As melhores praias da Linha de Cascais

O maior areal da Linha de Cascais fica em Carcavelos. Não, não é a praia mais tranquila, mas tem um mar sereno e uma infinitude de actividades para fazer entre os mergulhos e os banhos de sol. Participe num jogo espontâneo de vólei ou beach ténis, ande de skate ou passeie no paredão, arrisque-se numa aula de surf ou faça compras nas lojas. Quando o sol começar a baixar, só tem de escolher a sua esplanada. Carcavelos pode não ser sossegada, mas aborrecida não é certamente.

COMO CHEGAR: Fica a 26 minutos de comboio de Lisboa (bom, um pouco mais se contar com o caminho até à praia, mas é agradável – e mais rápido se o fizer em cima de um skate ou trotinete). Se preferir ir de carro, deve seguir a Marginal no sentido de Cascais.

JÁ QUE AQUI ESTÁ: Coma uma pizza na Capricciosa. Tem o seu próprio beach lounge, com camas, chapéus e espreguiçadeiras que o vão fazer querer ficar o dia inteiro nesta espécie
de praia privativa. Prove os petiscos italianos ou beba os cocktails da casa durante o dia. Quando quiser uma refeição mais composta, é só subir para provar as pizzas e massas.

Petisque no Windsurf Café. É um dos mais famosos espaços no paredão de Carcavelos. Há espreguiçadeiras viradas para o areal e uns cadeirões suspensos: o sítio para picar uns wraps, tostas e saladas ou ser mais exigente e ir para o peixe do dia. Servem também uma série de petiscos e têm um balcão virado para a rua, para quem desejar apenas ficar a beber uns copos entre amigos.

Junte-se às Boogie Chicks. Num mar dominado por rapazes e pranchas de surf, é sempre bom louvar a diferença. Como a Boogie Chicks, a escola de bodyboard feminino inserida na Aqua Carca, que começou por apanhar as primeiras ondas nos anos 90, como um projecto para promover o desporto, uma ideia das atletas Dora Gomes e Catarina Sousa, a primeira portuguesa a vencer uma prova do circuito mundial de bodyboard. Foi ela quem decidiu dar continuidade aos eventos e abriu esta escola para raparigas em Carcavelos, junto ao restaurante A Pastorinha.

O Guincho é selvagem, ventoso e fotogénico – e é isso que o torna especial. A praia estende-se por quase um quilómetro e divide-se em dois lados distintos. A Norte, o Abano é mais resguardado, com direito a parque pago e o mítico Bar do Guincho, perfeito para ver as dunas ao fim do dia com uma bebida na mão. A Sul, o cenário muda: aqui reina o Muchaxo, ponto de encontro de jovens, surfistas e vento suficiente para levantar voo (ou dar tudo no wind ou kitesurf). É, aliás, neste lado que acontecem competições internacionais de surf, kitesurf e afins. O caminho para chegar à praia é tão ou mais belo do que o próprio areal: a Estrada do Guincho é famosa pelas suas vistas, da Serra de Sintra às pequenas falésias que compõem a linha costeira até à vila de Cascais. Os restaurantes de peixe e marisco multiplicam-se – das Furnas do Guincho ao Porto de Santa Maria, do Maré ao Faroleiro. 

COMO CHEGAR: Não nos diga que nunca ouviu falar da estrada do Guincho, uma das mais belas vias do país? É percorrê-la todinha no sentido da Serra de Sintra e voilá. Se vier da A5, tem sempre indicações, basta não ir distraído. Há ainda autocarros desde o centro de Cascais.

JÁ QUE AQUI ESTÁ: 

Pare no incontornável Bar do Guincho para dar almoço aos miúdos ou beber uma caipirinha ao fim do dia. Mesmo que esteja um vendaval para aqueles lados, está-se sempre bem neste clássico frequentado por cascalenses e visitantes. Abriu nos anos 80 e continua a ser o sítio ideal para ver o mar a bater na areia, com um menu simples mas certeiro — pregos, saladas, tostas e aquele ambiente de Verão que não passa de moda (Alguém disse Verão? Olhe que no Inverno, com a lareira acesa, também é muito agradável).

Faça uma aula de surf. Não há como dissociar o Guincho do surf ou de outras modalidades de praia – como o kitesurf, que recorre aos famosos vendavais para alimentar a modalidade. Mesmo que não tenha experiência (ou jeito), não saia deste paraíso do surf sem tocar numa prancha. Quem sabe não descobre uma nova paixão. Inscreva-se nas aulas da Guincho Surf School, da Moana Surf School, da Vasco da Gama Surf Academy ou da Escola de Kitesurf SBKiteboarding.

Passeie na Duna da Cresmina. Zona protegida, as dunas do Guincho são parte essencial desta extraordinária paisagem natural. Com passadiços de madeira para que a possa explorar à vontade, a Duna da Cresmina é o foco de um núcleo de interpretação onde pode descobrir mais sobre a fauna e flora daquela zona. Ali acontecem visitas guiadas mas também é um sítio para estar sentado a admirar a vista – do Bar Duna da Cresmina vê-se a Serra de Sintra, o oceano e o areal, ao sabor de tostas, crepes e sumos naturais.

Mesmo ao lado da Praia da Parede, as Avencas são um pequeno tesouro com estatuto especial: esta é uma das raras Áreas Marinhas Protegidas da região de Lisboa. Quando a maré baixa, o areal transforma-se num mini oceanário natural – basta seguir os trilhos marcados com cordas cor de laranja para evitar pisar os residentes locais. Ouriços, estrelas-do-mar, lapas e outros seres discretos revelam-se num verdadeiro safari subaquático, sem ter de carregar garrafas de oxigénio às costas. No máximo, pode experimentar fazer snorkeling. Muitas vezes também há visitas guiadas por biólogos marinhos.

COMO CHEGAR: Da estação da Parede ainda é uma estica: o melhor é ir de carro pela Marginal. Há passagens subterrâneas para quem deixar o carro do lado interior.

JÁ QUE AQUI ESTÁ: Explore o melhor da Parede, entre restaurantes e comércio tradicional.

A Azarujinha é uma daquelas praias de bolso, perfeita para escapar ao vento e sentir-se num postal antigo da Linha. Encaixada entre rochas e ladeada por casas senhoriais com palmeiras à porta, tem charme de sobra – e espaço a menos, por isso convém chegar cedo. Do lado direito (para quem olha o mar), há formações rochosas que podiam perfeitamente passar por um qualquer cenário paradisíaco do Mediterrâneo no Instagram. Para fechar o dia em grande, sobe-se até ao Miradouro da Azarujinha (procure no Google Maps a localização exacta) e espera-se pelo pôr-do-sol. De preferência com boa companhia e tempo para não ter de fazer mais nada.

A praia ganhou recentemente um novo bar onde se servem copos, petiscos e se dança ao som de DJs. No Verão, a Câmara Municipal de Cascais organiza ali a Noite das Estrelas, transformando a Praia da Azarujinha num observatório galáctico improvisado. As luzes da praia são desligadas e os participantes usam telescópios para observarem as constelações, a Lua e outros astros.

COMO CHEGAR: Igual ao caminho para a Praia da Poça, de que falamos já a seguir, com apenas mais alguns passos. A alternativa é usar as escadas de acesso pela Av. Marquês de Leal (paralela à Marginal).

Neste caso, meter a pata na Poça é não só permitido como altamente recomendável. A partir da estação do Estoril, bastam cinco minutos a pé pelo paredão, no sentido de Lisboa, para chegar ao areal – escadas e rampa incluídas. É uma praia popular entre famílias e surfistas, com vista para a falésia coroada pelo Forte de São João da Cadaveira e uma imponente casa de veraneio com ares de romance antigo.

COMO CHEGAR: Na marginal, direcção Cascais-Lisboa, vire para o parque de estacionamento à direita depois de passar o Estoril. Aos fins-de-semana mais vale escrever “Vale de Santa Rita” no Waze: tem um túnel que o liga directamente à praia. 

JÁ QUE AQUI ESTÁ: Do avô do famoso surfista e várias vezes campeão nacional Vasco Ribeiro, o Snack Bar Surpresa, com peixe fresco, imperiais fresquíssimas e uma ampla esplanada, é sempre um bom plano em dias de sol. Difícil é arranjar mesa.

A Praia da Conceição marca o início do paredão que se estende por cerca de três quilómetros até à Azarujinha, em São João do Estoril. Situada no coração de Cascais, esta praia deve o seu nome à capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, erguida junto à praia. A localização é privilegiada, entre o Chalet Faial, antigo Tribunal de Cascais e monumento de interesse público, e o Hotel Albatroz, onde a vista do terraço (e o próprio terraço) é indescritível. Durante a maré baixa, o areal prolonga-se até à Praia da Duquesa.

COMO CHEGAR: Na Estação de Cascais procure pelo Hotel Albatroz. Logo ao lado fica a entrada para o paredão – e esta é a primeira praia. Logo a seguir encontra a vizinha Duquesa, boa para praticar stand up paddle. 

JÁ QUE AQUI ESTÁ: Aproveite para picar qualquer coisa no EMMA. Mesmo à beira da Praia da Conceição, é uma paragem obrigatória para quem quer uma pausa com muito sabor, frescura e uma vista que não fica nada atrás. Entre um mergulho e outro, sente-se nas cadeiras viradas para o mar, peça um copo de vinho ou um cocktail fresco e deixe-se ficar. Há petiscos leves, almoços que se prolongam e o som das ondas como boa companhia.

A Praia das Moitas (conhecida entre os locais como Praia da Rata) encontra-se numa localização privilegiada, a poucos passos da estação do Monte do Estoril. O pequeno pedaço de areia, cercado por rochas, tem um charme único, mas exige cuidados para evitar escorregões. Se preferir águas mais tranquilas, embora o mar ali seja pacato, tem a Piscina Oceânica Alberto Romano,com acesso gratuito das 08:00 às 18:00. E se gostar de juntar praia a exercício físico, existem por ali uma série de equipamentos para treino ao ar livre. Mais: a Praia das Moitas recebe, com alguma regularidade, sessões de yoga no pontão ao nascer do sol.

COMO CHEGAR: Se optou pelo comboio, saia na estação do Monte Estoril e desça até ao paredão. Vire à direita, no sentido de Cascais, e a Rata é a primeira praia que vai encontrar. 

JÁ QUE AQUI ESTÁ: Uma tosta especial no Baiuka Grill tem tamanho suficiente para não precisar de fazer mais nenhum pit stop ao longo do dia de banhos. O vizinho Glória abriu no Verão de 2024 e também promete snacks e pratos mais compostos para um fim de dia de praia perfeito. 

É um clássico da Linha, com espaço de sobra para estender a toalha e mergulhar em águas límpidas. O pontão convida a passeios preguiçosos ou a saltos para os mais destemidos, e nas marés vazias surgem poças entre as rochas — perfeitas para os miúdos explorarem com camaroeiros e para os graúdos relaxarem com os pés de molho. Protegida do vento pela falésia da Ponta do Sal, tem sempre um canto abrigado. E se o estômago começar a dar sinal, é só seguir o cheiro até à Esplanada de São Pedro ou ao Mar d’Sal. Ambos com vista e bons petiscos. A Praia de São Pedro também é um destino frequente para os fãs de bodyboard, até porque ali se organizam campeonatos: se for um fã da modalidade, não hesite em levar a prancha.

COMO CHEGAR: Fica a 15 minutos a pé da estação de comboios de São Pedro de Estoril. Se preferir levar carro, pare no parque de estacionamento da Bafureira.

JÁ QUE AQUI ESTÁ: Iogurtes com fruta e granola e pães de alho do tamanho de pizzas convivem amistosamente na Esplanada de São Pedro. E você, caro leitor, se tivesse uma localização privilegiada como esta, com mesas coladas à areia e o mar a rebentar à frente, viveria bem também, mesmo ao lado daquele colega chato do escritório.

+ As melhores coisas para fazer em São Pedro do Estoril

Situada na zona mais emblemática do Estoril, a Praia do Tamariz é uma das mais icónicas (e procuradas) da Linha de Cascais. Com acesso directo pela Avenida Marginal e mesmo ao lado da estação de comboios, é impossível passar ao lado deste clássico. O castelinho à beira-mar dá-lhe um charme especial – parece saído de um postal antigo. Nos tempos em que o Estoril era o esconderijo preferido de reis e aristocratas em exílio, o Tamariz era o lugar onde tudo acontecia. Embora já não viva ao ritmo das festas de antigamente, continua a ter aquele ar de Verão animado que nunca passa de moda.

COMO CHEGAR: é só sair na estação de comboios do Estoril e caminhar poucos passos até chegar ao areal (o acesso é tão fácil que torna este um dos areais mais cheios na época alta).

Bem no centro da vila, em plena Baía de Cascais, a Praia do Peixe é daquelas que está sempre por perto – seja para um mergulho espontâneo, um passeio à beira-mar ou simplesmente para ver o sol a descer atrás dos barcos. Também conhecida como Praia dos Pescadores e Praia da Ribeira de Cascais, está rodeada de história e tradição. Era aqui que, antigamente, os pescadores locais puxavam as redes e secavam o peixe ao sol — daí o nome. Hoje, o cenário mudou, mas o espírito de vila piscatória ainda paira no ar, misturado com o burburinho dos turistas e o som das gaivotas. É óptima para famílias, para quem gosta de dar um mergulho rápido sem sair do centro, ou para quem só quer sentar-se no paredão num momento de contemplação e repouso.

COMO CHEGAR: São 7 minutos a pé até à estação de comboios de Cascais, mas também não faltam autocarros que passam pela Baía e pelo centro histórico. Se for de carro, pode ser desafiante encontrar um lugar de estacionamento nas redondezas, mas não é impossível.

Escondida no coração de Cascais, a Praia da Rainha é pequena, mas cheia de pinta. Encaixada entre rochas e com uma vista privilegiada sobre o mar, parece um segredo bem guardado — embora fique a dois passos da estação de comboios e do centro histórico. Reza a lenda que esta foi, literalmente, a praia escolhida por uma rainha. Diz-se que D. Amélia, mulher de D. Carlos I, a elegeu como favorita durante as estadias da família real na vila, e o nome acabou por ficar. Percebe-se porquê: o cenário é digno de realeza. Com águas geralmente calmas, é perfeita para um mergulho rápido entre passeios, ou para estender a toalha e fingir que o mundo lá fora não existe. Não tem o areal mais espaçoso, por isso convém chegar cedo — mas o ambiente acolhedor e a localização privilegiada acabam por recompensar.

COMO CHEGAR: É uma das praias mais acessíveis do concelho. Basta sair na última estação da Linha, a de Cascais, e caminhar 200 metros até ver areia e mar.

Antes do Guincho e da Fortaleza (no sentido da Serra de Sintra), encontra-se a Praia Pequena do Guincho — oficialmente chamada de Praia da Crismina, embora quase toda a gente lhe chame Cresmina. De grande beleza natural, é marcada pela forte ondulação e pelos ventos constantes que lhe dão um ar mais selvagem. Apesar disso, é bastante procurada por famílias, graças ao ambiente tranquilo e à vista para a foz da Ribeira da Crismina. É também um spot apreciado por surfistas mais experientes, que encontram aqui ondas desafiantes e menos concorrência do que no vizinho Guincho. 

COMO CHEGAR: Leia o que escrevemos sobre como chegar à praia do Guincho. No entanto, não vá além do luxuoso restaurante de peixe e marisco Porto de Santa Maria. É mesmo aí ao lado que deve estacionar.

Por melhores que sejam, as praias de Cascais são muito concorridas durante os meses quentes do ano. Mas há uma pequena excepção, que nem a maior parte dos locais frequentam. Chama-se Praia do Abaninho (não confundir com a Praia do Abano, que fica ali ao lado) e está escondida na zona do Guincho. É, literalmente, a última praia de Cascais, já quase a entrar pela Serra de Sintra. Para lá chegar, o melhor é seguir em direção ao Bar do Guincho. Quando entrar na estrada de terra batida, em vez de virar à esquerda para o bar, continue sempre em frente até não dar mais. À esquerda, verá um antigo forte; à frente, um restaurante abandonado. Entre os dois, encontrará uma longa escadaria discreta que desce até ao areal. A Praia do Abaninho é pequenina e pode quase desaparecer com a maré cheia, mas tem uma vantagem preciosa: está muito mais protegida do vento do que a Praia do Abano ou a do Guincho. É o tipo de segredo que, depois de descoberto, dá vontade de guardar só para si.

COMO CHEGAR: Na estrada em terra batida para o Bar do Guincho, siga em frente depois do parque de estacionamento. Ao lado do restaurante há uma longa escadaria.

+ Não conte a ninguém... Oito segredos de Cascais