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Em ‘Oásis’, o Teatro do Frio questiona a (falta de) humanidade dos nossos dias

Escrito por
Maria Monteiro
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Login. Nascimento. Logout. Morte”. A indissociável relação entre a vida moderna e a tecnologia massificada e o questionamento da ocupação dos espaços físico e virtual são os temas centrais de Oásis, a nova criação do Teatro do Frio (TdFrio), que sobe ao palco na sexta 29, às 21.00, no Teatro Helena Sá e Costa. A peça junta nove criadores de áreas como a música, o teatro ou as artes visuais, para repensar o espaço no mundo contemporâneo.

O colectivo, coordenado por Catarina Lacerda, ancorou-se num trabalho de “improvisação, trocas de práticas e testes de materiais que cada um trouxe” e partiu, depois, para a criação. “O espaço e a transmutação do espaço influi em absoluto em ti”, comenta a directora artística do Teatro do Frio. “Tal como a forma como tu ages perante o espaço e o outro influi nas circunstâncias”.

Nesse sentido, a companhia redesenhou a ocupação da sala de teatro. Em alternativa à convencional separação entre palco e plateia, propõe uma desconstrução do palco que leva os espectadores a circular em espaços que normalmente lhes são interditos. “Interessava-nos construir algo que desse ao público uma experiência imersiva”.

Oásis vive muito da horizontalidade entre intérpretes e público, que começa precisamente no momento em que o espectáculo se inicia. “O público entra pelo jardim e é convidado a atravessar a cena, onde os actores já estão posicionados”, afirma Catarina Lacerda, num ensaio do colectivo, a uma semana da estreia.

Além de sair da sua zona de conforto para se deslocar em sete micro-espaços — “da boca de cena aos corredores, da zona técnica ao backstage” —, o público é chamado a reflectir sobre questões prementes da actualidade, como a violência, o capitalismo ou o burnout. “Há quanto tempo não param? Há quanto tempo não dançam? Por que é que não dançamos agora?”, pergunta-se num discurso que antecede uma cena onde o movimento predomina.

O espectáculo que se concretiza em vários momentos, compostos por música ao vivo, projecções de vídeo e imagens em diferentes dispositivos multimédia e desenhos de luz imersivos, trata, além dos espaços, a mutabilidade dos pensamentos. “É importante percebermos que, a qualquer momento, podemos reposicionar a opinião ou o espaço que achávamos confortável, mas que já não o é”, conclui Catarina Lacerda.

Oásis tem interpretação de Catarina Lacerda, Maria Luís Vilas Boas, Rodrigo Malvar, Rosário Costa, Sara Neves, e pode ser visto também no sábado 30 e domingo 1, às 17.00 e às 21.00. Os bilhetes custam 7,50€.

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