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Com quase 400 mil seguidores no TikTok e perto de 150 mil no Instagram, Francisco Ruivo (ou Ruivo Oliboile) tornou-se conhecido pelos vídeos “alucinados” ligados à cozinha e às receitas com muita “parvoíce” – como o próprio descreve – à mistura. Aos 28 anos, deu um passo mais sério ao abrir o seu primeiro restaurante: a Picanharia by Oliboile foi inaugurada em Carcavelos a 18 de Junho.
Em declarações à Time Out Cascais, o criador de conteúdos digitais, habitualmente de tronco nu e de pano ou T-shirt na cabeça, fala numa ideia que já vinha de há bastante tempo, quando os seus vídeos começaram a ganhar tracção. “As pessoas já me diziam que eu tinha de abrir um restaurante, já oiço esta frase há bastante tempo”, conta. “À medida que fui fazendo os vídeos e a minha jornada no digital, fui cimentando a ideia.”
Acabou por aparecer uma oportunidade em Carcavelos: um espaço que estava desocupado e disponível para trespasse, onde antes funcionara precisamente um restaurante de picanha. Francisco Ruivo decidiu manter o conceito, sublinhando que não existem outros espaços do género na zona, mas optou por uma carta alargada que vai muito além dos habituais rodízios.
O menu de picanha custa 23,50€ e inclui, à discrição, a picanha de carne sul-americana, secretos de porco preto e acompanhamentos como batata frita, arroz basmati, feijão preto, farofa e molho vinagrete. Também pode pedir pratos como o prego de picanha em bolo do caco (12€), uma francesinha de picanha (18€), uma dose de picanha argentina com fatias mais grossas (20€), a picanha de carne wagyu com puré de batata trufada e espargos (48€) ou, entre outros, o frango à Oliboile com batatas fritas (16€).
No entanto, não passe à frente de entradas como o carpaccio de picanha curada com rúcula, lascas de parmesão e molho pesto com tostas (14€); um trio de tacos de wagyu com guacamole, sour cream e alface icebergue (16€); o ceviche de atum (13€); os croquiços, croquetes de carne desfiada com mostarda (9€ por três unidades); e a estrela que é o Oliovo (11€), uma combinação de ovos, puré trufado, cogumelos Portobello, mozzarella e raspas de trufa.
Nas sobremesas, entre um cheesecake de frutos vermelhos ou pêssego (8€) e uma tarte de requeijão inspirada numa receita da sua mãe (8€), destaca-se a baba de cão (6,50€), com uma receita secreta. Acompanhe com os dois cocktails de autor da casa – o Ruivo (13€) é preparado com Aperol, gin, puré de maracujá, sumo de lima, clara de ovo e espumante; e o Oliboile (12€) leva rum envelhecido, sumo de lima, xarope de côco e folhas de menta.
Vale a pena referir ainda que o restaurante oferece um menu executivo durante a semana ao almoço, que por 16,50€ inclui couvert, uma bebida, o café e um prato principal onde se incluem a picanha argentina, o frango à Oliboile, uma massa pomodoro e um bacalhau à Brás.
“A ementa e as receitas foram todas feitas por mim”, explica Ruivo Oliboile. “O conceito da picanharia foi algo estratégico, mas ao mesmo tempo queria dar a conhecer parte dos meus pratos. Daí esta diversidade, para as pessoas provarem outras coisas e se calhar até já terem uma noção do que poderá ser outra coisa noutro sítio. Queria mostrar-me e dar a provar.”
Ao longo da carta, são muitos os apontamentos cómicos que fazem a ponte entre a comida que ali se serve e os conteúdos a que muitos milhares de pessoas se habituaram a assistir online. O mesmo acontece no espaço: no restaurante de 42 lugares, com um pé-direito alto e tons de cinzento e madeira, são várias as frases ou expressões célebres de Francisco Ruivo a adornar a Picanharia. É o caso das “badalhocas”, a maneira como o criador de conteúdos se refere às frigideiras, ou dos “cães” como muitas vezes se dirige aos espectadores dos seus vídeos.
“Queria que este espaço respirasse a personalidade do Oliboile, até para as pessoas terem essa experiência gastronómica do criador maluco que faz os vídeos alucinados. É uma parte de mim, sou parvo e gosto de fazer as pessoas rir, não é nada fictício. Mas também sei ser uma pessoa séria e gosto de negócio e de trabalhar.”
Foi aos 18 anos que Francisco se começou a interessar por culinária. Ao decidir não seguir os seus estudos na faculdade, o pai disse-lhe que teria de encontrar um emprego ou de sair de casa. “Levei aquele empurrão para fora, no meio daquela revolta de miúdo, e comecei a trabalhar. Dei por mim e não tinha dinheiro para comer em restaurantes, tive de começar a cozinhar em casa. E, à medida que ia cozinhando, fui ganhando interesse, a ver vídeos de chefs italianos. Foi assim que tudo começou.”
Dez anos depois, conta que a Picanharia se tem revelado um sucesso no primeiro mês de existência, com a maioria dos clientes a virem directamente das suas redes sociais. “Tem estado reservado todos os dias”, diz. “E já estamos a pensar na expansão, seja com este ou com outros conceitos. Também gostava muito de ter um rooftop ou um restaurante de mar, mas sem dúvida que abrir uma Picanharia no Norte e outra no centro de Lisboa é obrigatório.”
Avenida São Miguel, 249, Carcavelos. Qua-Dom 11.30-15.00, 19.30-00.00. 913 427 300