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Taberna dos Mercadores

  • Restaurantes
  • Ribeira
  • preço 2 de 4
  • 4/5 estrelas
  • Recomendado
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    ©João SaramagoTaberna dos Mercadores
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    ©João SaramagoTacho de carne arouquesa da Taberna dos Mercadores
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A Time Out diz

4/5 estrelas

Já andava há algum tempo a tentar jantar na Taberna dos Mercadores. Tentei marcar mesa duas ou três vezes, para o próprio dia, e a resposta era sempre a mesma: “desculpe mas não temos. Por acaso conhece o nosso espaço? É que é pequeno.” De facto não conhecia. Sabia que era pequeno, mas não minúsculo. Nunca imaginei que enchesse com pouco mais de 16 pessoas. Achei que as mesas esgotavam graças à genealogia da casa: é dos mesmos donos da Adega de São Nicolau, essa instituição portuense da qual sou fã assumido.

Por isso mesmo, quando consegui finalmente marcar mesa (com dois dias de antecedência), numa quente noite de Agosto e com a Ribeira a transbordar de turistas, senti-me um sortudo. Mais sortudo ainda quando percebi que as portas/janelas
da sala/cozinha estavam abertas para a rua – a única mesa da esplanada estava ocupada, claro.

E foi assim, numa onda de entusiasmo – noites quentes
 na cidade são raras e mesa na taberna idem – que me sentei
 à mesa. Tudo impecavelmente bem-posto. Toalhas brancas, guardanapos brancos, o clássico serviço da Real Companhia Velha, empregados atenciosos, bom ambiente, uma carta de vinhos cheia de boas referências.

Os astros todos bem alinhados. Chegou o couvert. Pãezinhos pequenos, sem grande história, bom azeite para os molhar e um prato de azeitonas pequeninas, mas cheias de sabor e cebolinhas em vinagre. Chegaram também, servidos num cesto de rede metálica, os bolinhos de bacalhau. Mas nada de reinvenções no petisco: polme crocante, um interior leve, com boa consistência, mas ligeiramente insosso. Veio depois uma óptima salada de polvo, bem temperada, coberta de cebola picada, com um molusco tenro, tenríssimo. De pôr as de muitas marisqueiras pelo país fora num chinelo (só soube depois que o cozinheiro trabalhou numa marisqueira de Matosinhos).

O primeiro dos pratos principais a chegar à mesa foi uma dourada ao sal. Um espectáculo digno de ser filmado – e foi, pelos outros clientes da sala
–, já que chega à mesa completamente em chamas. “Para cortar o excesso de sal e para os turistas verem”, admitiu um dos empregados. Shows à parte, a dourada era bem fresca, estava no ponto, acompanhava com batata cozida e brócolos. Veio, quase em simultâneo,
a açorda de marisco. Uma dose generosa, estranhamente leve para uma açorda, com bons camarões e amêijoas, também num bom equilíbrio.

Já nas carnes, um tacho de carne Arouquesa, uma das raças que menos conheço, mas que, por esta amostra, me voltou a convencer. A carne saborosa, a desfazer-se a cada garfada, num tempero a fazer lembrar a simples carne estufada, com batatas e brócolos, num bom molho à base de azeite. Os rojões estavam ao nível dos outros pratos, mais uma vez com a carne bem tenra (palavra da noite, claramente).

As sobremesas, infelizmente, fizeram descer a parada. 
A tarte de maçã
 merengada, apesar de ser uma especialidade, não me conquistou. Muito doce e com excesso de calda. Os palitos de amêndoa vinham queimados em baixo e nas pontas e, como resultado, estavam secos.

Mesmo assim, pondo tudo na balança, pela qualidade dos produtos e da confecção, pela simpatia do serviço, pelo ambiente, pelo preço, de 20€ por cabeça, e porque aqui se acredita que, mesmo modernizando alguns pontos – os tachos de serviço são todos à la século XXI –, no tradicional também pode estar o ganho, merece as quatro estrelas.

*As críticas da Time Out dizem respeito a uma ou mais visitas feitas pelos críticos da revista, de forma anónima, à data de publicação em papel. Não nos responsabilizamos nem actualizamos informações relativas a alterações de chef, carta ou espaço. Foi assim que aconteceu.

Escrito por
Francisco Beltrão

Detalhes

Endereço
Rua dos Mercadores, 36/38
Porto
4050-373
Preço
Até 30€
Horário
Ter-Dom 12.30-15.30/19.00-23.00
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