ainda que a aprendizagem do golf pode envolver “muitos nervos” num campo convencional. “Estão dezenas de pessoas ao teu lado, a atirar bolas, a presenciar a aprendizagem com o treinador… É como se aprendesses a tocar guitarra num auditório ou numa casa de ópera com lotação esgotada. É difícil e suscita expectativas e inseguranças, acaba por ser desconfortável. E é assim que perdemos muitos clientes.”

Apex Swing Academy
Rita Gazzo

Com a Apex Swing Academy, Artur deseja criar precisamente o oposto, um espaço descontraído e confortável onde qualquer pessoa pode encarar a prática como um entretenimento — tal como, por exemplo, os múltiplos jogos que se jogam em salões, do snooker às setas. Instalado num armazém, tem uma zona lounge e duas pistas de golf com campos projectados — a partir da interface, pode escolher entre dezenas de campos de golf reais, e experimentar diferentes modos de jogo, sendo que também existem opções de mini golf mais pensadas para os miúdos (ou para os adultos que estejam mais numa de se divertirem entre amigos).

Por outro lado, existe a componente profissional, que também poderá atrair jogadores de golf especializados — a tecnologia da Apex Swing Academy capta, ao detalhe, os movimentos dos jogadores durante as tacadas. É a melhor forma de identificar os pequenos ajustes a serem feitos, se o corpo deve estar mais virado para uma determinada direcção, se o pé tem de ir mais para cima, se é preciso aumentar a força do movimento, entre tantas outras coisas. Há centenas de dados em cada movimento que é possível registar de forma a ir aperfeiçoando a performance. É possível comprar aulas privadas, sessões de treino ou um pacote familiar.

Apex Swing Academy
Rita Gazzo

Ainda numa fase de soft-opening, a ideia é que o espaço venha a ter uma área infantil para os miúdos estarem entretidos, que tenha um bar mais desenvolvido — apesar de já ser possível beber um copo, um café ou comer algum snack — com transmissão de alguns jogos e ainda uma zona de co-work. Afinal, trata-se de um armazém de 800 metros quadrados que ainda tem muito por ocupar. 

Contudo, os planos iniciais de Artur Pereira não eram estes. O objectivo era só abrir a Apex Swing Academy em Cascais em 2026, porque o empreendedor sul-africano vai abrir outra academia com o mesmo conceito em Lisboa, na zona de Sete Rios. As obras já começaram, só que tiveram de ser interrompidas graças a “processos burocráticos”. 

O espaço de 400 metros quadrados na capital, que inclui ainda um parque de estacionamento privativo, vai contar com as mesmas valências: uma zona de bar e convívio, pistas com simuladores de golf, uma clubhouse que também inclua chuveiros e cacifos. Além disso, haverá uma zona específica para treinos com atletas. Até lá, e mesmo que ainda esteja em construção, o golf já tem uma nova casa em Cascais.

Rua Fernão Lopes, 120, Cascais. Ter-Dom 08.00-20.00. 965 237 678

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