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Lovers & Lollypops
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A Lovers & Lollypops anima-nos há 18 anos. Este domingo, celebramos

A editora e promotora portuguesa prepara-se para celebrar 18 anos. Ligámos ao Fua para lhe dar os parabéns e falar da festa de aniversário, marcada para domingo, 23.

Luís Filipe Rodrigues
Escrito por
Luís Filipe Rodrigues
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Reza a lenda que foi numa viagem de comboio, algures entre Viena e Praga, que a Lovers & Lollypops nasceu, há 18 anos. Joaquim Durães, ou Fua, tinha voltado de Barcelona, onde estava então a fazer Erasmus e, juntamente com o músico e companheiro de viagem João Pimenta, mais conhecido como Joca, decidiu começar editar e organizar concertos de bandas que começavam então a despontar, como os Lobster, os Veados Com Fome, ou os Green Machine de Joca. Para tentar replicar num Porto sonâmbulo o que viveu na capital catalã. Dezoito anos mais tarde, pode orgulhar-se de ter cumprido aquilo a que se propôs – e muito mais. Porque não foi só com o Porto que mexeu. Foi com Barcelos, a sua cidade natal, onde organizou o Milhões de Festa; com os Açores, onde a promotora continua a fazer o Tremor; até com Lisboa, onde trouxe e ajudou a trazer tantas bandas. Com o país, no fundo. E é esse movimento, essa energia, que se celebra este domingo, 23 de Julho, no Porto.

“Não temos por hábito fazer celebrações de aniversários, mas este ano achámos que seria uma boa altura. Não só pelo número redondo, mas porque sentimos uma vontade de celebrar com os nossos artistas, uns em palco e outros fora”, explica Joaquim Durães. O Milhões de Festa, que se realizava mais ou menos na mesma altura que esta patuscada, costumava ter também essa função. Porém, desde que deixou de se realizar e a editora concentrou as suas atenções no Tremor, reunir toda a gente passou a ser mais difícil. Afinal, uma coisa é pegar em músicos e DJs instalados sobretudo no norte do país e convidá-los a fazer uma viagem até Barcelos, outra é pedir a todo o mundo para comprar um bilhete de avião e rumar aos Açores – apesar de, como sabe quem já foi ao Tremor, uma parte considerável do público de ambos os festivais ser o mesmo. “Sempre gostámos de fazer essa reunião familiar [no Milhões de Festa]”, concorda o promotor. “E este ano pensámos que seria boa altura para reunir artistas e público e olhar para o futuro em forma de folia”.

A ideia original era fazer a festa no Parque Público da Foz dos Amiais, na freguesia de Barcelinhos, separada apenas pelo Rio Cávado da margem de Barcelos onde se montava o Milhões de Festa; ligada por uma ponte que tantas vezes atravessámos para comer o mítico panadão e beber uma malga de isquifante no Xispes, entretanto fechado. Seria o regresso a um lugar onde fomos tantas vezes felizes – público, artistas e promotores, todos. Mas esta vida não está para felicidades e, “por razões logísticas que dificultaram a execução do plano inicial para Barcelos”, nas palavras da especialista em comunicação Sara Cunha, o sítio teve de mudar. Afinal, vai realizar-se na Associação de Moradores da Bouça, no Porto, mas o resto continua igual: os concertos de Black Bombaim, Sereias, Conferência Inferno, Inês Malheiro e o trio de Ece Canli, LRRNN e JRG; os sets de DJ Fitz e Patrícia Brito; até os petiscos, os preços e os horários da celebração, que continua a durar das 11.00 às 22.00. Onze horas a “olhar para o futuro em forma de folia”, repetindo as belas palavras de Fua.

Pergunta-se então pelo futuro. Quais são os planos para o médio e longo prazo? “Nos últimos anos temos insistido em documentar uma certa música feita em redor do bairro do Bonfim: Sereias, Conferência Inferno, Inês Malheiro, Ece Canli. E vamos continuar a fazê-lo”, promete Fua. “É sempre interessante encontrar um papel para o que fazemos e sinto que este documentar em forma de registo sonoro é muito interessante. Temos também trabalhado numa ideia que queremos continuar a construir de uma forma mais sólida.” Refere-se ao espaço onde a Lovers & Lollypops se instalou durante a pandemia, “ao lado da Praça da Alegria, paralelo às Fontainhas, ruas e lugares icónicos” do Porto. “Com o local veio a possibilidade de termos um espaço de residências artísticas e concertos. E de do-it-yourself temos vindo a dotá-lo de mais e mais condições. Será, nos próximos anos, uma incubadora de projectos que vamos desenvolvendo fora de portas. As pessoas poderem estar a trabalhar connosco é algo que vai influenciar o trabalho da Lovers.”

Outra aposta para os próximos tempos continua a ser o ciclo de concertos para cães e respectivos donos que responde pelo nome de “Músicas entre espécies companheiras”. “Está a ser orientado por uma especialista em audição canina. Há toda uma série de parâmetros, que têm a ver com BPM, volume sonoro, frequências, notas. É um território por explorar, e toda a gente está a fazê-lo de uma forma bastante interessada e curiosa, para agradar aos nossos companheiros caninos”, conta. Esperam também, continuar “a fazer mais programações com as pessoas de Lisboa”. “No ano passado a pandemia ainda se estava a sentir, pelo que estávamos mais parados. Mas somos muito afectados pela forma como o contexto global funciona, e vimos que este ano abriram mais oportunidades de voltarmos a esses ciclos”, admite. “Estamos, ainda assim, a produzir menos concertos do que há cinco ou seis anos. Até para abrir espaço a outros promotores e outras estruturas.” 

Fua reconhece, no entanto, que “ao fim de 18 anos já não há vontade de organizar um concerto por semana, como havia há uns anos”. É preciso carregar muito material, fazer muitas noites e o corpo já não aguenta o que aguentava – o fundador da Lovers & Lollypops está com 40 anos. “Tem a ver com a idade e com o facto de termos organizado já muitos concertos. Dantes havia essa vontade incontrolável de trazer a banda que mais te excitou nas cinco audições da semana anterior. E tentar a todo o custo que viesse a Portugal. Tentar convencer o agente que havia cá muitos fãs, se calhar para serem vistos por 30 pessoas ou menos”. Faz uma pausa. “Sendo que o Tremor é agora a oportunidade para muito disso acontecer.” Mais ainda falta muito tempo para o regresso a Ponta Delgada e ao festival, que em 2024 se realiza entre 19 e 23 de Março. Para tornar a espera mais curta, recomenda-se uma visita à Associação de Moradores da Bouça, no domingo, 23 de Julho.

Associação de Moradores da Bouça. Porto. Dom 23. 11.00. 20€

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