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Três canais no Youtube para se iniciar na aguarela
© Elena Mozhvilo

Três canais no YouTube para se iniciar na aguarela

Não é preciso ter experiência para explorar esta técnica. Eis três canais de YouTube que o podem ajudar a perder o medo dos pincéis.

Escrito por
Maria Monteiro
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É uma técnica milenar, que encontra precedentes nas culturas chinesa e japonesa, mas continua a ser uma das mais usadas na pintura contemporânea. A aguarela permite obter cores mais suaves ou intensas, de acordo com a quantidade de água e de pigmentos misturados, normalmente, sobre um papel de elevada gramagem para absorver a água. A sobreposição das cores é, aliás, uma das características que distingue a aguarela. Apesar de exigir alguma delicadeza no manuseio da água, pode ser explorada por todos. Não é preciso investir em tintas muito caras nem paletas de muitas cores para conseguir bons resultados ou apenas para se divertir. De composições abstractas a paisagens simples, as possibilidades são infinitas assim que pegar nos pincéis. Eis três canais do YouTube que o podem ajudar a iniciar-se na aguarela.

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Três canais no YouTube para se iniciar na aguarela

Makoccino
© DR

Makoccino

Mako é uma artista alemã multifacetada que “encoraja a criatividade em cada vídeo”, segundo descreve no seu canal. Apesar de ensinar outras técnicas de pintura como acrílico ou guache, dedica boa parte dos seus vídeos à aguarela. Além de conteúdos explicativos sobre a técnica, que métodos usar para misturar tinta e água ou que materiais escolher, pode encontrar inúmeros tutoriais para iniciantes com ideias para pintar cenários como o pôr-do-sol ou uma floresta ou, em dimensões menores, pintar nuvens ou borboletas.

Mrussoart
© DR

Mrussoart

No canal do brasileiro Mario Russo, desmistificam-se obras marcantes da história da arte e aprendem-se diversas técnicas de desenho e pintura. A aguarela está muito bem representada através de tutoriais sobre os fundamentos da aguarela, como escolher o papel ou como cuidar e limpar os pincéis. Há, também, vídeos que ensinam a pintar várias frutas ou a fazer olhos ou os diferentes tons de pele, caso queira aventurar-se na figura humana.

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ABRA
© Victoria Bilsborough

ABRA

O canal da Academia Brasileira de Arte (ABRA) é feito à medida de artistas amadores e profissionais. Entre conteúdos que exploram variados conceitos da arte como perspectiva, proporção, luz e sombra através de vídeo-aulas, ou testemunhos de artistas e alunos da academia, pode encontrar uma trilogia essencial para começar a pintar aguarela. Depois de explicação sobre técnicas e materiais, pode experimentar fazer nuvens ou árvores.

Quatro ilustradores independentes do Porto que tem de conhecer

Adriana Fontelas
© Valéria Martins

Adriana Fontelas

Num dia de pouco movimento, encontramos Adriana Fontelas na Padaria Águas Furtadas, espaço de arte e ilustração na zona da Vitória, de iPad na mão, a rabiscar enquanto espera. A partir de uma paleta de tons pastel, começa por desenhar o nariz e, inevitavelmente, aparece no ecrã uma qualquer figura conhecida, sempre de lado. “Desenho pessoas por quem sinto curiosidade ou uma ligação”, conta a artista, que já fez ilustrações de Frida Kahlo, Fernando Pessoa, Freddie Mercury ou António Variações.

Os tempos mortos são raros, mas trabalhar como  funcionária nas duas lojas das Águas Furtadas serve-lhe de autopromoção: ali vende os seus autocolantes, pins e ilustrações, entre os 2€ e os 12€. “Gosto de abordar as pessoas que estão a ver e dizer que fui eu que fiz”, diz Adriana. Os seus trabalhos podem ser comprados também em feiras e mercados de arte como a Sábado-Feira, no Maus Hábitos, ou o Abelha, no Centro Comercial Cedofeita. Não tanto para ganhar dinheiro, mas “para divulgar o trabalho e conhecer outros artistas”.

É quando chega a casa, ao fim do dia, que faz esticar as horas para embalar as ilustrações, gerir as encomendas, actualizar as redes sociais e pensar no que vai fazer a seguir. “O mais difícil é ter tempo para criar.”

Mariana Malhão
© Valéria Martins

Mariana Malhão

Manobrar o tempo é essencial na vida destes artistas, também produtores, agentes, gestores ou assessores. “Pode ser difícil gerir o trabalho, a galeria, a feira e as comissões”, reconhece Mariana Malhão, ilustradora, co-fundadora da galeria Senhora Presidenta e co-organizadora da Sábado-Feira, descrevendo o seu registo como um “misto de fofo, assustador e surrealista”.

É do ateliê nas traseiras da Senhora Presidenta que faz o malabarismo necessário para viver. Durante o processo criativo gosta de “ocupar a folha toda, de modo quase bruto, com cores e formas fortes”. Mas este não é um processo propriamente solitário, já que partilha o projecto com outros dois artistas, Dylan Silva e Luís Cepa. “Queríamos ter um espaço com coisas nossas para poder pagar a renda enquanto trabalhamos.”

Contudo, a galeria, que abriu em 2018 quando os três se juntaram à designer Célia Esteves, ainda é pouco rentável. “Às vezes tira mais do que dá”, confessa Mariana, mas, também há aqueles momentos em “aparece alguém que quer ver outros trabalhos” e o fôlego renova-se. Em 2017, Mariana Malhão criou, com Dylan Silva, a Sábado-Feira, que abre as portas a 30 artistas no Maus Hábitos. “Foi uma forma de motivarmos os outros como nos motivamos a nós próprios."

Mariana vende postais, prints, autocolantes e originais que vão de 1€ a 300€, mas o grosso do seu lucro vem do trabalho comissariado. “É preciso gerir bem, porque quando há um trabalho bem pago nunca se sabe quando haverá outro.”

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Francisco Fonseca
© Marco Duarte

Francisco Fonseca

E por falar nisso, Francisco Fonseca dá-se bem com a adrenalina de acordar sem planos, embora tenha “sempre um pé de meia”. O ilustrador inspira-se nas paisagens para criar imagens “realistas que valorizam muito a técnica” e que mostram sítios emblemáticos como a Baixa do Porto ou o Douro vinhateiro, ou lugares com casas pitorescas no meio da natureza.

“O meu trabalho é mais vendível por integrar paisagens como o Douro”, nota Francisco, que começou a vender em plataformas online quando ainda era estudante. Apesar de tudo, é a capacidade de se adaptar a vários registos, da paisagem ao retrato, passando pelos murais (antes da ilustração fazia arte urbana), que lhe dá uma folga financeira. E mesmo vivendo das vendas online e das comissões, não descura o “sentido de comunidade” das feiras.

“No final compramos trabalhos uns aos outros para nos apoiarmos”, conta o artista, cujos postais, prints, totes e originais vão de 2€ a 500€.

Teresa Rego
© Marco Duarte

Teresa Rego

Já Teresa Rego tem particular orgulho no tapete pendurado no estúdio que abriu recentemente perto do Carolina Michaelis. É uma peça original, 100% lã, feita em Portugal e custa 1250€. “Não sei se alguma vez vou vendê-lo, mas gera outras encomendas”, diz.

A ilustradora e designer formou-se no Reino Unido, onde trabalhou em design de montras, de interiores, de menus de restaurantes e em murais. Foi por lá que desenvolveu uma linha focada “no espaço natural e no espaço construído”, feita de texturas, padrões e cores vivas. Em 2018 voltou para Portugal com vontade de explorar vários formatos.

É essa experimentação que mostra no seu ateliê, showroom e oficina, onde dá workshops de ilustração e colagem (25€) ou de serigrafia em têxtil (45€), cujas receitas “servem para manter o espaço”. No futuro quer acolher exposições, workshops e conversas com artistas portugueses e estrangeiros para pôr o espaço a mexer, bem como para gerar mais público para o trabalho comissariado e para os seus prints e serigrafias (entre 15€ e 150€).

Teresa já participou em exposições colectivas e, tal como os seus três pares, não descarta a possibilidade de voos maiores, dentro ou fora do país, desde que os seus trabalhos se enquadrem nos espaços expositivos. “Não quero que o meu trabalho seja intocável.”

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