A Time Out na sua caixa de entrada

Procurar
O Casaco Rosa, de Mónica Santos
O Casaco Rosa, de Mónica Santos

A liberdade vai passar pelo IndieJúnior Porto

O festival de cinema infantil e juvenil associa-se às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, e deixa que a liberdade guie a programação.

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
Publicidade

A liberdade é o tema central da 8.ª edição do IndieJúnior no Porto, que integra na sua competição o maior número de filmes de sempre, entre ficções, documentários e animações. A programação, que terá lugar em vários locais da cidade – Batalha Centro de Cinema, Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Casa das Artes, Coliseu do Porto, Maus Hábitos e Universidade do Porto –, arranca a 22 de Janeiro e prolonga-se até dia 28. Sem esquecer a revisita à História, procurar-se-á lançar um debate alargado sobre o lugar da democracia e a execução do projecto de Abril no Portugal de hoje.

Antes do arranque do festival, há uma sessão de warm up já no próximo sábado, 13 de Janeiro, pelas 16.00, na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto. Ao longo de quase uma hora, revisitam-se alguns dos filmes que estiveram em competição na edição anterior. Depois é o habitual: entre os dias 22 e 28, além da exibição de filmes, haverá encontros com realizadores, sessões mediadas e actividades educativas e artísticas para toda a família. 

“Com o comemorar dos 50 anos do 25 de Abril, fez-nos todo o sentido ter uma programação que de alguma forma reflectisse também este pensamento sobre onde estamos, desde 1974 até 2024”, diz-nos a directora do festival, Irina Raimundo, que destaca a longa-metragem 48, de Susana de Sousa Dias. “É um testemunho de várias pessoas que, em momentos diferentes das suas vidas, estiveram presas e foram torturadas nas cadeias da PIDE [entre 1926 e 1974]”, e que nos permite perceber a falta de liberdade, mas também a resistência que se levou a cabo e que viria a desembocar na Revolução dos Cravos.

Além de 48, o novo Foco Liberdade, pensado de propósito para este ano e no qual a exibição da longa de Sousa Dias se insere, inclui três sessões de curtas-metragens, todas mediadas por convidados. A primeira, a 27 de Janeiro, às 15.00, na Casa das Artes, contempla curtas portuguesas do antes e do depois do 25 de Abril, como O Casaco Rosa, de Mónica Santos, uma animação sobre Rosa Casaco, agente da PIDE que chefiou a brigada responsável pelo assassinato do General Humberto Delgado; e Balada de um Batráquio, de Leonor Teles, um filme que intervém no espaço real do quotidiano português como forma de fabular sobre um comportamento xenófobo enraizado na nossa cultura.

Já em parceria com o projecto FILMar, no mesmo dia e no mesmo local, às 16.30, será realizada uma sessão especial para maiores de 15 anos, composta por três curtas metragens portuguesas – Amanhecer Para Além da Ponte, Praias de Portugal e O Porto e Os Portugueses –, que se debruçam sobre o contexto de Portugal durante o fascismo do chamado Período Marcelista.

“Este ano, nas actividades paralelas e em parceria com um projecto que se chama Vila Maria Alice, vão realizar-se quatro oficinas de psicologia, para trabalhar questões de família, de crescimento e de educação, a partir de filmes que temos na programação e que se relacionam”, adianta Irina Raimundo, que para as famílias recomenda a programação dos dias 27 e 28 de Janeiro. “Sugiro que tirem o fim-de-semana para passarem no festival. Temos sessões de cinema para várias idades – temos o Cinema de Colo para os bebés e um filme-concerto no domingo, às 16.15, que vai ser muito bonito, por exemplo –, e não esquecer que tanto os pais como os filhos vão poder votar nos seus filmes preferidos.”

As mencionadas sessões de Cinema de Colo, para famílias com crianças entre os 6 meses e os 3 anos, voltam a ocupar o Novo Ático do Coliseu do Porto, entre 27 e 28 de Janeiro. Paralelamente, será realizada no mesmo espaço a oficina “Entre Poças e Borrifos”, destinada a bebés entre 1 e 2 anos. Por sua vez, o filme-concerto recomendado por Raimundo será exibido a 28 de Janeiro, na Sala 1 do Batalha Centro de Cinema. Em Sons da Liberdade, o duo feminino O Som do Algodão propõe um espectáculo em que a exploração sonora e narrativa emolduram a projecção de dois filmes particulares: Pela Primeira Vez, documentário de Júlio Cortázar, sobre a primeira ida ao cinema de um grupo de camponeses, e O Evadido, de Charlie Chaplin.

Quanto à secção O Meu Primeiro Filme, Irina Raimundo revela que o convidado é o designer e comunicador Wandson Lisboa, que seleccionou o filme Toy Story – Os Rivais. A exibição deste filme, que faz as delícias de pais e filhos, está prevista para sábado, 27 de Janeiro, às 16.45, no Batalha Centro de Cinema.

Para públicos mais adultos, o IndieJúnior e o Maus Hábitos juntam-se a 26 de Janeiro, pelas 21.00, para uma sessão de Cinema à Mesa. Com entrada gratuita, a iniciativa propõe um encontro entre os nossos pratos favoritos e quatro curtas metragens – como Maminhas, de Eivind Landsvik, e Um Caranguejo na Piscina, de Alexandra Myotte e Jean-Sébastien Hamel –, que navegam entre ficção e animação e exploram questões sobre o corpo. Destinada a jovens a partir dos 12 anos, esta sessão reflecte sobre a fase de transição que é a adolescência e como é que podemos lidar com as imposições sociais que chegam de todos os lados. 

Fora do ecrã, destaca-se a Biblioteca Liberdade no Batalha, que conta com uma selecção de obras infanto-juvenis e um programa de leitura; bem como a exposição “Abrir Abril”, que parte do imaginário das crianças para ilustrar a liberdade e os vários tipos de opressão que a condicionam, lembrando-nos que a liberdade está sempre por conquistar. Haverá ainda tempo e espaço para várias conversas informais entre público e realizadores. 

A fechar o festival, no dia 28 de Janeiro, a já icónica Matiné Dançante do IndieJúnior volta à cafetaria do Batalha Centro de Cinema, com um momento de descontração, com direito a DJ set da Miss Playmobil e bolas de espelhos.

Se não quiser perder pitada, pode consultar a programação completa, bem como informações sobre os bilhetes, no site do festival.

+ Kudikis. “Não são caixas de brinquedos, são caixas de brincadeiras”

+ Leia, grátis, a edição digital da Time Out Portugal deste mês

Últimas notícias

    Publicidade