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Investigação portuense é a capa da revista americana Science

A descoberta do gene que origina as diferenças de cores entre aves macho e fêmea, feita por investigadores da Universidade do Porto, é a capa de hoje da revista Science. O estudo foi realizado numa raça peculiar de canários: os canários Mosaico.

Escrito por
Ana Patrícia Silva
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É um sonho para um cientista em qualquer parte do mundo. A descoberta científica feita por uma equipa de investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO InBIO), da Universidade do Porto, é a capa da edição de 12 de Junho da revista Science. O estudo revela, pela primeira vez, o gene responsável pelo dicromatismo sexual – as diferenças na coloração entre machos e fêmeas – que ocorre em muitas aves. 

É a primeira vez que um artigo assinado por autores correspondentes da Universidade do Porto merece este destaque, naquela que é, a par da Nature, a mais prestigiada revista científica do mundo. Esta descoberta constitui um passo importante no estudo da evolução da expressão das cores em machos e fêmeas e contribuirá para entender como as estratégias de acasalamento e de nidificação, pressões de predação e a luz ambiental afectam a evolução da coloração em aves.

A plumagem das aves foi considerada, durante muito tempo, um fenómeno para além da compreensão humana. O estudo agora publicado vem dar a conhecer o mecanismo responsável pelas cores mais exuberantes que os machos de muitas espécies de aves normalmente ostentam. Para conhecer este fenómeno, os investigadores utilizaram uma raça peculiar de canários vermelhos – os canários Mosaico – que herdaram dos seus ancestrais um gene responsável pela produção de penas vermelhas. 

Science
© Science

Através da sequenciação do genoma dos canários Mosaico, os investigadores encontraram uma única região divergente no ADN. Este gene codifica uma enzima que “degrada os pigmentos vermelhos e amarelos. A diferença entre os machos com cores vivas e as fêmeas com cores esbatidas é resultado da quantidade de pigmentos que são depositados nas penas. Assim, este tipo de gene pode dar origem a machos mais coloridos e fêmeas com menos cor”, refere Ricardo Jorge Lopes, um dos primeiros autores do estudo, autor da fotografia da capa e que também é curador de aves no Museu de História Natural e da Ciência do Porto.

Os resultados do trabalho revelaram ainda que este gene se comporta da mesma forma em outras espécies de aves da mesma família, fazendo crer que este pode ser um mecanismo comum para o dicromatismo sexual em aves.

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