A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
Kenny Berg & Co$tanza
DRKenny Berg & Co$tanza

Kenny Berg & Co$tanza: “Somos uns sem vergonha na cara”

O primeiro EP assinado por Kenny Berg e Co$tanza, ‘cK’, é uma inesperada surpresa. “Azeiteiro, mas sempre verdadeiro”, nas palavras da metade portuense da dupla.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
Publicidade

Desde o final da década passada que Kenny Berg e Co$tanza vêm a deixar a sua marca no soundcloud e nas margens do hip-hop nacional. O primeiro, que garante chamar-se Ronaldo Rosas, é uma das figuras mais entusiasmantes a trabalhar no submundo do trap portuense. Miguel Costa, o segundo, esteve ligado à promotora lisboeta Maternidade e inspirou-se na linha verde do metro de Lisboa para, em 2019, gravar o álbum homónimo, que descreve como a “banda sonora de um videojogo que não existe”. Este ano, juntaram-se no EP cK, que apresentam ao vivo este sábado, 13 de Abril, no Ferro Bar. E já estão a pensar no segundo disco.

O primeiro EP em conjunto é uma das boas surpresas deste ano. Cinco músicas sem gorduras nem tempo a perder condensadas num disco nocturno e afirmativo, confiançudo. Quinze intensos minutos de festa e roço ao longo dos quais o trap se transforma numa club music desconstruída e abrasiva, simultaneamente herdeira do eurodance e da hyperpop. Tem alguns pontos de contacto com “só + 1 vez”, uma das faixas da Co$tape de Co$tanza, com a voz de Kenny Berg, no entanto não é exactamente o que se esperaria de nenhum deles. Ainda bem.

“Acho que ambos estávamos à procura de um tipo de estímulo que trouxesse algum desafio e ar fresco. Pelo menos eu estava mega-bloqueado”, começa a explicar o cantor e rapper do Porto, que desde o lançamento do primeiro álbum, Tinderland (2021), se tinha dedicado “mais a outras coisas como a pintura” – uma das suas obras integra a colecção municipal do Porto.

“Já há uns anos que queria trabalhar em algo mais dançável, até porque isso reflecte um pouco mais os meus meios e o tipo de festas/música que ouço. Estava um bocado farto do que tinha lançado até agora e com a ideia fixa de só voltar a lançar som quando fosse algo com uma ideia por trás”, continua Kenny. “Queria cruzar a cena trap com uma coisa mais EDM e até punk mesmo. Como ambos somos uns sem vergonha na cara, passámos imenso tempo a ouvir som e a pensar o que íamos ‘roubar’ e como iríamos tornar isso ainda mais azeiteiro. Mas sempre verdadeiro, que reflectisse algumas coisas que eu queria mesmo passar para aqui, mais auto-centradas.”

O EP foi produzido e gravado principalmente no atelier do artista plástico portuense, só com um microfone e as colunas do PC. “Os beats o Costa ia fazendo, ou criando uma parte comigo, depois ia para casa e tinha umas quantas psicoses e voltava com a cena mais trabalhada e meio que fomos assim estando, sempre presentes nos processos criativos um do outro. Mas eu fiquei pelas letras e o Costa pelos beats, ele foi sempre bué flexível em relação às minhas ideias e eu às dele, grizámo-nos muito e fizemos um monte de javardice”, descreve Kenny Berg. “Acho que dá para reparar…”

Co$tanza desenvolve. “Para este disco o tema base era eurodance e começámos a partir daí. A primeira malha que fizemos foi a ‘Morrer no Show’. Já tinha mostrado uma base assim meio EDM/Tomorrowland type beat no início do ano de 2023 ao Kenny e ele tinha odiado”, ri-se o homem da Linha Verde. “Quando me mudei em Outubro para o Porto fiz uma versão desse beat mais eurodance, ele curtiu, escreveu a letra na mesma tarde e o resto foi fluindo. A sonoridade do EP muda com a ‘Love’ e a ‘Já Não Dói Não’ porque queríamos propositadamente ter uma baladona e também uma malha electro-punk/indie/Paredes de Coura”, prossegue. “Gosto de me desafiar a mim próprio e de provar às pessoas que também sei fazer música foleira”, brinca.

Agora, “a ideia é continuar a dar uns gigs e ver como é que a cena se transforma e se vai comportando. Os concertos são uma coisa que nos estimula. Pensamos nas músicas de outra maneira e elas também se podem transformar em coisas que não tínhamos pensado, ou reparado que poderiam ser”. Este sábado, no Ferro, vão continuar a transformar-se.

Ferro Bar. 13 Abr (Sáb). 22.30. 5€

Continuamos à conversa

Publicidade
Recomendado
    Também poderá gostar
    Também poderá gostar
    Publicidade