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A Margarida’s School funciona no Estoril há 40 anos, numa vivenda de portas abertas a todos os estrangeiros que querem aprender português. Em Abril, abriu no mesmo espaço a Vila Criativa As Margaridas, um atelier artístico pensado para miúdos e graúdos que desenvolve diversas actividades.
“A Margarida Alberti, que fundou a escola e vivia aqui, sempre teve uma grande aptidão para as artes”, explica Piedade Rodrigues, a responsável pelo novo projecto. No piso de baixo da escola, funcionaram sempre espaços de trabalho e oficinas informais dedicadas à costura ou aos brinquedos, num local conhecido como Pátio dos Artistas. As amplas colecções de Margarida Alberti, que fazia figurinos para teatro, serviram de matéria-prima para desenvolver a criatividade em diferentes áreas.
Hoje, aos 70 anos, a antiga professora de línguas mudou-se para Vila Viçosa, no Alentejo, onde também tem um estúdio artístico. Foi no seguimento dessa mudança, para desenvolver as actividades além das aulas regulares da Margarida’s School, que procurou alguém que pudesse agarrar-se ao projecto e ampliá-lo enquanto atelier multidisciplinar. “Por isso é que aqui estamos, a dar continuidade ao legado da Margarida”, diz Piedade Rodrigues.

Iniciaram a programação oficialmente durante o mês de Abril, com um campo de férias da Páscoa, mas desde Março que promovem actividades gratuitas para a comunidade, “para trazerem pessoas a conhecer o espaço”.
Existem salas dedicadas à costura, um atelier de pintura e uma autêntica fábrica de brinquedos – onde os miúdos podem dar asas à sua mente criativa para, a partir de diversos materiais e brinquedos antigos, fabricarem as suas próprias criações.

“Ela já fazia isto quase tudo, mas era só ela. Ou seja, podia ter alguém a ajudar, mas ela é que criava a oficina, fazia a publicidade e as crianças vinham. Isto ocorreu ao longo de anos. Tanto é que agora os primeiros alunos, ou melhor, as primeiras crianças a frequentar o espaço, foram exactamente filhos de clientes antigos. Vieram porque sabiam o que acontecia aqui. E nós agora queremos dar mais movimento ao espaço, estamos a ir buscar profissionais que já trabalham nas diferentes áreas e que se podem juntar. Ainda estamos a definir o nosso programa e a nossa agenda. E também queremos que este seja um espaço para pessoas com mais idade, que estão em casa, da parte da manhã, e não têm uma actividade para fazer. Aqui podem encontrar pessoas da mesma idade a fazer pintura, cerâmica, a aprender música, a fazer brinquedos antigos...” Além disso, vão promover aulas de yoga para adultos, crianças e bebés.
A Vila Criativa As Margaridas tem um agradável jardim com diferentes áreas, que incluem um pequeno charco, gnomos e zonas para simplesmente se estar. Há pavões, patos e galinhas que circulam pela propriedade – e ainda existe uma casa de madeira destinada a trabalhos manuais.

“Queremos também pessoas que tragam conhecimento, que venham falar de temas ligados à parentalidade, às questões da mulher e até mesmo dos séniores. As portas estão abertas para a comunidade vir e viver este espaço. No futuro, quando houver necessidade, também teremos um pequeno café aqui para dar apoio às actividades.”
A filosofia passa mesmo por dar liberdade às crianças de se movimentarem num espaço seguro e poderem fazer as coisas ao seu ritmo. “Por exemplo, fazemos muitos jogos no jardim, e elas tanto podem comer aqui como no espaço lá em cima. Vamos muito pelo que a criança quer, mas claro que também as orientamos.”

A ideia é conciliar actividades pagas com iniciativas esporádicas gratuitas. A lógica de devolver à comunidade sempre esteve presente – e parte das receitas, historicamente, foi enviada por Margarida Alberti para financiar escolas no Camboja.
O jardim da Vila Criativa pode também acolher pequenos eventos, como festas de aniversário de crianças, e o próprio projecto pode ser convocado para dinamizar actividades numa empresa ou noutros espaços, caso exista essa procura. “É um conceito que pode ir para uma empresa que queira fazer um evento para as crianças ou para os adultos dessa empresa. Nós levamos essa parte da sustentabilidade, da criação da arte, do desanuviar. As empresas podem contactar-nos para isso. E outras entidades que queiram ter um espaço criativo e não sabem por onde começar. Para mim, este é o início mas não será o fim.”
Avenida Portugal, 616, Estoril. Seg-Sáb 09.30-19.00