"McQueen" de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui
©DR"McQueen" de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui
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McQueen - “Este filme não é apenas sobre moda”

Já está em exibição o filme ‘McQueen’, de Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, sobre o designer Alexander McQueen. A Time Out falou com Bonhôte e antecipa a fita

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Da sua aprendizagem num alfaiate clássico de Savile Row à morte prematura, por suicídio, aos 40 anos, em 2010, Alexander McQueen, o revolucionário, iconoclasta e atormentado designer de moda inglês é retratado por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui no documentário McQueen. A história de um homem que poderia ter tido uma carreira igualmente brilhante em qualquer outra disciplina artística, que contava a sua vida e reflectia a actualidade nas suas criações e nos desfiles, sempre original e espectacularmente encenados. Ian Bonhôte falou à Time Out sobre o filme.

O Ian e o Peter são ambos interessados por moda, ou foi apenas Alexander McQueen, e a sua singularidade no meio da moda, que os levou a fazer este documentário?

Ambos, por razões diferentes, interessámo-nos por Alexander McQueen, ambos temos algo a ver com a moda e podíamos ambos responder da mesma maneira a essa pergunta. Eu já fiz uns filmes comerciais sobre moda, mas o meu interesse não estava nesse mundo, especificamente. Não creio que tivesse ficado tão interessado e emocionado com o projecto se se tratasse de qualquer outro estilista que não o Alexander McQueen. Ele é um dos maiores de sempre na sua área e a sua história é fascinante.

Há palavras que são repetidas por vários entrevistados a propósito de Alexander McQueen, como “artista” ou “escultor”. E vocês frisam que ele não era apenas um designer de moda, mas um artista que transcendia esse âmbito, não é?

Sim, é verdade. E ele foi também uma figura de proa de um momento muito importante da cultura britânica, nos anos 90, quando surgiu uma nova geração de artistas em vários círculos. Ele conhecia-os todos e havia uma sensibilidade comum e uma grande troca de experiências entre eles. O McQueen nunca foi só um designer de moda. Por exemplo, na St. Martin’s School, ele passava tanto tempo no departamento de Fotografia como no de Moda. Isto era incomum. Era um grande criador, e corresponde à definição de muita gente do que é um artista. A sua influência e a sua personalidade marcaram tanto a moda como áreas e pessoas fora dela. 

Aliás, o documentário, não é só sobre as roupas, mas também sobre a forma como ele pensava e concebia os desfiles e os encenava.

Correcto. Ele também contava histórias com as roupas e, nos desfiles, ele tinha uma narrativa. E inspirava-se na sua vida pessoal, em temas da actualidade, em livros e filmes. E depois juntava tudo na sua narrativa. Foi por isso que muita gente fora do mundo da moda reparou nele, porque não se esgotava nas roupas. E era por isso que os desfiles eram tão importantes. Para ele, não bastava que as pessoas vissem as roupas. Era preciso que partilhassem toda a experiência imersiva dos desfiles, que eram como espectáculos.

Este filme não se destina apenas às pessoas da moda, mas também a um público mais vasto?

Nunca quisemos fazer um filme de moda, mas sim um filme sobre um artista extraordinário que trabalhava no mundo da moda e que se exprimia através das roupas. O filme foi construído como uma narrativa normal, as pessoas que entrevistámos são quase como personagens, e a música, a estrutura e a ideia de tragédia grega que lhe está implícita foram trabalhadas como numa ficção. Tudo isto faz dele uma experiência emocional completa. As pessoas podem ir vê-lo, mesmo sabendo pouco, ou até nada, de moda. É um filme sobre arte. A moda é uma arte e o Alexander McQueen era um artista no auge do seu talento, com todas as suas fraquezas e com tudo o que contribuiu para o derrubar tão prematura e dramaticamente.

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