Entre a calma das ruas residenciais do Bairro do Rosário e o movimento local do Centro Comercial Riyadh, há um café onde a estação quente não quer acabar nunca. Chama-se Leto – e o nome não é por acaso. “Em russo, leto quer dizer Verão”, explica Dimitri Pushkar, um dos fundadores. “E o Verão, para toda a gente, é o período mais feliz de todos. É quando estamos de férias, quando comemos frutas frescas, quando tudo parece mais leve. É isso que quisemos trazer para aqui.”
O espaço, inaugurado em Fevereiro e dedicado a pequenos-almoços e brunches, nasceu da vontade de combinar boa comida, ambiente descontraído e a ligação à vida saudável que “define” Cascais, diz o chef executivo Roman Karimov (outro dos três fundadores do Leto), que carrega mais de uma década de experiência entre cafés e restaurantes dedicados ao brunch e à cozinha leve. “Durante esses anos todos, trabalhei em conceitos muito semelhantes – cafés de especialidade, brunches e jantares simples, mas de qualidade. Quando cheguei a Cascais, percebi que já existiam muitos espaços bons, mas senti que faltava algo. Faltava a minha visão”, conta Karimov.
A visão é simples: ingredientes de alta qualidade, frescos, biológicos e preparados sem artifícios. “Não queremos fazer nada louco. O nosso conceito é compreensível e simples: ingredientes de qualidade alta e comida interessante, mas simples. No final, tem de ser comida de qualidade perfeita.”
Essa busca pela perfeição começa logo pela manhã. “Eu compro sozinho as ervas frescas, as frutas, os vegetais e o peixe. Todos os dias. É importante saber exactamente o que estamos a servir. Hoje em dia há muitas pessoas com alergias, por isso queremos proteger-nos e proteger os nossos clientes, evitando surpresas. Trabalhamos apenas com produtos frescos e misturamo-los entre si de forma natural. A nossa filosofia é: simples, fresco e saboroso”.
A vontade sente-se (e saboreia-se) nos pratos que o Roman serve no dia da visita da Time Out Cascais, especialmente na Shakshuka (14€), adornada com manjericão, hortelã, coentros, e endro, uma erva aromática originária do Mediterrâneo Oriental e Sul da Rússia. A frescura dos ingredientes destaca-se a cada dentada. Provámos ainda o Syrniki (13€), panquecas de queijo fresco tradicionais da culinária ucraniana, russa, bielorrussa ou lituana, e bebemos um cappuccino (3,50€-4,50€, consoante o tamanho).
Um local para locais
O Leto Café abriu no Centro Comercial Riyadh, na Avenida Gaspar Corte Real, e não tardou a conquistar os moradores daquela zona de Cascais. “A nossa ideia foi abrir fora do centro”, explica Dimitri. “No centro há imensos brunch spots, e todos têm qualidade, mas há muita gente a viver aqui, no Rosário, que não quer pegar no carro para tomar o pequeno-almoço. Aqui, podem vir a pé, passear o cão, aproveitar o bom tempo. O nosso foco é nas pessoas que vivem aqui, não nos turistas.” É também por isso que o espaço funciona todos os dias das 08.00 às 18.00, com serviço contínuo de brunch – “é possível comer panquecas com ovos às oito ou às dezoito, o menu é o mesmo”, diz Roman. Às sextas, o Leto abre também à noite, das 19.00 às 23.00.
A carta aposta em clássicos do brunch, pratos ricos em proteína e ingredientes sazonais. “O mais popular é o pequeno-almoço Leto (13€) [ovos estrelados, tomates assados, guacamole, salsicha grelhada e ervas frescas com pão pita grego] ou opções de brunch, como a omelete (12€), o perú com batatas e brócolos (17€), sopas (9,5€), sanduíches de pastrami (16€) ou de atum (17€) e a salada verde (5€)”, enumera o chef.
Nos cocktails (4€-5€), a lógica é a mesma: simplicidade e qualidade. “A ideia inicial era criar signature cocktails, mas decidimos manter uma carta simples e popular. Temos margaritas, negronis, bloody mary, whiskey sour. Não somos um bar, somos um café, e queremos que tudo o que servimos seja fácil de reconhecer e de gostar.” O orgulho, diz Roman, está na equipa de bar – “eles são realmente bons” – e no ambiente acolhedor que se vive dentro do espaço, cuja decoração mistura cores claras, luz natural e pequenos apontamentos que lembram as férias de Verão.
Mais do que um café de brunches, o Leto quer ser um lugar de comunidade. “Cascais não é uma cidade cheia de adolescentes ou universidades. É uma cidade calma, de famílias, onde as pessoas se sentem seguras. Para os pais, é muito importante saber o que os filhos estão a comer – sem surpresas. E é também importante para os adultos, que hoje em dia controlam cada vez mais a sua alimentação. O Leto nasceu dessa observação: percebemos o que as pessoas precisavam e criámos um conceito à altura”, insiste Roman.
Com um público cada vez mais fiel, os proprietários já estão a pensar nos próximos passos. “Temos várias ideias para o futuro”, admitem. Um dos desejos é fazer mais festas e sunsets no terraço do café, mas tem havido alguns obstáculos por parte dos vizinhos do Centro Comercial. No entanto, com calma, a dupla admite que estes vão perceber que no Leto tem boas intenções e que o movimento vai gerar algo “positivo” para todos.
Até lá, vive-se entre panquecas, omeletes e cafés tirados com precisão. “O nosso conceito é para as pessoas que vivem aqui, que valorizam o que comem e o modo como vivem”, resume Roman.
Avenida Gaspar Corte Real 198A Loja 17, Centro Comercial Riyadh (Cascais). Sáb-Qui 08.00-18.00; Sex 19.00-23.00

