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CHALLENGERS (2023)
DRChallengers

Amor, ténis e Zendaya: o que precisa de saber sobre ‘Challengers’

O novo filme de Luca Guadagnino põe em cena um triângulo de amizade e amoroso durante um torneio de ténis.

Escrito por
Eurico de Barros
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O ténis costuma dar melhores documentários do que filmes narrativos, e desde O Preço da Fama, realizado em 1951 por Ida Lupino, sobre uma jovem prodígio dos courts dividida entre o amor e a ambição férrea da sua mãe em transformá-la numa campeã, que esta modalidade tem sido em boa parte um pano de fundo para histórias românticas (O Desafio, de Anthony Harvey, de 1979; Jogo de Saias, de Robert Kaylor, de 1989; ou Wimbledon – Encontro Perfeito, de Richard Loncraine, de 2004), com excepções como o excelente Match Point, de Woody Allen (2005); ou então, para reconstituições assentes em factos reais como Borg vs. McEnroe, de Janus Metz (2017).

O novo filme de Luca Guadagnino (Chama-me Pelo Teu Nome, Ossos e Tudo), Challengers, escrito pelo estreante Justin Kuritzkes, junta um realizador que nunca teve grande interesse pelo ténis, e um argumentista que é apaixonado pelo jogo, para contarem a história de um triângulo de amizade e amoroso passada no meio tenístico, e onde os três protagonistas são todos profissionais da modalidade. As interacções afectivas, românticas e sexuais entre eles estão no centro do filme, embora em Challengers o ténis não seja subalternizado, já que funciona ora como agente, ora como filtro, ora como metáfora dos conflitos, das paixões ou das frustrações do trio. Além de ser a obsessão deles, aquilo que dá sentido às suas vidas.

Challengers anda numa constante jiga-joga temporal, nunca pára de circular entre o passado e o presente, e desenrola-se durante uma importante partida entre dois dos principais protagonistas, que Luca Guadagnino está sempre a interromper para voltar atrás no tempo, seja para mais longe, seja para mais próximo daquela. O filme começa nos nossos dias, para logo depois viajar para o passado. Art Donaldson (Mike Faist) e Patrick Zweig (Josh O’Connor) são tenistas juniores, grandes amigos e parceiros em pares, conhecidos como Fogo e Gelo, e acabaram de ganhar o Open dos EUA naquela categoria.

Além da taça e do dinheiro dos vencedores, Art e Patrick tiveram outro prémio: conhecem, numa festa dada por uma conhecida marca de artigos desportivos, Tashi Duncan (Zendaya) a nova menina-prodígio do ténis americano, jogadora sobredotada e implacável, apelidada “The Duncanotor” pelos fãs, que esmagou a sua adversária na final. Ficam ambos caídos por ela, e Tashi deleita-se nessa dupla paixão assolapada, não hesitando em os manipular a seu bel-prazer, e acabando por começar a namorar com Patrick. Mas uma terrível lesão sofrida durante um jogo na sua universidade leva a um rompimento entre Tashi e Patrick, e à aproximação de Art. O que põe um ponto final na amizade entre os dois rapazes.

CHALLENGERS (2023)
DRZendaya em Challengers

Anos mais tarde, Tashi e Art estão casados e têm uma filha pequena. Tashi teve que desistir de jogar por causa da sua lesão, e tornou-se na treinadora e manager de Art, agora um grande campeão que, dos quatro torneios do Grand Slam, só ainda não ganhou precisamente o Open dos EUA. Art anda em baixo de forma e, antes de ir disputar este Open, Tashi arranja-lhe entrada num Challenger (os jogos do circuito secundário profissional do ATP) nos arredores de Nova Iorque, para a melhorar. Só que lá inscrito está também o seu ex-namorado, e ex-amigo de Art, Patrick, que não conseguiu chegar ao topo como ele e anda há anos a arrastar-se por estes torneios de segundo plano. E está tão mal de dinheiro que vai tentar que a organização lhe adiante o prémio de presença para poder ir para um hotel e não ter que dormir mais uma noite no carro.

As ambições, os sonhos, as frustrações, as dúvidas e os desejos acesos ou recalcados de Tashi, Art e Patrick vão acabar por convergir para o court onde os dois antigos amigos e parceiros  disputam a final, com a mulher que ambos amam a assistir. O director do fotografia Sayombhu Mukdeeprom mete a câmara nos sítios mais inesperados e multiplica os pontos de vista mais insólitos durante os jogos, a banda sonora é assinada por Trent Reznor e Atticus Ross, e o antigo tenista e actual treinador Brad Gilbert foi o consultor técnico da fita e fez os três intérpretes passar por três duros meses de treino nos courts, para que o ténis jogado em Challengers fosse muito realista e plausível.

Numa entrevista dada à mais recente edição da revista Empire, nem Zendaya, nem Mike Faist, nem Josh O’Connor souberam como definir Challengers, embora concordem que não é nem só um filme de desporto, nem só uma comédia dramática romântica, podendo estar lá algures a meio entre ambos. Já Luca Guadagnino arriscou chamar-lhe “uma comédia de costumes”. Se bem que nunca se tenha visto uma comédia de costumes com tanto ténis, e onde o ténis serve de cadinho para tantas, tão complicadas e tão intensas emoções. E elas acabam por ser mais importantes do que o resultado final deste aparentemente rotineiro Challenger.

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