Neste estúdio, a arte DoBarro é uma experiência que quer chegar a todos

É num cantinho colorido e acolhedor da rua da Alegria que os artistas Marisa Grilo, Felipe Rocio e Samuel Sanção criaram um espaço para tornar a arte numa experiência acessível a todos. O DoBarro é um estúdio de cerâmica e uma loja de arte que tem como missão trazer a cerâmica para o dia-a-dia de uma forma criativa e sustentável. Além da loja com peças únicas, conta ainda com diversos workshops para meter as mãos na massa – destinados a todas as idades, gostos e níveis de experiência.

À entrada deste espaço, que abriu as portas em Março, encontra uma loja repleta de peças originais – desde ilustrações feitas por Samuel Sanção, cheias de personagens, texturas e detalhes; às bonitas peças de cerâmica saídas das mãos de Marisa Grilo e Felipe Rocio, que não fazem só cerâmica utilitária, mas também obras contemporâneas. A mobília à volta, onde muitos dos trabalhos estão colocados, foi reaproveitada e toda a decoração surgiu de forma orgânica e foi pensada pelos próprios artistas. “Isto era tudo branco, sem nada. A cor amarela ficou para o estúdio e aqui ficou a terracota, que tem a ligação ao barro”, detalha Marisa. 

A ideia de um espaço assim começou por ser uma resposta à necessidade de os três artistas terem um local maior, onde pudessem fazer os seus trabalhos. “Eu e o Filipe chegámos a criar um estúdio na sala de estar da casa dele e tínhamos o forno no quintal. Já estávamos à procura, há bastante tempo, de um espaço maior, em que pudéssemos trabalhar à vontade, e surgiu esta oportunidade no início do ano. Estávamos confortáveis lá, mas era a casa dele”, explica Marisa. Após uma procura por espaços na cidade, surgiu este local no centro do Porto, que reunia tudo aquilo que precisavam.

Logo atrás da zona da loja encontra-se o estúdio onde os artistas fazem os seus trabalhos, rodeados de todo o tipo de ferramentas, prateleiras com materiais, duas mesas longas e um espaço exterior onde está um forno feito à mão e ideal para aproveitar nos dias de sol. É neste cantinho que se realizam também os diversos workshops interactivos que o DoBarro tem para os clientes criarem as suas próprias peças.

"A ideia é ter um espaço em que consigamos trabalhar confortavelmente e, ao mesmo tempo, que nos permita realizar workshops com grupos maiores, porque anteriormente era muito difícil dar aulas para um grupo com mais de três pessoas, por exemplo. Quanto mais gente, melhor”, sublinha Simão, acrescentando que este conceito vai ao encontro do nome do projecto, uma vez que “é uma coisa mais orgânica e natural que remete bastante para este estilo de trabalho”.

"Cria-se uma outra relação com um objecto quando se sabe como ele é feito"

Na lista de workshops disponíveis é difícil escolher apenas um. O freestyle ceramics (50€ por pessoa/3 horas) permite que cada pessoa crie as suas próprias peças de cerâmica utilizando a técnica de lastra; o painting on ceramic (50€ por pessoa/3 horas) explora a fusão entre cerâmica, desenho e impressão directamente no barro; o tile painting (45€ por pessoa/ 2 horas) ajuda a criar um pequeno mural com quatro azulejos personalizados; e o paint your ceramics (60€ por pessoa/ 2 horas) permite personalizar peças artesanais criadas por artistas experientes, como chávenas, vasos, pratos e tigelas, utilizando lápis cerâmicos, engobes e vidrados. 

A ideia é acolher, não apenas os turistas que passam maioritariamente nesta zona, mas também pessoas locais, famílias e vizinhos. "Inicialmente, para quem não conhece, a cerâmica é um bicho de sete cabeças e as pessoas chegam aqui e dizem que querem fazer um copo ou uma chávena de café e que não sabem se vai ser possível. Eu digo que sim, que vão ter três horas que vão dar para isso e muito mais. Depois, começam a fazer e sentem-se super relaxadas e isso é muito bom”, destaca Marisa. 

Já Simão olha para este aumento da procura por workshops de cerâmica como uma forma de fugir ao stress e caos impostos pelo dia-a-dia e também pela beleza de ter uma peça única e criada por cada um. “É um reflexo do nosso tempo, que tem muitas coisas industriais e que cria nas pessoas esta necessidade de terem uma coisa própria delas, criada por elas. Cria-se uma outra relação com um objecto quando se sabe como ele é feito. Penso que as pessoas sentem-se até mais empoderadas por terem uma coisa que é delas e por verem que têm capacidade de criar e de produzir algo do zero”, sublinha. 

No futuro, o objectivo é também fazer workshops de desenho e de ilustração, fazer o espaço crescer ainda mais e mostrar que o DoBarro “não é só mais uma loja ou só mais um estúdio”. 

Rua da Alegria, 246 (Porto). Seg-Sáb 11.00-19.00.

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