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Monteverdi: Vésperas

  • Música, Clássica e ópera
Paul Hillier
©DRPaul Hillier
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A Time Out diz

As lacunas em torno da vida de Claudio Monteverdi (1567-1643) fazem com que não se conheça o contexto e o propósito da publicação em Veneza, em 1610, de uma sumptuosa colecção de música sacra destinada a abrilhantar um ofício de Vésperas (juntamente com uma missa a seis vozes). À data, Monteverdi estava ao serviço da corte de Mântua, mas as suas atribuições não incluíam a música sacra e não há registo de que as Vespro della Beate Vergine tenham sido tocadas nesta cidade. Alguns estudiosos sugerem que a obra é adequada à festa de Santa Bárbara e que poderá ter sido concebida para a Basílica de Santa Bárbara, em Mântua – Jordi Savall deu crédito a esta hipótese e escolheu essa basílica para gravar a sua esplendorosa versão da obra, em 1988 (hoje disponível na Alia Vox).

Mas há também quem sugira que a obra foi concebida para funcionar como candidatura ao posto de mestre de capela na Basílica de São Marcos, em Veneza, posto que Monteverdi viria a ocupar, mas apenas três anos depois, após ter sido dispensado 
da corte de Mântua. A colecção foi dedicada ao Papa Paulo V, mas não é plausível que se destinasse a obter um posto em Roma, onde a música sacra se regia (e continuou a reger-se) por moldes conservadores, enquanto as Vespro fervilham de inovação.

A estonteante variedade de estilos e combinações instrumentais e vocais, e a assombrosa riqueza de invenção patenteadas nesta colecção, valem bem a carreira completa de muitos compositores – foi como se Monteverdi tivesse querido condensar em hora e meia o seu génio e fazer um balanço do estado da Arte.

Este deslumbrante monumento sonoro foi escolhido pelo Coro Casa da Música para assinalar o 10.º aniversário da sua fundação, num evento que conta também com a Orquestra Barroca e a direcção de Paul Hillier.

Escrito por
José Carlos Fernandes

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