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O Antigo Carteiro (FECHADO)

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  • Porto
  • 3/5 estrelas
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A Time Out diz

3/5 estrelas

Em Lordelo do Ouro, junto à Rua do Ouro, existe um simpático larguinho de casario baixo e castiço onde se respira tranquilidade e vizinhança à moda antiga. Enquanto passava na rua, uma moradora batia à porta da outra e pedia farinha para acabar o jantar do seu “mais que tudo”. “Ó mor, entra e tira aí de cima. Num te acanhes, carago!” Esta alma à Porto, ainda por cima com o rio ali tão perto, abrem de imediato o apetite.

Conheço este Carteiro há pelo menos há 10 anos. Teve altos e baixos, mas mesmo com uma nova gerência, manteve o chef, alterou muito pouco a estrutura base, a sensação de estarmos em casa e a decoração. As portadas de madeira pintadas de amarelo palha, o soalho, os azulejos brancos até meio da parede, um espelho a todo o comprimento, as cadeiras de madeira em laranja e as toalhas imaculadamente brancas fazem lembrar os restaurantes das antigas pensões, onde tão genuinamente se comia. Há ainda uma pequena e agradável esplanada.

Qualquer dos cenários vai bem com a comida. Na última visita, provou-se primeiro um tomate marinado em azeite, alecrim, manjericão e salsa – original e delicioso. O tomate estava suculento e as aromáticas equilibravam muito bem e pediam que de seguida se molhasse o pão no azeite. Ainda como couvert, nesse dia apareceu uma bruschetta tradicional com rúcula, simples e boa (já não há pachorra para o pão e azeitonas).

Nas entradas, provaram-se os ovos à Carteiro, uma omelete em forma de canoa com o interior mal passado, recheada com salsa e um bom presunto, que me pareceu ser um Ibérico e que, embora de pacote, tinha uma excelente cura, cogumelos carnudos e croutons. Gostei bastante. A única coisa que se pode apontar era que faltavam uns grãos de flor de sal para dar alegria. Nas carnes, o peito de frango recheado com alheira tinha o bicho em fatia fina, como deve ser, e um recheio de alheira que, apesar de bem fumada, era em demasia e se sobrepunha ao resto. Acompanhou com bons grelos salteados.

A perdiz de escabeche estava muito original, ainda que a ave fosse de aviário. Hoje, infelizmente, mesmo as caçadas em campo aberto já não têm o sabor forte e activo de outros tempos (saudades daquelas canjas com deliciosas bolhas de gordura). O escabeche mostrou- -se menos avinagrado do que é habitual e deliciosamente adocicado, com cebola grossa, cravinho, salsa, alecrim, gengibre e tomilho limão. Vem com boas tostas.

Experimentou-se também um folhado vegetariano, bem apresentado em fatias de massa folhada e recheado com um misto de legumes salteados em azeite e alho. Os legumes sem grande sabor e o folhado pareceu-me ter sido mal aquecido, no momento.

Nas sobremesas, a tarte de lima, embora com um ligeiro toque a frigorífico, estava muito boa e é uma excelente opção para final de refeição. Bastante mais ácida do que o normal, com raspa de lima por cima e com uma textura muito macia.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Escrito por
José Luís Rendeiro

Detalhes

Endereço
Rua Senhor da Boa Morte, 55
Porto
4150
Horário
Ter-Sáb 12.00-00.00, Dom 12.00-17.00
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