O final da refeição no Porta 4 lembrou o irritante anúncio ao Danoninho que passava na TV, em que a criança ouvia da mãe o “falta-te um bocadinho assim”. Aos dois cozinheiros há pouco saídos da Escola de Hotelaria que decidiram, no Verão, abrir um bar de tapas nas Virtudes, que já foi oficina do chef Pedro Limão, faltou um bocadinho aqui e ali para as quatro estrelas.
Faltou crocância ao pão aquecido com orégãos e azeite. Faltou sal ao caldo verde reinventado, com a couve picada muito fina, uma rodela de chouriço e pedaços de pão torrados – agradável, mas podia estar mais apurado. Faltou dosear os vegetais dentro dos dim sum de legumes. A ideia de fazer gyosas com rabanetes, pimentos, outros verdes e mostarda é boa, mas a presença dos pimentos anulou os outros sabores, e a massa estava um bocado grossa. Faltou suavidade à bochecha de porco estufada em vinho tinto com cenouras baby e cogumelos. E faltou um exaustor que evitasse sair de lá a cheirar a comida.
É importante frisar que estes minipratos estavam agradáveis, mas não ao nível das saborosas e bem apuradas almôndegas de soja e aveia acompanhadas de gnocchi com molho de tomate, o melhor da noite. Ou das lulinhas em caril, com pimentos vermelhos e chalotas, cozinhadas no ponto, com um molho guloso. E até do leite-creme de alfarroba com amendoins caramelizados e esfarelados, muito bom.
Pagar 19€ à cabeça, com vinho à mistura, e uma simpatia que não se paga – os dois servem, cozinham e conversam – é bom. Mas não óptimo.
*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.