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Há uma nova loja de discos no Porto

A Music and Riots abriu no dia 14 de Setembro no Centro Comercial Bombarda, numa altura em que as lojas independentes de discos são cada vez mais necessárias.

Escrito por
Ana Patrícia Silva
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No meio de uma pandemia, o Porto ganhou uma nova loja de discos. Pelas mãos da Music and Riots, uma publicação de música independente, este espaço funciona como loja, mas também como escritório da revista. Está de portas abertas na loja 23 do Centro Comercial Bombarda.

Por aqui encontram-se discos que seguem a mesma curadoria, a alma independente e o espírito DIY da Music and Riots. O vinil é a estrela da casa, mas também vendem outros formatos como cassetes e CDs, com atenção a editoras como a Sargent House, XL Recordings, Deathwish, Sub Pop, Sacred Bones, 4AD, Southern Lord e Relapse.

Music and Riots
Music and Riots – fotografia de Andreia Alves

Por detrás deste espaço estão Rui Correia (fundador da Biruta Records) e Fausto Casais, o fundador, editor e designer da Music and Riots. Numa altura em que os apoios à cultura são escassos, abrir uma loja de discos é uma "posição forte, quase política". "A função que uma loja de discos pode ter numa comunidade e na cultura é algo que nunca pode ser desvalorizado. As pequenas lojas de discos são a espinha dorsal da música independente", explica Fausto Casais.

"Uma loja de discos é um lugar onde muitas vezes se faz história, que nos educa e nos oferece muitas vezes uma perspectiva mais realista sobre questões sociais e políticas", acrescenta. "A nossa identidade é por vezes formada e moldada em lojas de discos quando se descobre um determinado artista, disco, um género específico. É também um local para contacto humano, troca de ideias e uma rede social para todos os fãs de música e fãs de todas as músicas."

Music and Riots
Music and Riots – fotografia de Andreia Alves

O que vos levou a querer abrir uma loja de discos no Porto?

Fausto Casais: Talvez o facto de estarmos fartos de mais do mesmo relativamente ao espectro das normais lojas de discos. E essencialmente pela real necessidade de tomar uma posição forte, quase política, de apoiar a cultura, numa altura em que os apoios são escassos, como temos visto, especialmente nos tempos que vivemos. Aqui, claro, pesa o facto de ambos acharmos que o Porto tem um potencial tremendo para dinamizar, sem falar na sede de um público em ter uma oferta mais cuidada e em clara falta na cidade e arredores.

Que relação existe entre a loja e a Music and Riots?

FC: A atitude é a mesma, o mesmo espírito DIY continua, se calhar ainda mais DIY. E o mesmo cuidado de pura curadoria, sempre dentro daquilo que achamos importante ter ou falar. Estamos numa posição muito confortável com a revista, visto só termos em cada edição aquilo que achamos relevante para nós e que obviamente queremos partilhar com o nosso público. Existe uma linha editorial muito rigorosa e uma componente artística do ponto de vista visual também muito cuidada, onde tudo tem de bater certo e fazer sentido para nós. Tentamos passar tudo isto para a loja, com uma forte ênfase na curadoria dos discos.

Que tipo de discos podemos encontrar aqui? 

FC: Só material novo, onde o vinil assume um papel de preferência para ambos. Também temos cassetes, CDs e outro tipo de formatos. Quando pensámos na expansão deste projecto para um office da revista/loja de discos, também pensámos naquilo que nos possa diferenciar, para oferecer ao cliente o tipo de edições que nós gostaríamos de comprar.
Obrigatoriamente temos um cuidado especial nas edições, damos muita importância a lançamentos de editoras específicas como a Sargent House, XL Recordings, Deathwish, Sub Pop, Sacred Bones, 4AD, Southern Lord, Relapse e muitas outras. Tudo isto também nos permite dar uma especial atenção aos detalhes de cada edição em vinil, desde edições limitadas às edições artisticamente mais bem conseguidas dos artistas que gostamos, passando por uma aposta clara em fundo de catálogo que tem sido ignorado ao longo dos anos, e nas melhores reedições. Para nós, é perfeitamente normal termos discos de uma artista como Phoebe Bridgers ao lado de Converge, ou ter Run the Jewels ao lado de Swans.

Que importância pode ter uma loja de discos agora, nestes tempos diferentes que vivemos?

FC: A importância é tremenda. A função que uma loja de discos pode ter numa comunidade e na cultura é algo que nunca pode ser desvalorizado. As pequenas lojas de discos são a espinha dorsal da música independente. Um lugar onde a chamada “indie music” e as pequenas editoras podem colocar o seu material nas mãos de novos e ávidos consumidores sempre à procura de coisas novas, desafiantes e interessantes, mas sem os sistemas de filtragem corporativos da grande distribuição.
É também um lugar onde muitas vezes se faz história, que nos educa e nos oferece muitas vezes uma perspectiva mais realista sobre questões sociais e políticas. A nossa identidade é por vezes formada e moldada em lojas de discos quando se descobre um determinado artista, disco, um género específico. É também um local para contacto humano, troca de ideias e uma rede social para todos os fãs de música e fãs de todas as músicas.
Em tempos de pandemia e distanciamento social, todos estes elementos fulcrais podiam se ter perdido, mas o que temos observado é exactamente o contrário – até parecem nesta fase pós-confinamento mais intensos e necessários que nunca.
Existe algo de catártico na forma como se tem observado o comportamento do consumidor durante a pandemia e onde se tem consumido o produto físico, ao ponto de observarmos todos os dias rupturas de stock por todo o mundo. É uma realidade que nos faz elevar a qualidade da nossa oferta e a nossa exigência que o mercado funcione como deve ser na distribuição, visto estarmos com poucos dias de loja aberta e já a sentir a dificuldade em ter certos artigos em loja.

Music and Riots
Morada: Centro Comercial Bombarda, loja 23.
Horário: Segunda-Sexta 11.00-19.00, Sábado 11.00-20.00. Encerra ao Domingo.
Music and Riots
Music and Riots – fotografia de Andreia Alves

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