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Tita Maravilha
© Filipe FerreiraTita Maravilha

Tita Maravilha vence prémio revelação e lembra: “A ferida colonial ainda sangra”

A performer, programadora e encenadora brasileira, radicada em Portugal desde 2018, é a vencedora do Prémio Revelação Ageas Teatro Nacional D. Maria II.

Escrito por
Beatriz Magalhães
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Tita Maravilha foi distinguida com a 5.ª edição do Prémio Revelação Teatro Nacional D. Maria II, em parceria com o grupo Ageas Portugal. A encenadora, performer, programadora e autora junta-se assim ao clube dos vencedores deste galardão, que inclui Sara Barros Leitão, Mário Coelho, Cárin Geada e Pedro Azevedo, este distinguido na última edição. 

A artista multidisciplinar, que nasceu no Brasil e vive em Portugal desde 2018, define-se como uma “inventora de universos” que leva “as dores e delícias de ser um corpo dissidente” para as suas criações artísticas. Em conjunto com Cigarra, integra o projecto de música electrónica e performance Trypas Corassão.  

Em 2020, desenvolveu Trypas Corassão: Espectáculo em Dois Actos; em 2021, Tita no País das Maravilhas e Exercício para performers medíocres; em 2022, Exercício para um Teatro pobre ou carta a Grotowski e As três irmãs. Este último foi vencedor da 5.ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço. A artista também assina o Festival Precárias, que teve a sua primeira edição em 2022. Este ano, o festival de performance corre cinco cidades até 8 de Junho.

Na cerimónia de entrega do prémio, que decorreu esta quarta-feira no São Luiz Teatro Municipal, Tita Maravilha realçou ser uma "noite de celebração, mas também de luta", em que celebra especialmente "todas as pessoas trans, não-binárias, mulheres trans e travestis". "Celebro também e peço respeito a todos os imigrantes que também formam a história desse país. Juntos somos mais fortes e, repetiremos em coro, minha fragilidade não diminui minha força." A performer relevou ainda a importância de combater a violência contra os corpos dissidentes, de lutar contra a extrema-direita e de lembrar que "a ferida colonial ainda sangra", não deixando de mencionar que a "liberdade é palavra em disputa e fascismo nunca mais".

"Dona Maria II está, hoje, mais do que nunca, comprometido com essa ideia luminosa da cultura de todas para todos. E é por isso, pela juventude que tanto faz, dos rapazes dos tanques aos profissionais da cultura que devemos proteger, incentivar e valorizar, que temos hoje o prazer de entregar este prémio. Proteger, incentivar e valorizar as pessoas que fazem a arte da sua vida é uma obrigação das sociedades democráticas e das suas instituições. E, mais ainda, das jovens gerações de artistas, criadoras e técnicos, porque, cliché dos clichés, a juventude é, mesmo, o nosso futuro", afirmou o presidente do conselho de administração do Teatro Nacional D. Maria II, Rui Catarino.

O Prémio Revelação, no valor pecuniário de 5000€, é atribuído a profissionais de teatro que tenham até 30 anos de idade e cujo trabalho artístico se tenha destacado no panorama teatral português. O júri foi constituído por 15 profissionais de várias áreas do meio artístico e cultural, incluindo nomes como Sara Barros Leitão, Cristina Carvalhal, Álvaro Correia e Mário Coelho.  

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