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No ateliê de... Paulo Santos Rodrigo e Raquel Silva e Sá
Esta dupla de arquitectos é especialista em emoldurar sentimentos e em colocá-los em prateleiras
O senhor Fernandes trava-nos o passo. “Vão subir a pé? É que um primeiro andar neste prédio equivale a um quinto”, diz desencorajador o porteiro, enquanto nos empurra para dentro do elevador e fecha a portinhola de fole. “Vão em frente e depois viram à esquerda”, acrescenta.
O edifício Garagem Comércio do Porto, construído entre 1927 e 1932 por Rogério de Azevedo, com uma das frentes viradas para a Praça D. Filipa de Lencastre, é uma das construções mais icónicas da arquitectura modernista do Porto. Nos pisos inferiores ficam as garagens, cuja ligação entre pisos se faz através de uma rampa em forma de hélice; nos pisos superiores estão os escritórios, distribuídos por longos corredores de portas numeradas.
É aqui que funciona o Suave – Gestão Património Afectivo, o ateliê dos arquitectos Paulo Santos Rodrigo e Raquel Silva Sá. “Trabalhamos juntos há quatro anos e há três mudamo-nos para aqui. Encontrei na Raquel a mesma sensibilidade estética”, conta Paulo, extrovertido, que chegou carregado de discos. “Na verdade, este espaço começou por ser um depósito das minhas revistas e dos meus discos. Tenho para aqui toda a história da pop”, ri. Além de fazerem projectos de raiz, reabilitações de edifícios históricos ou remodelação de apartamentos, esta dupla dedica-se também a gerir o património afectivo dos outros.
“Fazemos projectos de decoração de interiores, aproveitando objectos pessoais ou com valor sentimental. Reorganizamos o espaço, a um preço acessível”,explica o arquitecto, acrescentando que a identidade das casas se perdeu com o aparecimento de programas de televisão como o Querido Mudei a Casa.
“Se um cliente tem discos e tem livros, devem estar à vista. Se guardar tudo, vai acabar por se esquecer e não usufruir deles”, diz Raquel. “Por isso, aos sábados de manhã corremos os antiquários, as lojas de decoração e de ferragens todas aqui da zona”, remata.
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Um cadeirão em tecido brocado com uns braços de madeira aconchegantes, do tempo de Napoleão III, ocupa o centro da sala. Há peças da Companhia das Índias sobre a mesa em frente ao sofá, e outras mais recentes, como os quadros de Fernando Marques de Oliveira pendurados pelas paredes cheias.