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Há um ano em funcionamento, a Sala de Prova, localizada no topo da Torre do Time Out Market Porto, já passou por diversas fases, tendo a última delas entrado em cena em Abril, com vários novos pratos para provar – mais portugueses, divertidos e preparados com ingredientes da época.
Mesmo num dia de Abril de famosas águas mil, são várias as pessoas que procuram a Sala de Prova pela vista. Sentam-se numa mesa estratégica, compõem o cabelo e colocam o seu melhor sorriso. Ao fundo não falta nada – seja a Torre dos Clérigos ao centro, a Estação de São Bento em baixo ou o topo do edifício da Câmara Municipal do Porto, à direita. E o melhor acompanhamento? Um copo de vinho, claro.
A carta de vinhos do Porto e Douro, desenhada pelo enólogo Bento Amaral, mantém-se. Já nos pratos, além das várias novidades, há uma abordagem nova: “De início, a nossa intenção era fazer pratos pequenos, que acompanhassem apenas os vinhos, mas temos vindo a perceber que muita gente sobe à Torre à procura de uma refeição completa e tivemos de nos adaptar”, conta o chef Luís Américo, responsável pelo espaço desde o início.
A cozinha alargou-se para o balcão exterior e, agora, parte do processo de confecção na Sala de Prova é aberto ao público, algo que potencia a interacção com o cliente e um valor que o chef quis igualmente transpor para os pratos novos. “Principalmente aqui, noto que as pessoas adoram o contacto: ver a preparação da comida, ver que lhes vão acrescentar um molho ao prato e que ralem o queijo no momento. Sentem-se mais envolvidas”, acrescenta Luís Américo.
Como tal, a nova carta, além de primar pelos ingredientes sazonais, como já é habitual, está também mais completa e divertida. Do lado dos snacks e das sugestões frias, brilham os sabores a mar, com a adição das lulas salteadas com molho de manteiga e mostarda antiga (12,8€), que casam bem com um bom vinho branco; a terrina de polvo com batata doce e maionese de alho negro (16€) e a conserva de sardinha portuguesa com escabeche de frutos secos (12,5€). “Nós [portugueses] temos tendência a ver as conservas como algo para desenrascar, como a massa com atum ou as sardinhas com pão, mas as pessoas de fora procuram-nas activamente para experimentar”, sublinha o chef.
Se neste tempo quente prefere as comidas frescas, saiba que as sugestões frias não ficam por aqui. As ostras ao natural (3€/un) são um favorito da casa, chegam fresquinhas diariamente e ficam expostas ao balcão para atiçar o apetite de quem entra. Como elas, também o bife tártaro de lombo com tostas caseiras (14€) e o foie gras curado recheado com ameixas de Elvas (16€) se mantêm na carta.
O que é português é bom
A demanda por mais sugestões de refeição, conta o chef Luís Américo, chegou no momento certo, já que havia "há bastante tempo a vontade de aportuguesar o menu, tanto através das receitas, como dos ingredientes, não só para atrair a clientela local, como também para dar a conhecer o que de melhor temos aos turistas, que, na sua maioria, procuram pratos nacionais”.
Foi nas sugestões quentes que mais mudanças houve. O bacalhau é a estrela principal, seja gratinado com molho tártaro, cebolada de salpicão e batata frita (24€), numa "mistura entre o bacalhau à Zé do Pipo e à moda de Braga"; ou acompanhado por uma cevadinha, “que é quase o risotto português”, com salpicão e caldo de camarão (18€). Já o polvo à lagareiro (24€) é regado em azeite e louro, envolto numa cebolada avinagrada e posteriormente adornado com um molho caseiro picante, isto já na mesa – um dos vários momentos de interacção com o cliente.
O rosbife de pato (24€) é “talvez o prato menos português” desta secção, conta o chef, mas isso não lhe tira mérito, já que é servido com mousse de abóbora assada e raspa de laranja, de origem local. A última sugestão quente, o tornedó do lombo à portuguesa (25€), vem de um lugar de nostalgia, uma vez que é inspirada “em todos aqueles que gostam de um bom bife com ovo estrelado, como o meu pai”, revela o chef. Depois de grelhada, a carne é banhada num molho semelhante ao clássico das cervejarias, com vinho branco, manteiga e mostarda. E para acompanhar, a clássica batata frita portuguesa às rodelas.
Nas sobremesas, entra uma nova versão de um clássico. O pastel de nata em (r)evolução (8€) brinca com as camadas deste famoso doce, atribuindo-lhe dois elementos crocantes: a massa filo, que é misturada com o creme, e massa de fartura frita em formato noodle como revestimento. O carpaccio de abacaxi com lima e cachaça (7€) e o brownie de chocolate com expresso martini (8€), que é também a sobremesa mais requisitada da Sala de Prova, são algumas das opções que permanecem no menu. “A base da cozinha portuguesa cada vez mais deriva em alguns pratos, é uma experimentação a que as pessoas se estão a habituar”, acrescenta o chef Luís Américo.
Pela Sala de Prova, a gastronomia nacional é a grande estrela da temporada, contestada apenas pela estrela-mor: o sol que agracia a vista nestes dias primaveris. Escolha o seu copo de vinho e desfrute.
Ala Sul da Estação Ferroviária de São Bento, Praça de Almeida Garrett (Porto). Seg-Dom 10.00-23.00
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