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É um caso de família. A marca tem o nome da filha, mas a mãe está presente deste o início, quando Benedita Formosinho ainda nem sonhava ser designer de moda. "Um dia, entrei no quarto dela, que era um autêntico atelier, e disse: 'Vamos transformar o teu talento num negócio'", conta Perpétua Formosinho sete anos depois da abertura da primeira loja-atelier em Setúbal e da passagem pelo Sangue Novo da ModaLisboa.
Estamos na inauguração do terceiro espaço da marca, que além de Setúbal e da Embaixada no Príncipe Real, em Lisboa, tem agora morada em Cascais, no edifício dos antigos Paços do Concelho. A nova loja, no Relógio – Slow Retail, tem 65 metros quadrados, duas entradas, vizinhos como a HLC Jewellry e a Saints at Sea, grandes montras a deixar o sol entrar, um sofá confortável e espaço para explorar as colecções sem pressas. "Não estávamos à procura, mas quando surgiu a oportunidade fez todo o sentido. O ambiente, o local, o espaço, esta luz toda, a proximidade do mar...", enumera Benedita. "Preciso de espaços tranquilos e do contacto com a natureza. Em Setúbal, de onde sou natural, consigo encontrar tudo isso. E aqui também."

Nos cabides brilham peças de roupa em tons crus e cortes que misturam diferentes texturas e materiais. Nas paredes lêem-se os lemas da marca – "O que fazemos, importa" ou "O nosso lixo não é lixo" – e estão quadros com moodboards que explicam o processo de criação e produção. "As pessoas têm de estar informadas para fazerem escolhas conscientes", diz Perpétua. "Não queremos ser só um espaço onde as pessoas encontram peças para comprar. Ao contar a história de como fazemos as coisas, com que materiais, a durabilidade, a cor, o design, estamos a dar informação importante."
A sustentabilidade e circularidade por aqui levam-se muito a sério, ao contrário dos conceitos de tendência ou de colecção rotativa (há peças que transitam de colecção para colecção). O desperdício transforma-se em novo fio – e esse fio está à venda em novelo (5,50€) ou dá origem a novas peças, como a camisola Tulipa (145€) e a blusa Luna (179€). "Este foi um projecto de muita resiliência e dedicação. Acreditávamos muito, mas era difícil convencer uma fábrica portuguesa a contemplar o desperdício de uma micro empresa. Insistimos, nunca desistimos", continua a mãe, o lado mais prático da dupla.

A utilização de matéria-prima portuguesa e a ancestralidade são outros valores fundamentais – e os que levaram à grande novidade da marca: os sapatos unissexo feitos com manta alentejana.
"A minha mãe e a família são do Alentejo – e queremos fazer este caminho de ir às nossas origens. Quando visitámos a fábrica de mantas com teares tradicionais do século passado em Reguengos de Monsaraz, foi muito inspirador, ficámos maravilhadas. Começámos nos casacos [Selenite, 456€], mas tínhamos muita vontade de introduzir os sapatos", conta Benedita. De modelo único – por agora – vão do número 36 ao 44 e custam 176€.

A colecção mais recente, Terra, alia a frescura do linho e do cânhamo ao algodão orgânico respirável e macio. Na paleta de cores, juntam-se aos tons naturais o castanho terracota.
As peças-chave incluem a blusa Amarílis (110€), com rede de burel, o top Hibísco (110€) e o vestido Buganvília (142€), ambos com alças franzidas, pregas na horizontal e pequenos botões nas costas. Outra novidade foi o aumento do leque de tamanhos, com peças que agora vão do 32 ao 44. Afinal, a Benedita Formosinho é um caso de família e as peças querem-se para todas as idades.
Praça 5 de Outubro, 75, Cascais. Seg-Dom 10.30-13.00 e 14.00-19.30