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Dança, música e teatro a circular por Vila do Conde

A 17.ª edição do festival Circular acontece de 18 a 25 de Setembro e conta com nomes como Volmir Cordeiro, João Pais FIlipe ou Maria Filomena Molder.

Escrito por
Mariana Duarte
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A Norte, o Circular é um dos festivais que mais tem contribuído não só para nutrir uma comunidade ligada às artes performativas, mas também para estimular e reforçar espaços de encontro e diálogo entre várias disciplinas. Dança, performance, música, teatro, artes visuais e pensamento voltam a cruzar-se nesta 17.ª edição, “onde reside uma ampla diversidade temática suscitada por cada uma das propostas autorais”, dizem os programadores Paulo Vasques e Dina Magalhães.

O arranque, no sábado, faz-se com um três em um, reunindo artistas portugueses e estrangeiros que já são cúmplices de longa data do festival. O primeiro momento é a inauguração da exposição Membrana, do baterista e percussionista João Pais Filipe e da artista visual e realizadora Mónica Baptista, acompanhada por uma performance às 17.30. Numa co-produção com a Solar - Galeria de Arte Cinemática/Curtas Metragens de Vila do Conde (fica até 6 de Novembro), e resultante de uma residência artística no Uganda em 2019, Membrana apresenta um conjunto de esculturas sonoras, fotografias e vídeos numa simbiose entre a matéria, o som e a luz enquanto forças vibratórias (e não só), propondo conduzir-nos “numa deriva rizomática”.

A esta inauguração segue-se, às 21.00 no Teatro Municipal, o espectáculo de abertura do Circular, Calçada, que marca o regresso a Vila do Conde do coreógrafo brasileiro Volmir Cordeiro. Reprogramado de 2020 para a edição deste ano devido às contingências impostas pela crise pandémica, Calçada é um espectáculo “onde se reinventa e redefine a experiência comunitária”, apontam Paulo Vasques e Dina Magalhães. Evocando as manifestações culturais e artísticas, políticas e identitárias que acontecem nas ruas das grandes cidades do Brasil, Volmir Cordeiro aborda a calçada enquanto “espaço de circulação de mundos, de trabalho, de regras, de contacto, de festa”, sempre numa procura por estados de corpos contraditórios. A fechar o primeiro dia do festival, tem lugar no Auditório Municipal o concerto dos CZN, projecto dos percussionistas João Pais Filipe e Valentina Magaletti e do produtor Leon Marks.

No segundo fim-de-semana, a 24 e 25, é lançado o disco Peixinho Patriarca Percussão do Drumming Grupo de Percussão, dedicado ao repertório dos compositores Jorge Peixinho e Eduardo Luís Patriarca, numa co-edição com o Circular, reforçando assim a aposta crescente na música por parte do festival. Este álbum surge no seguimento de um concerto, na edição de 2017, que aliou os dois compositores, sublinhando a sua ligação à cidade de Vila do Conde. Marcado para as 21.00 no Teatro Municipal, este concerto é antecedido pela ante-estreia da performance She gave it to me I got it from her, em que a artista Clara Amaral prossegue a sua investigação em torno da dimensão performativa da escrita e da linguagem através de uma visão feminista (Centro de Memória, 15.45 e 17.00, com mais duas récitas no dia seguinte). O festival apresenta outra estreia de um autor ainda pouco conhecido no circuito nacional: o coreógrafo Raul Maia, com A fala da racha, uma criação em que parte “de um lugar teatral para um processo coreográfico de fragmentação de linguagens: física, textual, sonora e dramatúrgica” (Auditório Municipal, dia 24 às 22.30 e dia 25 às 21.00).

No último dia do Circular há dois momentos dedicados ao pensamento: a conferência “Ensaio de decifração de um enigma: A poesia dramática é a causa finalis da vida humana e do mundo (Goethe), pela filósofa Maria Filomena Molder (Teatro Municipal, 14.30-16.30), e o lançamento do quinto número do jornal Coreia, um projecto editorial do coreógrafo e bailarino João dos Santos Martins (Teatro Municipal, 17.30). A acompanhar haverá a projecção do filme Against Waves e a performance Ehera Noara da artista sul-coreana Hwayeon Nam, interpretada por Ji Hye Chung, que vai activar o arquivo de uma das precursoras da dança moderna coreana, Choi Seung Hee.

Esta 17.ª edição encerra com a estreia nacional de Pienso casa, digo silla (Teatro Municipal, 22.30), uma peça de teatro do colectivo espanhol Los Detectives que se debruça sobre as experiências de mulheres da Idade Média, muito à frente do seu tempo – incluindo a monja beneditina Hildegard de Bingen, teóloga, médica, poetisa, dramaturga, compositora e naturalista que deixou um importante legado, ainda que invisibilizado.

Vários espaços de Vila do Conde. 5€ por espectáculo, entrada gratuita (mediante levantamento prévio de bilhete) em 'Membrana'; 'Peixinho Patriarca Percussão' por Drumming GP; e lançamento do Jornal Coreia.

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