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Fanfarra para as mulheres incomuns

  • Música, Clássica e ópera
Claire Huangci
©Mateusz ZahoraClaire Huangci
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A Time Out diz

“Em tempos pensei possuir talento criativo, mas pus de parte esta ideia. Uma mulher não deve aspirar a compor – nenhuma o fez até hoje, porque deveria eu fazê-lo?” Assim meditava Clara Schumann em 1839, aos 20 anos. Aos 11 fizera uma digressão europeia, aos 12 compusera a sua primeira obra, aos 15 aventurara-se num concerto para piano, aos 16 apresentara-o em palco, aos 18 dera uma série de recitais em Viena que tinham merecido o aplauso do público e da crítica. A sua carreira como pianista estendeu-se por 61 anos, durante os quais pugnou pela música do marido, Robert, mas foi compondo cada vez menos e a sua música pouca difusão teve. Robert não incentivou Clara a compor, mas ao menos não lhe proibiu ou coarctou as actuações como instrumentista, como outros maridos mais ciumentos ou tacanhos têm feito. Alguns dirão que Clara até teve sorte, um pouco como um meritíssimo juiz que, ao lavrar sentença particularmente leve para um homem que espancou brutalmente a sua ex-parceira, deu a entender que ela até foi afortunada, pois “sociedades existem em que mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte”.

Nada poderá reparar milénios de opressão patriarcal, mas estes cinco concertos no feminino ajudarão a dar visibilidade a quem foi mantido na sombra.

Escrito por
José Carlos Fernandes

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