Congelados. Palavra pouco sexy, certo? No cinema é quase sinónimo do pai divorciado que não sabe cozinhar e janta sozinho em frente à televisão. Na vida real, lembra as marmitas de arroz colado que levamos para o trabalho. O Prontto, recém-aberto na Parede, quer mudar essa ideia com uma proposta clara: a comida congelada pode ser gourmet, artesanal e, sobretudo, saborosa.
A fundadora Simone Calixto conta que tudo começou pela admiração pelo trabalho da chef Patrícia Gomes. “Eu era uma cliente, admiradora e fã do trabalho dela. A Patrícia tem um catering, faz eventos, desde casamentos a festas privadas. Era uma comida gourmet e muito artesanal, mas que só chegava a quem contratava os seus serviços”, explica. Daí nasceu a ideia: criar um espaço que democratizasse essa cozinha, permitindo que mais pessoas pudessem levar para casa pratos sofisticados, prontos a terminar no forno.
O nome da marca não deixa margem para dúvidas. “A pessoa leva a comida pronta para casa e tem a praticidade, a facilidade no dia-a-dia. Mas por ser uma comida mais gourmet nós acabámos por atrelar mais coisas a esse conceito”, continua Simone. O espaço, que se apresenta como um três-em-um – concept store gourmet, café e loja de loiça – aposta tanto na comida como no enquadramento. “Uma marca registada da chef Patrícia são as mesas. Não é só a comida que é muito boa, mas também o empratamento. Come-se com os olhos”, sublinha.
A oferta inclui pratos para duas pessoas, de carne, peixe ou vegetarianos, entradas e acompanhamentos. Tudo feito de forma artesanal, sem recurso a enlatados ou processados. “Tudo o que é feito por mim é feito na minha cozinha. Nada é comprado, nada é em lata. Tudo é feito do ponto zero”, garante a chef. O processo de congelamento também foi pensado ao detalhe. “É um processo especial, ultra-congelado. As embalagens são a vácuo e não criam cristais. Quando o cliente descongela, parece que foi feito na hora”, explica Patrícia.
A experiência é complementada por outros parceiros. O chef Fábio Mendes assina a parte da pastelaria, com croissants, éclairs, tartes e até um pastel de nata que promete rivalizar com os melhores da cidade. “O Fábio faz a mesma coisa que a Patrícia, só que com a pâtisserie. É tudo artesanal, tudo com ingredientes de qualidade”, promete Simone. A loiça e as mesas, escolhidas em parceria com a organizadora de eventos Patrícia Barreiro, estão à venda e reforçam a ideia de que a refeição não é só o que se come, mas também como se serve.
O café funciona como porta de entrada para novos clientes e ponto de encontro para quem já segue a chef. “A pessoa que vem buscar a comida normalmente encanta-se com o café. Diz: vou tomar um cafezinho ou experimentar uma coisinha. É uma experiência que queremos proporcionar, que o cliente entre e sinta um local agradável, onde possa usufruir do espaço”, explica a responsável.
Há ainda uma sala reservada para workshops, degustações ou eventos privados de pequena escala. “É uma sala multiusos, para até dez pessoas, onde podemos promover reuniões, chás da tarde, encontros entre amigas. Sempre com esta ideia da experiência”, nota a fundadora.
O desafio maior, para a equipa, é vencer o preconceito contra a comida congelada. “Existe uma barreira das pessoas acharem que a comida congelada é sem sabor ou que já não é fresca. O segredo está em como se descongela. Aqui o nosso lema é não usar micro-ondas”, defende a chef, com humor. “Na nossa embalagem está escrito que não é para usar micro-ondas. Eu costumo dizer que Deus criou o forno e o demónio criou o micro-ondas.” Patrícia partilha o método ideal para preparar esta comida: aquecer água e mergulhar a embalagem durante dez minutos é suficiente para ter o prato pronto, sem perder textura nem sabor.
Entre os best-sellers destacam-se o bacalhau com broa (26€) e o medalhão de mignon e mostarda (38€), assim como entradas como os pãezinhos de queijo – que a Time Out Cascais provou –, feitos por parceiros brasileiros. “Quisemos ter opções que agradassem tanto a portugueses como a brasileiros, porque vamos atender muito à comunidade brasileira que já conhecia o trabalho da chef, mas também a novos clientes locais”, conta Simone.
A localização, na Parede, não foi ao acaso. Depois de uma breve experiência societária com uma pastelaria no mesmo local, Simone e o marido perceberam que ali havia espaço para arriscar num projecto próprio. O Prontto abriu a 5 de Setembro e, logo na inauguração, esgotou quase todo o stock. Desde então, tem vindo a repor aos poucos e a ajustar a oferta à procura.
No futuro, a ideia é reforçar a componente sazonal, com pratos especiais para o Natal e outras épocas festivas. “É um mercado que a Patrícia já explora no catering, por isso faz todo o sentido trazer isso também para o Prontto”, adianta a fundadora.
Como resume Simone, “o que nos diferencia é o cuidado com a estética, o sabor e a experiência. Comer bem e receber bem, seja em casa ou aqui na loja”.
Rua Miguel Bombarda 344 Loja 3 (Parede). Seg-Sex (09.00-19.00), Sáb (09.00-17.00), Dom (encerrado)

