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© Cláudia PaivaA Biblioteca Pública Municipal do Porto vai receber a iniciativa "Todos a Ler!"

Biblioteca Municipal do Porto fecha para ser reabilitada e triplicar capacidade

Equipamento encerra a 1 de Abril para obras de requalificação e ampliação, num projecto assinado por Souto de Moura. Investigadores têm acesso garantido.

Escrito por
Ana Catarina Peixoto
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Pelos vários cantos da Biblioteca Pública Municipal do Porto (BPMP), já se vai preparando a mudança. A partir do dia 1 de Abril, a biblioteca vai encerrar ao público para obras de requalificação e ampliação, o que vai envolver um trabalho complexo de organização para acomodar noutros locais, temporários, os mais de um milhão de documentos que existem neste espaço. A empreitada deverá estar concluída daqui a quatro anos e vai permitir triplicar a capacidade de armazenamento e resolver problemas estruturais do emblemático edifício que acolhe esta biblioteca desde 1842.

"Era muito importante resolver um problema que permanecia na cidade há muitos anos. Esta biblioteca pura e simplesmente não tem capacidade física nem conforto para resolver, por um lado, a procura e, por outro lado, está com um elevado grau de despesas através de um conjunto de intervenções. Foram-se somando aqui coisas", explicou esta sexta-feira o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, durante a apresentação do projecto de reabilitação, assinado pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura.

Investigadores têm acesso assegurado

O arranque das obras neste edifício está previsto para o final do ano, sendo que, até lá, será retirado todo o material existente na BPMP. Apesar do encerramento ao público, está assegurado o apoio exclusivo a investigadores através de um conjunto de medidas de mitigação dos efeitos do fecho temporário do espaço.

Este pacote inclui medidas como o alargamento do horário da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, que vai passar a disponibilizar para a investigação o serviço de consulta a manuscritos e reservados e o fundo de Livro Antigo, e ainda a criação de uma linha azul, dedicada a atendimento aos investigadores.

Será ainda implementado o projecto Biblioteca Errante (uma rede de micro-bibliotecas distribuídas pela cidade), garantido o funcionamento regular do Bibliocarro em 20 bairros da cidade e o arranque de um serviço de take-away de títulos em todas as instalações provisórias. "Ninguém será impedido de aceder aos fundos da biblioteca para consulta académica ou científica", voltou a garantir Rui Moreira, assumindo que "encerrar uma biblioteca é sempre uma coisa dura".

Mais 35 quilómetros de estantes e novos espaços

Souto de Moura diz que este "é quase um projecto completo". Além da requalificação dos espaços já existentes, serão construídos novos edifícios que vão permitir novas valências. O edifício existente terá uma nova cobertura, caixilharia e lajes de betão, "após a demolição das existentes, fundamentalmente na ala voltada para a Rua D. João IV e Avenida Rodrigues de Freitas". A empreitada terá um investimento de 26,5 milhões de euros, sendo que o valor inicial rondava os 10 milhões de euros, mas acabou por sofrer sucessivos aumentos para se conseguir fazer a devida requalificação e ampliação deste espaço.

O projecto prevê que o piso térreo será para acesso livre ao público, com espaços exteriores ajardinados e novos espaços expositivos. Já o piso 1 vai ter as áreas de trabalho, catalogação e direcção; o piso 2 será para o Livro Antigo/Casa Forte; e o piso 3, que corresponde ao vão de telhado, fica reservado para a área técnica. Será ainda construída uma cave que vai permitir "criar áreas adicionais de depósito" – com um aumento de 35 quilómetros de capacidade de armazenamento – e ligar ainda internamente o espaço. 

Eduardo Souto de Moura relembra a ligação afectiva que tem com este edifício e sublinha que o objectivo é que esta não seja "uma biblioteca fechada" e que os leitores se sintam em casa. O arquitecto espera ainda que a empreitada permita também diversificar todo o quarteirão onde o edifício da biblioteca se insere, junto ao Jardim de São Lázaro, e que "promova o desenvolvimento de uma parte oriental da cidade que tem sido mais descuidada".

A responsabilidade, acrescenta, é grande, mas há uma garantia: "O que é antigo continuará antigo, será restaurado e conservado, e o que é novo fica muito moderno". "Este é um belíssimo edifício e maltratado, é evidente que o quero recuperar. Quando o visitei, tirei fotografias e fiquei assustado. Disse: 'ainda bem que tenho a possibilidade de melhorar isto'", referiu.

Encerramento será gradual

O encerramento da Biblioteca Municipal do Porto será feito de forma gradual, sendo que no dia 1 de Abril o público em geral já não vai poder recorrer aos serviços da BPMP. Ao mesmo tempo, a Biblioteca Municipal Almeida Garrett e os diversos pólos da Biblioteca Errante mantêm-se disponíveis para o atendimento regular.

A segunda fase destas obras deverá arrancar no início do segundo semestre, com o encerramento dos Fundos Gerais da Biblioteca Pública, que serão transferidos em regime de custódia. "Nesta altura será, igualmente, fechada ao público a Casa Forte e preparados os trabalhos de acondicionamento e transferência para o novo espaço, com morada na Biblioteca Municipal Almeida Garrett", acrescenta a autarquia em comunicado.

A Biblioteca Almeida Garrett, localizada nos Jardins do Palácio de Cristal, vai acomodar cerca de 70 mil novos títulos, todos publicados entre 2010 e 2023, "respondendo às necessidades e interesses bibliográficos, educativos e de empréstimo domiciliário".

Além desta biblioteca, continuam a funcionar os sete pólos da rede da Biblioteca Errante: a Biblioteca de Assuntos Portuenses e Biblioteca de Cinema do Cineclube do Porto (ambas na Casa do Infante), a Biblioteca Popular de Pedro Ivo (na Praça do Marquês de Pombal), a Biblioteca Marta Ortigão Sampaio (na Casa Marta Ortigão Sampaio), o Bibliocarro (projeto itinerante), a Biblioteca Digital Eugénio de Andrade e a Biblioteca de Arqueologia (no Reservatório).

Também a Escola Secundária Alexandre Herculano abre em Abril a Biblioteca de Autores Portuenses. Em Junho, serão inauguradas a Biblioteca de Humor, no Parque do Covelo, e a Casa da Poesia Eugénio de Andrade. Já até ao final do ano está também prevista a abertura da Grande Biblioteca dos Periódicos Portuenses, a Biblioteca do Vinho do Porto e a Biblioteca de Guerra Junqueiro.

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